29 de janeiro – Dia Nacional da Visibilidade Trans – Entidades repudiam ataques à campanha da prefeitura

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Da Redação

Campanha de Visibilidade Trans em Curitiba leva as cores da bandeira Trans, branco, azul e rosa. (Foto: Divulgação)

Hoje, 29 de janeiro, comemoramos o dia Dia Nacional da Visibilidade Trans, data que passou a ser lembrada desde 2004, graças a luta de travestis e transsexuais que foram à Brasília pedir mais respeito e igualdade. Foi o primeiro ato nacional organizado pelas próprias trans e desde então, manifestações são feitas em todo o país para marcar a data. Neste ano, por conta da pandemia do novo coronavírus, as atividades estão acontecendo de forma pontual.

Caroline Felisbino da Silva permitiu que a imagem dela fosse veiculada na campanha. (Foto: Divulgação)n

Em Curitiba, a prefeitura lançou uma campanha nas redes sociais para lembrar a data e também investiu na iluminação do Jardim Botânico com as cores rosa, branco e azul, da bandeira trans. Postou várias fotos de pessoas trans, incluíndo a foto de uma criança. Por conta dos comentários preconceituosos de ataque ao tema, foram mantidas apenas as fotos dos adultos. Isso repercutiu entre as entidades de defesa trans. Veja abaixo a nota publicada sobre a postagem.

Todas as pessoas envolvidas na campanha abraçaram a causa para incentivar o respeito garantido por lei. (Foto: Divulgação)

“NOTA OFICIAL DE CONGRATULAÇÃO À PREFEITURA DE CURITIBA E DE PREOCUPAÇÃO COM O APAGAMENTO DE CRIANÇAS TRANS
29 DE JANEIRO DE 2021 – DIA NACIONAL DA VISIBILIDADE TRANS

No dia 27 de janeiro de 2021 a Prefeitura Municipal de Curitiba utilizou suas mídias sociais para comemorar o Dia da Visibilidade Trans – a ser comemorado no dia 29 de janeiro. Sua postagem reuniu fotos de ativistas trans que atuam na cidade, com frases sobre visibilidade trans. Eram quatro adultos trans e, na última foto, Thamirys Nunes e sua filha, falando sobre a existência de crianças trans e a necessidade de respeito e proteção. Além da publicação em questão, a prefeitura iluminou a estufa do Jardim Botânico com as cores da bandeira do orgulho trans, sendo a primeira vez que a referida estufa recebe iluminação especial para celebrar esta data tão importante. No entanto a postagem feita nas redes sociais sofreu graves ataques de cunho transfóbico, tendo inclusive vereadores como entusiastas. Tendo em vista toda a pressão orquestrada, ao final da noite do dia 27, a Prefeitura excluiu a foto de Thamirys e sua filha. Importante salientar que dentre todas as fotos, essa foi a que recebeu ataques preconceituosos, ofensivos e desrespeitosos de forma direta e sem censura. O apagamento da infância e da adolescência transgêneras é uma realidade cruel na nossa sociedade. Esse apagamento, esse fingir que não existimos, leva a um aumento de desinformação e de violências contra uma população extremamente frágil. Contra menores de idade. Contra a infância e a adolescência que todos querem proteger, ora, será que pensam que crianças trans nascem com 18 anos de idade? Ao fingir que não existimos, também não somos pensados na construção das políticas públicas de segurança, saúde, educação. Ao fingir que não existimos, também se finge que a violência que ocorre conosco não existe. Se não há ninguém ali, ninguém foi ofendido, provocado, desrespeitado, espancado. Ninguém tem um nome, ninguém precisa ser visto, ouvido e cuidado. A visibilidade é um dos passos fundamentais para que o olhar da sociedade e do poder público se debrucem a pensar formas de garantir a integridade, a dignidade, a existência de pessoas visíveis. Apagar a foto de Thamirys e sua filha não oferece nenhum tipo de proteção às duas e tampouco à população de crianças e adolescentes trans que existem. Existem sim, independente do silêncio que se tente impor sobre eles. Ao contrário. Essa postura de apagamento é desrespeitosa e pode passar uma mensagem muito perigosa para preconceituosos que usam de vários tipos de violência para invisibilizar e extinguir a população trans. O preconceito sempre se manifesta e sempre ganha força com qualquer migalha de conivência. É mister que lembremos que o Brasil figura nas estatísticas e estudos como o país que mais mata Travestis e transexuais no mundo conforme dados do “Trans Murder Monitoring” (Observatório de Assassinatos trans). De acordo com o referido estudo nossa nação ocupa o topo do ranking dos mais violentos para esta população já pelo 12º ano consecutivo, é definitivamente alarmante tal constatação. A visibilidade trans é uma questão social. Social e política. Das políticas públicas de garantia de direitos. Direitos humanos não têm idade. Nem gênero. Mas têm pressa e necessidade de serem protegidos. Assim como a infância e a adolescência trans. Importante salientar que a atitude da Prefeitura de Curitiba ao iluminar a estufa do jardim botânico, local turístico e de grande importância para a capital paranaense, é digna de reconhecimento e aplausos, porém se faz necessário que se honre o compromisso com a visibilidade das pessoas transgêneras por completo, esclarecendo os reais motivos que levaram à remoção da foto da postagem. Não é o preconceito que deve nos fazer esconder. É a informação e o respeito que devem fazer o preconceito recuar até se dissolver. Parabéns mais uma vez à Prefeitura de Curitiba. Não podemos deixar ninguém para trás.

A nota foi assinada por toda diretoria da Aliança Nacional LGBTI+ e Grupo Dignidade.

Pessoas trans de Curitiba afirmam ter mais dificuldades para conseguir empregos por causa do preconceito. (Foto: Divulgação)

Sobre a Aliança Nacional LGBTI+

A Aliança Nacional LGBTI+ é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, com representação em todas as 27 Unidades da Federação e representações em mais de 200 municípios brasileiros. Possui 47 áreas temáticas e específicas de discussão e atuação. Tem com missão a promoção e defesa dos direitos humanos e da cidadania da comunidade brasileira de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexos (LGBTI+) através de parcerias com pessoas físicas e jurídicas. A Aliança é colaboradora do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+. É pluripartidária e atualmente tem mais de 1300 pessoas físicas afiliadas. Destas, 47% são afiliadas a partidos políticos, com representação de 27 dos 33 partidos atualmente existentes no Brasil.

Rafaelly Wiest é ativista política na luta contra a discriminação de pessoas trans. (Foto: Divulgação)

Sobre o Grupo Dignidade

O Grupo Dignidade é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos. Foi fundado em 1992 em Curitiba, sendo pioneiro no Paraná por ser o primeiro grupo organizado no estado a atuar na área da promoção da cidadania de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, intersexuais (LGBTI+). Tem como missão Atuar na defesa e promoção da livre orientação sexual, identidade e expressão de gênero, bem como dos direitos humanos e da cidadania das pessoas LGBTI+

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2 comentários em “29 de janeiro – Dia Nacional da Visibilidade Trans – Entidades repudiam ataques à campanha da prefeitura”

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