Há 45 anos, Curitiba amanhecia toda branca de neve, com ares de cidade europeia

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no email
Compartilhar no whatsapp

Reinaldo Bessa

45 anos de neve em curitiba
No dia 17 de julho de 1975 os curitibanos viveram um dia que entraria para a história da cidade. (Fotos: Reprodução Redes Sociais)

Há 45 anos, Curitiba amanhecia toda branca de neve, com ares de cidade europeia

Reinaldo Bessa

Nesta sexta-feira (17), faz 45 anos que nevou em Curitiba, levando muita gente às ruas para celebrar, brincar e tirar muitas fotos – sem os inimagináveis celulares – em meio àquele cenário inédito para muitos curitibanos. Foi um dia que ficou congelado na memória dos moradores da cidade, que a cada 17 de julho lembram o fenômeno.

O catarinense Luiz José Tavares, que na época trabalhava como diagramador na Gazeta do Povo, descreve a sensação: “Depois do fechamento do jornal nós sempre íamos tomar uma cerveja. Naquela noite estava muito frio e uma garoa mais forte. Por volta de três horas da manhã, quando cheguei em casa, uma república na Lamenha Lins, a garoa tinha aumentado e estava muito gelado. Como era comum naqueles anos fazer mais frio do que agora, não estranhei. Estava acostumado. Mas o que me pegou de surpresa foi a euforia da proprietária da república, dona Irma, uma austríaca, que me acordou com uma bola de neve por volta das seis horas da manhã. Eu diagramava a primeira página da Gazeta do Povo. Fizemos uma capa com fotos coloridas da neve e uma página gráfica, também com fotos coloridas, uma novidade na época. Outra coisa que marcou foi o dia posterior à neve. Os telhados ficaram congelados com a formação da geada negra. Em algumas regiões, como São José dos Pinhais, a temperatura ficou bem abaixo de zero. Só sei que Curitiba comemorou muito a chegada da neve”.

LEIA TAMBÉM:

A pedagoga e advogada Jacinta Caron tinha 19 anos e diz que aquele dia foi uma das grandes surpresas e magias de Curitiba. “Lindo e inesquecível, só a neve para derreter o gelo do coração curitibano. Todos saíram às ruas, pularam e brincaram, foi um verdadeiro carnaval. Todo mundo ria e conversava com todos, incrivelmente alegres, extrovertidos. Bonecos de neve sobre os carros, a cidade virou festa e feriado, os filmes se esgotaram nas lojas, todos sorriam e trocavam telefones, coisas inéditas aconteceram na alma dos curitibanos. Todo mundo voltou a ser criança. Só vi o povo curitibano livre da reserva assim uma vez na vida: no dia em que nevou em Curitiba”.

Assim como muitos curitibanos, a pedagoga Jacinta Caron saiu às ruas para comemorar o dia que entrou para a história de Curitiba. (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal Jacinta Caron)

Outro que guarda boas lembranças é o empresário curitibano Gláucio José Geara, ex-presidente da Associação Comercial do Paraná. “Naquela manhã de 17 de julho, há 45 anos, acordei por volta das 6 horas para viajar. Quando acionei a torneira do banheiro, não saía água, estranhei. Abri a janela do quarto, ainda na escuridão, e notei o telhado do vizinho todo branco, estranhei sem entender. Quando saí da garagem foi que me deparei com a neve caindo e entendi que os canos de água estavam congelados. Desisti da viagem para comemorar a histórica nevasca em Curitiba”.

Greca e a neve

A pedido do portal, o prefeito Rafael Greca, então com 19 anos, relembrou o dia da neve: “Naquela manhã gélida de 17 de julho de 1975 Curitiba despertou feliz. Em cada coração curitibano, apesar das mãos enregeladas, saltava para fora uma nostalgia, o sangue de todos foi aquecido pela parte europeia do nosso DNA coletivo. Milhares de netos de imigrantes entraram na paisagem dos livros e memórias de seus avós imigrantes, e acreditaram viver mesmo numa Europa transplantada”.

E 45 anos depois cá estamos todos nós vivendo tempos muito diferentes daqueles, com recomendações para ficarmos isolados em casa, olhando o mundo pela janela. Ainda bem que nosso inverno não é mais o mesmo, pois seria difícil segurar as pessoas em casa, principalmente as crianças, se a neve resolvesse dar novamente o ar da graça por aqui. A aglomeração gelada seria inevitável.

Veja Também

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.