A arquiteta e colunista Daniela Barranco fala dos mistérios do Templo de Ísis e do ambiente que inspirou Agatha Christie em “Morte no Nilo”

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A arquiteta e colunista Daniela Barranco conta mais um pouco sobre sua recente viagem ao Egito. Agora, ela desvenda os mistérios do Templo de Ísis, a deusa do amor.

Daniela Barranco

Depois de aproveitar ao máximo as maravilhas da cidade do Cairo, nossa jornada continua neste segundo texto sobre o Egito. Agora, chegou a vez de conhecer o incrível templo de Ísis, com toda sua magia e lendas, como o histórico hotel onde Agatha Christie escreveu “Morte no Nilo”, a experiência de navegar de feluca até o povoado Núbio e da indescritível emoção em conhecer Abu Simbel, que para mim é a maior de todas as joias desse maravilhoso país.

Templo de Philae

Templo de Philae (Fotos: Acervo Pessoal)

Localizado em uma ilha e dedicado à deusa do amor, o Templo de Ísis quase se perdeu nas enchentes quando a represa de Aswan foi construída, na década de 1960. Felizmente, foi resgatado e agora é um dos mais belos e bem preservados santuários do Egito Antigo. O Templo de Ísis estava originalmente localizado na ilha de Philae, que marcava o limite meridional do país.

Foi um dos últimos templos dedicados ao culto de Ísis, que era adorada por trazer seu marido Osiris de volta à vida depois que ele foi assassinado e esquartejado por seu irmão Seth. Iris e Osiris tiveram um filho, Horus, que era uma das mais importantes divindades do Egito Antigo, e a deusa, portanto, ganhou o título de “Mãe de Deus”.

Quando a Barragem de Aswan foi construída, na década de 1960, a Ilha Philae e o templo sobre ela foram quase completamente submersos. Graças aos esforços da Unesco e do governo egípcio, o Templo de Ísis foi cuidadosamente desmontado e reconstruído em um terreno mais alto, em sua localização atual, a ilha Agilkia.

Apesar das inundações e vandalismo dos primeiros cristãos, o Templo de Ísis é um dos santuários mais espetaculares do Egito. As paredes contêm cenas da mitologia egípcia de Ísis trazendo Osiris de volta à vida, dando à luz Horus e mumificando Osiris após sua morte.

Hotel Old Cataract

Sofitel Legend Old Cataract Aswan e Ilha Ferrentina (Fotos: Acervo Pessoal)

Situado às margens do Rio Nilo, em Aswan, o Sofitel Legend Old Cataract Aswan é um oásis que lembra um sonho lendário. Combinando significado histórico com um cenário deslumbrante em toda a Ilha Elefantina e acomodações de luxo incomparáveis, o hotel proporciona uma experiência única e exclusiva.

Entre os primeiros hóspedes a visitar o hotel estava o futuro primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que reservou um quarto enquanto participava da inauguração da Represa de Aswan. Churchill gostou tanto do hotel que voltou continuamente de férias pelo resto de sua vida. Agatha Christie, posteriormente, passou um longo tempo no hotel para escrever seu famoso romance, “Morte no Nilo”. Christie até usou as instalações e o ambiente ao seu redor como inspiração para o cenário do livro. Vale a pena a leitura, fica a dica!

Povoado Núbio

Povoado Núbio (Fotos: Acervo Pessoal)

Atravessando o Nilo a bordo de uma feluca (uma pequena embarcação tradicional à vela), chegamos ao Gharb Soheil, o povoado mais autêntico do Egito. Uma agradável e colorida localidade situada nos arredores de Assuã, que oferece uma viagem no tempo para desfrutar do modo de vida tradicional e dos costumes núbios. Esse povoado se destaca pelas casas caiadas decoradas com coloridas pinturas. Além de poder entrar em uma casa típica, encontramos barracas de suvenires e muitos temperos.

Abu Simbel

Abu Simbel – Templo de Ramsés (Fotos: Acervo Pessoal)

Esculpido na encosta de uma montanha no antigo Vale Núbio do Sul do país, encontra-se o mais imponente dos templos de todo o Egito. Pilares adornados com intrincadas obras de arte sustentam o teto pintado com abutres alados. Hieróglifos do chão ao teto representam as batalhas vitoriosas do Faraó Ramsés II, o mesmo homem responsável pela construção do templo. Do lado de fora, quatro estátuas colossais do faraó estão voltadas para o Leste em direção ao sol nascente, olhando-se para o lago cristalino.

É uma visão incrível, mas que se a História tivesse sido um pouco diferente, não estaria aqui hoje. Em vez disso, este templo estaria sob as águas do lago. O Complexo de Abu Simbel, construído ao longo de 20 anos, no século 13 aC, é um dos mais impressionantes que ainda existem. Ao lado do Grande Templo fica um menor, que homenageia a rainha de Ramsés, Nefertari.

Esculpidos em um penhasco de arenito na margem oeste do Nilo, ao sul de Korosko, os templos eram desconhecidos do mundo exterior até sua redescoberta, em 1813, por um pesquisador suíço.

As figuras sentadas de Ramsés com 20 metros de altura são colocadas contra a face recuada do penhasco, duas de cada lado da entrada do templo principal. Esculpidas em torno de seus pés, estão pequenas figuras representando os filhos de Ramsés, sua rainha, Nefertari, e sua mãe, Muttuy (ou Rainha Ti).

Logo ao norte do templo principal está um menor, dedicado a Nefertari para a adoração da deusa Hathor e adornado com estátuas de 10,5 metros do rei e da rainha. O alinhamento solar sobre o grande templo é um dos fenômenos do Egito Antigo. Os raios do sol penetram nele e iluminam as três estátuas de Ramsés II e Amon duas vezes por ano; uma em 22 de fevereiro, celebrando a temporada de agricultura e cultivo, e a segunda em 22 de outubro, comemorando a temporada de inundações. Ambas as datas também refletem a data de nascimento de Ramsés II e de sua coroação. A localização das quatro estátuas foi escolhida para que mantivesse na sombra apenas a imagem de Ptah, o deus das trevas.

Dentre todas estas maravilhas, Abu Simbel foi a que me deixou extasiada com sua grandiosidade e tamanha perfeição. Tudo executado em uma época que não existiam máquinas nem computadores, apenas a genialidade e o talento do povo egípcio. Aqui senti minha pequenez frente a tamanha maravilha. Para encerrar nossa temporada pelo Egito, no terceiro e último texto falarei dos incríveis templos de Luxor, Karnak e do misterioso Vale dos Reis.

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