A importância da arte na decoração é o tema da coluna do arquiteto Ivan Wodzinksy

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O arquiteto Ivan Wodzinksy aborda o papel da arte em um projeto de decoração em sua primeira coluna de 2022.  

Ivan Wodzinksy

Falando em arte, me lembro do início da minha carreira quando, ao apresentar uma estimativa de orçamento para a execução de um suposto projeto a ser contratado (interiores e decoração), para minha surpresa a cliente comentou que a decoração seria mais cara que o imóvel. Na falta de perspicácia, respondi prontamente: “Mas se a senhora pendurar um quadro do Picasso sobre a lareira, esse quadro valerá mais que o prédio inteiro”. Não estava errado, né? Até mesmo porque o projeto seria em um prédio simples e com certeza valendo bem menos que um quadro do Picasso. Não fui muito feliz nessa fala, mas comecei a observar o valor entre arte e o lugar que a comporta. Antes de prosseguir, gostaria de fazer um comentário sucinto: Quadro é uma coisa, arte é outra.

Quando se coleciona arte, a ambientação vai se ajustando, se flexibilizando com o tempo, com o lugar e com os elementos agregados a essa coleção. (Fotos: Divulgação/Ivan Wodzinsky)

Um bom projeto de interiores só fica completo com boas obras de arte. Não tenho dúvidas disso. Obras de arte falam da personalidade dos moradores, do seu gosto peculiar de preencher espaços ociosos com belos quadros. Falo de quadros porque é desse modo que assimilamos mais facilmente a arte. Claro, temos outras formas de arte, como esculturas, cerâmicas, etc. Ambientação é importante para não desmerecer as obras de arte. Quando a arte é colocada no lugar certo, a valorizamos. Ela entra em harmonia com o ambiente, inclusive com outras obras existentes, causando, assim, efeito de muita elegância e sofisticação. Essa harmonia nos envolve emocionalmente, deixando-nos felizes e satisfeitos. E nós mesmos, como pessoas, nos sentimos valorizados.

Mas boa ambientação não é o mesmo que combinar arte com o ambiente, com a mobília, com a cor das paredes, etc. Arte é arte. Arte boa, seja qual a forma de se apresentar, quando ela é boa serve em qualquer lugar. Ou seja, um quadro moderno pode ficar muito bem em uma casa clássica e um quadro em estilo clássico (pode ser um quadro antigo) pode casar com ambientes modernos e arrojados. Eu, por exemplo, adoro fazer essa mistura. Por isso insisto em falar da ambientação correta. Mas quando se coleciona arte, essa ambientação vai se ajustando, se flexibilizando com o tempo, com o lugar e com os elementos agregados a essa coleção. Vamos arrumando. Vamos ambientando. E, diga-se de passagem, arte cabe em qualquer lugar. Em uma casa, o living e o jantar não são os únicos espaços merecedores de receber e expor arte. Nos nossos projetos costumamos usar arte nos banheiros, corredores, cozinhas e até mesmo na garagem e inclusive na piscina; em todos os locais da casa.

Olhar uma obra de arte alivia nosso espírito, é um colírio para nossos olhos. (Fotos: Divulgação/Ivan Wodzinsky)

Repito, olhar uma obra de arte alivia nosso espírito, é um colírio para nossos olhos. Daí ter gente que só gosta de arte moderna, outros de quadros e objetos antigos. Outros gostam de tudo misturado, como eu por exemplo. É uma questão de gosto e personalidade. Tenho clientes que são colecionadores, acho chique quando uma pessoa é colecionadora de arte. Colecionar vai além de você somente construir, decorar e habitar. Com as obras você leva a cultura mais refinada para dentro de casa. Em um projeto nosso aqui do escritório, dificilmente falta esse quesito. Até mesmo porque quem me conhece sabe o quanto sou apreciador de arte e o quanto a valorizo. Portanto, não sou marchand, nem crítico de arte, não sou estudioso do assunto, apenas gosto muito de arte. E sei quando estou diante de uma boa obra.

Morar e viver bem é uma arte, e às vezes é questão de arte. (Fotos: Divulgação/Ivan Wodzinsky)

Como arquiteto, ouso fazer curadoria para os projetos. Agora, como escolher e o que vai para as paredes da sua casa? Como colecionar? Geralmente a gente escolhe com o coração, através dos olhos. Ou a gente gosta do que vê ou a gente não gosta. Na decisão dessa escolha a arte precisa bater com nossa alma primeiramente. O bolso decide depois. E aí tem aquela questão: Não é porque o quadro é valioso, de artista famoso, que você precisa gostar. Ou ainda não é porque o arquiteto gosta da obra para sua sala que você também precisa gostar. Situação um tanto complicada essa. Às vezes constrangedora. Às vezes uma verdadeira saia-justa.

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Falando em saia-justa, você não vai a uma festa usando uma roupa na qual não se sente bem e pouco confortável porque está na moda, não é? Assim é a arte para nossos olhos e para as nossas escolhas; a gente tem que gostar para levar para casa. Tendo dúvidas, o que é normal, nesse caso é interessante você aprender a gostar de coisas boas, porque nem sempre um quadro é arte. Para isso, procure fazer uma curadoria. Você pode procurar uma boa galeria de arte ou alguém que fale com mais autoridade sobre esse assunto para lhe auxiliar sobre essas escolhas. É desse modo que você pode iniciar uma bela coleção. Ser colecionador nos dias de hoje é um bom investimento financeiro. É o que muitos pretensos colecionadores estão fazendo, inclusive o pessoal jovem. E assim você forma um acervo, o qual você deixará de herança para seus filhos. Lembre-se: Morar e viver bem é uma arte, e às vezes é questão de arte.

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