Da Redação
A comunidade ucraniana no Brasil manifestou repúdio aos ataques da Rússia à Ucrânia ocorridos nesta quarta-feira (23). O presidente da Representação Central Ucraniano Brasileira, Vitorio Sorotiuk, que reside em Curitiba, disse que o ataque russo à Ucrânia atinge toda a humanidade. “Esta não é uma agressão somente ao povo ucraniano, ela atinge os fundamentos da Carta das Nações Unidas que é a busca da paz e da não agressão, da convivência pacífica dos povos e a solução pacífica dos conflitos”, disse.
Sorotiuk destaca que, além de militar, esta é uma agressão política e cultural. “Politicamente busca negar a existência do próprio estado nação ucraniano e culturalmente é a negação de nossa língua, religiosidade, tradições e modo de ser”, afirmou. Como atos de solidariedade, os Grupos Folclóricos Poltava e Barvinok irão se reunir no Memorial Ucraniano nesta sexta-feira (25), a partir das 18h. A Representação Central Ucraniano Brasileira também está chamando toda a comunidade ucraniana para reunir-se nas igrejas no domingo (27) e na quarta-feira (02).
Os ataques à Ucrânia desta quarta-feira (23) resultam dos conflitos de interesses entre Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e Rússia. A Ucrânia quer fazer parte da Otan e a Rússia se sente ameaçada militarmente devido à fronteira com o país. A Rússia alega que havia promessa dos Estados Unidos de não avançar com a organização militar para o Oriente, questão que nunca foi oficializada.
Dentro da própria Ucrânia há grupos separatistas que são pró-Rússia e todos os apelos da Otan para que o presidente russo Vladimir Putin retrocedesse, bem como os da Rússia para que a Otan cessasse sua expansão na região, falharam, culminando com os ataques desta quarta-feira.
O Grupo Folclórico Poltava, em Curitiba, também divulgou o manifesto “A Ucrânia merece respeito”, no Facebook, onde a comunidade reforça que “lutará até o fim pelos antepassados, amigos e familiares que vieram para o Brasil ou ainda vivem na Ucrânia”.
Membros dos departamentos do grupo realizaram ato no domingo (20) em Curitiba que resultou em um vídeo da canção Боже Великий Єдиний (Deus grandioso e único), que reforça a solidariedade sobre a questão da integridade territorial ucraniana.
Comunidade ucraniana no Paraná
O Paraná é o estado brasileiro que mais concentra ucranianos no país, com 81% dos descendentes residindo no estado. A cidade de Prudentópolis, que fica a cerca de 200 quilômetros de Curitiba, é a que mais tem imigrantes, sendo 75% dos habitantes de origem ucraniana.
LEIA TAMBÉM:
- Baixo índice de vacinação de crianças no Paraná leva sociedade de pediatria a lançar campanha “Vacina sim, vírus não”
- Curitiba ganha mini shopping com conceito inspirado em arquitetura nova-iorquina
Um dos dois primeiros grupos que chegaram ao Brasil, em 1891, desembarcou no Rio de Janeiro e logo se instalou na Colônia Rio Claro, no município de Marechal Mallet, no Sul do Paraná. Um dos maiores expoentes da comunidade ucraniana no estado é a poeta Helena Kolody, que nasceu na cidade de Cruz Machado em 1912 e morreu em 2004 em Curitiba.
A maior parte da imigração ucraniana teve origem na crise agrária, a falta de terra para o plantio e a necessidade de buscar melhores condições de vida para as famílias. Ao chegar ao Brasil, o destino dos imigrantes foi o Paraná e Santa Catarina.
Hoje, o Paraná conta com dezenas de sociedades culturais e mais de 30 grupos folclóricos, escolas e grupos de artesãos. Só a estrutura da Igreja Greco Católica Ucraniana é composta por 27 paróquias, aproximadamente 240 igrejas. A Igreja Ortodoxa Ucraniana no Brasil tem outras 18 igrejas.
Siga-nos no Instagram para ficar sempre por dentro das notícias: