Curitiba ganha Movimento Contra a Perturbação do Sossego; objetivo é incentivar mudanças de comportamento

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Da Redação

Reunião do Movimento Contra a Perturbação do Sossego com a Procuradoria-Geral de Justiça – Ministério Público do Paraná (Foto: Divulgação) 

Curitiba ganha a partir desta quarta-feira (27), o Movimento Contra a Perturbação do Sossego. A iniciativa congrega lideranças comunitárias, entre as quais membros de Conselhos Comunitários de Segurança, empresários de diversos setores, trabalhadores, moradores, profissionais liberais, de saúde e segurança pública de vários bairros. A data foi escolhida por ser o Dia Internacional da Conscientização sobre o Ruído (International Noise Awareness Day), instituído em 1996 pelo Centro de Audiência e Comunicação de Nova York (Center for Hearing and Communications).

O grupo denominado “Movimento Contra a Perturbação do Sossego” foi criado na rede social Facebook para que vítimas e apoiadores compartilhem as situações que vivenciam, sugestões de melhoria e experiências bem sucedidas. Nesse espaço os participantes podem postar conteúdos e imagens dos locais das ocorrências para que as autoridades competentes percebam a dimensão do problema, as regiões mais afetadas, a população prejudicada e a urgência na tomada de providências.

Os organizadores veem a necessidade de alertar a sociedade e os poderes públicos para a gravidade, a dimensão e as consequências da perturbação do sossego. Trata-se da causa mais frequente dos pedidos de socorro dirigidos ao Centro de Operações Policiais Militares (190), chegando ao quádruplo da segunda razão para acionamento do serviço de emergência. Exige a alocação de grande quantidade de recursos humanos e materiais da Polícia Militar, prejudicando a repressão e a prevenção de outras infrações penais. “Milhares de cidadãos queixam-se por não conseguirem usufruir de momentos de lazer, descanso e sono em suas residências”, afirma Paulo Goldbaum, presidente do Conseg Água Verde.

O sofrimento causado pela privação do sono e do descanso acarreta graves prejuízos à saúde física e mental, conforme atestam estudos da Organização Mundial da Saúde. Entre os efeitos constatados estão insônia, irritabilidade, instabilidade emocional, sonolência, ansiedade, depressão, fadiga crônica, desconcentração, aumento do nível de cortisol (hormônio do estresse) e do colesterol no sangue, redução da imunidade e distúrbios cardiovasculares. Além da perda da qualidade de vida, a vítima pode apresentar queda na produtividade e ver afetada a sua convivência familiar e social. “Por esses motivos, o movimento pela redução do ruído é uma tendência mundial”, observa a ativista do silêncio, psicóloga e psicoterapeuta corporal, Silvia Wya Poty. Ela cita exemplos de supermercados, academias de ginástica e restaurantes que estabelecem alguns horários sem barulho, bem como vagões de trens exclusivos para quem prefere o silêncio.

Onda crescente

Segundo o coordenador da AIFU – Ação Integrada de Fiscalização Urbana, Capitão Ronaldo Goulart, a perturbação de sossego é o maior problema de segurança pública em Curitiba. “É um verdadeiro tormento para a comunidade”, afirma, referindo-se à onda crescente de aglomerações nos espaços públicos, especialmente nas noites dos finais de semana. “É necessário que todos nós procuremos nos colocar no lugar do outro, que está no seu local de descanso sendo violentado por essa baderna, pois quando a liberdade de um afeta o direito do outro, configura-se um quadro de tirania e opressão no qual o infrator decide o que o outro vai ouvir, se vai dormir ou não”, complementa.

Os prejuízos materiais e morais sofridos pelas vítimas são considerados irreparáveis e de difícil mensuração. “Ao buscarem a intervenção das autoridades por meio dos serviços 190, 156, 153 e 181, as pessoas sentem-se desamparadas, frustradas e desesperadas com a falta de resultados, pois mesmo quando advertidos pela Polícia, os infratores repetem a conduta antissocial momentos depois, nos dias e nas semanas seguintes”, desabafa Vanessa Coutinho Silveira, moradora da CIC.

Premissas equivocadas

A violência sonora fere tanto o bem-estar individual quanto o direito da coletividade. “Embora o ordenamento jurídico assegure a todos os cidadãos o direito à ordem pública, ao sossego, ao descanso e à saúde, invariavelmente a delinquência fica impune”, observa a comerciante Wilma Kurth-Heussinger, coordenadora do Grupo Centro Seguro. Ela realça a necessidade de enfrentar premissas equivocadas segundo as quais a perturbação do sossego é uma ocorrência menos importante de consequências irrelevantes e poucos ofendidos cujas reclamações decorrem de intolerância: “Liberdade não significa fazer o que quer nas ruas, infringindo as leis e prejudicando outras pessoas”, reforça.

É comum a constatação de outros ilícitos penais e administrativos associados à perturbação do sossego, entre os quais desvio de finalidade dos alvarás, exposição de menores em desacordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, vias de fato, crimes sexuais, uso de entorpecentes, poluição sonora por operação de caixas de som portáteis ou em veículos, delitos de trânsito, acúmulo de lixo e vandalismo. Para a comandante da 1ª Companhia do 12º Batalhão da Polícia Militar, Capitã Carolina Ferraz Zancan, “o respeito, a liberdade e a segurança ficam comprometidos quando ocorre consumo de bebida alcoólica de maneira irresponsável nos espaços públicos e as leis atuais não são eficientes porque não atingem o problema na sua essência”.

Propostas

Além de congregar as vítimas, o Movimento Contra a Perturbação do Sossego pretende buscar alternativas para reduzir a incidência do problema e seus efeitos tanto na segurança pública quanto na saúde e no meio ambiente. “Defendemos ações mais efetivas no tratamento das ocorrências para incentivar mudanças no comportamento social e o aperfeiçoamento da legislação relacionada ao tema, a exemplo das experiências bem sucedidas com a aprovação da Lei Antifumo e da Lei Seca”, afirma a presidente do Conseg Centro Cívico, Valéria Prochmann. Nesse sentido, o Movimento realizou reuniões com diversos interlocutores, entre os quais a Câmara Municipal, a Coordenação Estadual dos Consegs, o Comando-Geral da Polícia Militar, a Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito, a Procuradoria-Geral de Justiça e o Tribunal de Justiça.

Entre as propostas em debate estão as seguintes:

. maior rigor na aplicação das normas vigentes aos infratores;

. lei municipal para regulamentar o consumo de bebidas alcoólicas nas ruas, calçadas e praças;

. lei estadual para viabilizar o exercício do poder de polícia administrativa da Polícia Militar para aplicação de multas;

. plano de redução do ruído urbano e da poluição sonora;

. regulamentação do funcionamento das distribuidoras de bebidas;

. placas orientativas instaladas em logradouros públicos;

. ações educativas que resgatem valores como respeito, alteridade e empatia.

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5 comentários em “Curitiba ganha Movimento Contra a Perturbação do Sossego; objetivo é incentivar mudanças de comportamento”

  1. Avatar
    Sonia Cabral Merlin

    E os barzinhos com som ao vivo, têm autorizaçã para funcionarem? É preciso instaurar a obrigatoriedade de equipamentos que impeçam a propagação do som, pois moradores antigos em um bairro são surpreendidos com a instalação de um comércio desses e não mais conseguem dormir. A PM ao ser chamada, apenas pede ao barzinho que modere o som; eles abaixam momentaneamente e logo tudo volta ao alto som, 6 dias por semana. Obviamente que para a saúde física e mental da comunidade, isso não pode persistir sem uma atitude definitiva.

  2. Avatar

    No tocante à poluição sonora e perturbação do sossego advindos de ‘carros de propaganda’, temos a Lei Municipal 10.625 que diz :
    Art. 10 ° -Fica proibido a utilização de equipamentos sonoros, fixos ou móveis, para fins de propaganda e publicidade em logradouro público.
    Também específica o órgão que fica responsável por fiscalizar:
    Art. 27° -Compete à secretaria do meio ambiente promover ações de combate à poluição sonora.
    O que falta srs, é o devido cumprimento legal!

  3. Avatar

    Barulho de barracão está deixando a vizinhança doente. No Xaxim na rua Moacir Potier no final. É uma construção sem placa escondida. Era uma casa que foi queimada e foi construido esse barracão. É terceirizado. Muita pessoas estranhas aparecem nesse serviço. Já houve caso de contaminação, e o barracão não fechou. Aqui é zona residencial.

  4. Avatar

    Moro no mesmo endereço a muitos anos, e não temos mais paz na nossa rua. Existe alguns barracões comercial na rua, e todos com atividade comerciais, porém virou um inferno depois que 2 oficinas se instalaram no local. Os outros barracões tem atividades comerciais, Porém não incomodam. Quando começa a amanhecer já vem a angústia da chegada deles. Barulho de carro acelerado o tempo todo! As vezes vão até a noite e algumas vezes durante o fim de semana ou feriado. Estamos em pânico. Nesse momento que estou escrevendo são 4:00 hrs. da madrugada, e estou acordado porque vieram até o barracão com um carro barulhento, fizeram algo e foram embora. NÃO TEMOS MAIS PAZ! SE TIVEREM COMO AJUDAR, POR FAVOR NOS AJUDEM! NÃO DA PRA AGUENTAR MAIS!!! ?

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