Da Redação
O curta documental Deus me Livre foi selecionado para a competição do 19º Big Sky Documentary Film Festival, festival de documentários promovido anualmente em Missoula, nos Estados Unidos, que começa nesta sexta-feira (18).
Deus me Livre irá estrear no Big Sky Film Festival na segunda-feira (21), junto com três outros curtas, um australiano e dois iranianos, também em competição. O documentário paranaense compete com outros 11 filmes na categoria Curtas, selecionados dentre mais de 2 mil inscrições de 24 países. Os filmes premiados pelo festival serão anunciados apenas no dia 24 de fevereiro (quinta-feira). Se vencer na sua categoria, o curta se qualifica para concorrer ao Oscar no ano que vem.
Dirigido por Carlos Henrique de Oliveira, jornalista e documentarista paranaense que vive em Curitiba, e pelo espanhol Luis Ansorena Hervés, o filme foi feito majoritariamente por uma equipe curitibana e finalizado por meio de edital da Fundação Cultural de Curitiba, com recursos da Lei Aldir Blanc.
Filmado em junho de 2020, um dos picos da pandemia de Covid-19 no Brasil, o curta-metragem acompanha Adenilson e Zeca, dois sepultadores do cemitério de Vila Formosa, em São Paulo, o maior da América Latina e o que mais enterrava vítimas de coronavírus no país.
Nessa situação limite, a dupla irá se apegar a suas respectivas crenças religiosas: Adenilson na Igreja Adventista, e Zeca na Umbanda. Assim, com visões bastante diferentes, os sepultadores refletem sobre os significados da morte, enquanto, apesar de tudo, não parecem perder o humor.
O diretor Carlos Henrique conta que foram três dias filmando no cemitério, e que o medo de ser infectado era inevitável, mesmo respeitando todas as regras sanitárias.
O objetivo, revela, era buscar representar a natureza humana nesse cenário e situação de sofrimento, exatamente buscando aquele que seria o pior lugar para se estar naquele período. Porém, uma das preocupações do diretor era buscar a honestidade em suas imagens. “Filmar a morte é difícil, e mostrar a dor das pessoas sem sensacionalismo é um desafio também”, diz.
Assim, o documentário foi feito sem entrevistas ou narrações, permitindo que as imagens e personagens pudessem falar por si mesmos, e ainda assim comunicassem a principal mensagem do filme. “Mostrar como a fé é capaz de secar lágrimas, mas é a ciência que as evita de cair”, diz o diretor.
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Rodando o mundo
Desde que teve sua estreia em novembro, no Curta Cinema – Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro, o filme tem viajado o país, passando por mostras e festivais. Em dezembro de 2021, foi o único filme paranaense selecionado para o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, e em janeiro foi exibido na Mostra de Cinema de Tiradentes. Em março o curta irá para a França, para o 34º Festival de Cinema Latino-americano de Toulouse.
Com o documentário indo para além das fronteiras do Brasil, o diretor destaca o papel do curta como um registro da memória e das dificuldades pelas quais os brasileiros passaram. “É uma oportunidade para levar nossa história a distintas audiências do mundo”.
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