Monique Benoski
O Festival Folclórico de Etnias do Paraná é um evento que já faz parte do calendário anual de Curitiba há quase 60 anos, acontecendo sempre na primeira quinzena de julho e reunindo grupos de diversas etnias no palco do Teatro Guaíra. De ucranianos a japoneses, as duas semanas que integram o festival reúnem cerca de 16 mil espectadores anualmente. Esse ano, porém, o cenário é um pouco diferente. Por causa da pandemia do novo coronavírus, os quase mil artistas que já tinham as datas de seus grupos confirmadas para 2020 desde fevereiro, ficaram sem saber o rumo que o festival tomaria.
A ideia inicial da Presidente da Associação Interétnica do Paraná (Aintepar), Blanca Hernando Barco, era remarcar o festival para datas esparsas de novembro e talvez dezembro, conforme disponibilidade do Guaíra. E de acordo com o presidente do Grupo Folclórico Ucraniano Poltava, Carlos Valdir Henze Junior, o teatro estava se mostrando bastante interessado em manter o festival e procurou a Aintepar para falar sobre o assunto, porém, sinalizou que não conseguiriam manter um grande bloco de datas, “o que nem chegaria a ser um problema crítico, a meu ver”, completou Henze.
No entanto, na última reunião promovida pela Associação com os presidentes dos grupos folclóricos, a maioria apresentou uma série de questões em assumir datas com o Guaíra em um cenário de indefinição de quando os grupos poderiam retornar com segurança aos ensaios e também como seria o risco desta apresentação. Alguns grupos só voltarão a qualquer atividade quando uma vacina eficaz já estiver disponível à população. Outro fator seria a possibilidade de sequer serem liberados teatros e cinemas este ano.
Da parte do Poltava, Henze também expôs a preocupação com, por exemplo, reunir 28 senhoras do departamento de dança Sênior, mais de 120 crianças da Escola Poltava e mais centenas de adultos, pontuando que não voltarão aos ensaios automaticamente atrelados ao retorno de escolas e atividades comerciais, mas sim ao entendimento amadurecido pela diretoria própria do Poltava de que o retorno é realmente indicado, seja em blocos ou na íntegra.
Festival suspenso
Sendo assim, a posição atual da Aintepar e que foi comunicada ao Guaíra na semana passada é a de festival suspenso, com forte possibilidade de não ocorrer neste ano, pois, como corretamente colocado na reunião, esta pandemia fará desse 2020 para sempre lembrado como atípico e um “pulo” nesta edição do festival será algo coerente com todo o cenário e não um problema em si.
Henze completou relatando que não pretende reunir 300 e tantas pessoas nos bastidores de um teatro se isso for colocar vidas em risco. “Acredito que o que pode acontecer é um Natal das Etnias no final do ano, com um número menor de pessoas e departamentos. Mas hoje eu acho inviável uma apresentação de grande porte e que envolva tantas pessoas e necessite de tantos ensaios preparatórios”, finalizou.
Uma nova posição, definitiva, ficou para ser marcada para agosto, aí já correndo o risco de sequer datas disponíveis o Teatro Guaíra ter.