Da Redação
As medidas anunciadas pela Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba no início da noite de sábado (13), revogando a flexibilização do funcionamento de alguns setores do comércio e de serviços da cidade, causaram protestos dos proprietários de academias. A Associação dos Centros de Atividades Físicas (Acaf Brasil), entidade que representa o setor, com sede em Curitiba, divulgou neste domingo (14) uma nota de repúdio às medidas anunciadas pela administração municipal. Já a Associação Comercial do Paraná manifestou apoio às medidas (veja a íntegra das notas no final). Anteriormente a ACP havia entrado em rota de colisão com a prefeitura pela reabertura do comércio.
O protesto realizado por donos de academias em frente ao prédio do prefeito Rafael Greca, na Rua Coronel Dulcídio, no Batel, assim que as medidas foram anunciadas, tinham por objetivo, literalmente, tirar o sono do prefeito. E parece ter surtido efeito. “A noite foi tensa”, segundo uma pessoa próxima a Greca. Vídeos com imagens do buzinaço gravados por vizinhos do prefeito correram nas redes socias.
NOTA DA ACAF BRASIL
“NOTA DE REPÚDIO
Informamos que no dia 13/06/20 através do DECRETO nº 774/2020 a Prefeitura Municipal de Curitiba, o Sr. Prefeito Rafael Greca juntamente com a Sra. Secretária municipal de saúde Marcia Huçulak, decretam o fim do setor de Academias, escolas de Natação, centros de atividades esportivas, boxes de Crossfit, estúdios de pilates. Colocaram fim em mais de 1.000 empresas que geram mais de 30.000 empregos diretos e destruíram a vida de educadores físicos, personal trainers, nutricionistas, fisioterapeutas, recepcionistas, vendedores, auxiliares de serviços gerais e empresários que perderão seus empregos.
Ficamos mais de 70 dias fechados e com apenas uma semana de funcionamento estamos sendo obrigados a fechar novamente, não teremos mais como manter empregos e demais despesas, será o fim de um setor considerado essencial pelo governo Federal através do DECRETO Nº 10.344, DE 11 DE MAIO DE 2020.
Reafirmamos que a postura da Prefeitura Municipal de Curitiba desde o início da pandemia foi incoerente e ignorantemente preconceituosa com este entre outros setores, pois nunca assumiram publicamente que determinaram nosso fechamento, mas aquelas que decidiram abrir, foram autuadas. Só reabrimos após um mandado de segurança que nos deu amparo jurídico.
Realizamos várias alterações em nossas instalações, investimos em equipamentos, sinalizações, material de limpeza e desinfestação, além de muito treinamento para esse novo modelo, o que gerou entre outras coisas muito investimento financeiro em um momento de séria crise, para depois de 1 semana sermos obrigados a fechar?
Aplicamos um protocolo de segurança com mais de 30 itens que nos credencia como o segmento com o maior número de ações de prevenção contra o Covid-19, foram incontáveis vezes nessa retomada de apenas uma semana que fomos fiscalizados pela vigilância sanitária e acabamos sempre elogiados pela excelência em ações preventivas nos avaliando como referência para a cidade. Nesse período NÃO tivemos nenhum caso de aluno ou funcionário que relatou estar contaminado.
A situação fica mais grave ainda quando no dia 08/06 (apenas 7 dias após a reabertura das academias) a Prefeitura Municipal de Curitiba lança um documento chamado Protocolo de Responsabilidade Sanitária, onde categoriza por cores a gravidade da cidade no tocante à contaminação e coloca Shoppings e Galerias no mesmo status das academias, ou seja, chegando na zona Laranja ambos fechariam, curiosamente ao lançar o decreto hoje foram no mínimo benevolentes com Shoppings e Galerias, ao ser questionada a respeito em uma coletiva, a secretária Márcia Huçulak disse que os shoppings e galerias cumpriram as regras de segurança e que foram identificados outros lugares que causam aglomerações. O que é uma explicação que estarrece visto que viola liberdades inconstitucionais, pois dissimuladamente e às custas dos que produzem frustra o direito de ir e vir sob pretexto alarmista de conscientização e sem fundamento estatístico suficiente. E reforça o descaso e preconceito que estamos sofrendo, pois nem de perto shoppings e galerias têm a quantidade de protocolos de segurança que as academias têm, muito menos a questão de aglomeração de pessoas, estamos seguindo à risca os 9m2 por pessoa, distanciamento de equipamentos, agendamento de horários, tudo de acordo com os protocolos determinados pela prefeitura, somos tão rígidos que estamos fazendo além do que determinado pela prefeitura, inclusive com verificação de temperatura corporal.
Nessa retomada de uma semana estamos operando com 30% de nossa capacidade, todos os alunos e funcionários usando máscara, enfim, com muita responsabilidade que o momento exige de todos. Fomentamos a saúde e a qualidade física e mental das pessoas, como ficarão as pessoas com comorbidades? Os diabéticos, as pessoas com pressão alta, problemas cardíacos, problemas respiratórios, os depressivos? Estas pessoas estarão sendo privadas de cuidar da sua saúde em um ambiente responsavelmente cuidado, controlado, com profissional habilitado e com todas as normativas de segurança? Que tipo de ação preventiva é essa? Qual é a lógica? Quando a Prefeitura de Curitiba vai parar de caçar culpados e fazer seu trabalho que consiste em testagem em massa e controle epidemiológico eficiente?
Queremos e devemos ser um grande parceiro do Município para aumentar a imunidade das pessoas, para cuidar da saúde física e mental das pessoas, não podemos ser responsabilizados pelo aumento da curva de contágio, pois como já citamos temos os melhores e mais rígidos protocolos de segurança e estamos a apenas 1 semana de funcionamento. Entendemos que qualquer estabelecimento que não siga as regras de segurança fundamentais nesse momento devem sofrer rígidas consequências, seja ele qual for. Convocamos toda a sociedade, nossos funcionários e familiares, nossos alunos, até mesmo as pessoas que nunca frequentaram uma academia que nos ajudem, de forma responsável, respeitando todos os protocolos de segurança (são mais de 30) a continuarmos a cuidar da saúde das pessoas, marque em suas redes sociais #academiassaoseguras #exercioésaude #nãoaodecreto10344 #curitibacontraocoronavirus
Nas próximas horas estaremos decidindo quais medidas judiciais serão tomadas e o que o setor fará diante de tão descabida situação.
Acaf Brasil”
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NOTA Associação Comercial do Paraná
“A Associação Comercial do Paraná apoia as medidas anunciadas, neste sábado, pela Prefeitura Municipal de Curitiba com a adoção da bandeira laranja para conter a expansão de casos de Covid-19. Desde que se antecipou às medidas oficiais e recomendou o fechamento do comércio na segunda quinzena de março e após os ajustes para reabertura em abril, a ACP tem procurado preservar as atividades econômicas, mas sempre respeitando rigorosamente as normas sanitárias para preservar a saúde pública. As novas medidas certamente reduzirão as aglomerações, reduzindo também, com o escalonamento de horários, a lotação de ônibus e terminais de transporte, que tem sido a grande preocupação da entidade. O canal de comunicação criado pela ACP, através de whatsapp e e-mail, para que a população informe sobre estabelecimentos que ficarem abertos fora do horário estabelecido, poderá ser de grande valia para a prefeitura em suas ações de fiscalização. A ACP entende que neste momento é fundamental a colaboração de todos para que se evite a bandeira vermelha e o consequente lockdown.
CAMILO TURMINA
Presidente da Associação Comercial do Paraná
Curitiba, 13 de junho de 2020.