Da Redação
A implantação de agroflorestas urbanas para produção de alimentos, associada a projetos de meliponicultura com abelhas sem ferrão, é a metodologia eleita pelo Instituto Raiz Nova para levar educação ambiental às escolas públicas e instituições de todo o Brasil. A organização social iniciou oficialmente as atividades nesta semana a partir da sede em Curitiba, com agenda de alcance nacional. O lançamento traz resultados práticos obtidos no projeto piloto desenvolvido no Colégio Estadual Eusébio da Mota, onde 1,2 mil alunos e cerca de 3 mil famílias do bairro Boqueirão estão sendo impactadas. A programação inclui ações ambientais, educação financeira e capacitação em empreendedorismo, com oficinas de arte reciclada e moda sustentável.
As atividades estão interligadas e incluem ações ambientais, educação financeira e capacitação em empreendedorismo, com oficinas de arte reciclada e moda sustentável. (Foto: Divulgação)
O Instituto Raiz Nova foi criado pelas empresárias Cinira Amaral Ferraz e Patrícia de Marotta, ambas com foco em empreendedorismo social e com um olhar agudo para a insegurança alimentar e a degradação ambiental. A organização não governamental nasce ambiciosa e na companhia de grandes organizações de impacto comunitário, como o Instituto As Valquírias – com quem já está em andamento um projeto de agrofloresta em São José do Rio Preto (SP) -, e de instituições privadas como o Banco Senff.
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O impulso para buscar a meta de dez projetos instalados neste ano em escolas vem da empresa que assumiu 100% dos custos do instituto. O Banco Senff é o braço financeiro para o varejo do grupo nascido de uma pequena padaria fundada em 1892. A partir de 1977, a empresa – que também é de Curitiba e tem atuação nacional – tornou-se a rede de supermercados Parati e em 2000 abriu sua própria administradora de cartões próprios para o varejo. Em 2010 o grupo fundou a Financeira Senff S/A, e desde o fim do ano passado opera como banco múltiplo.
A parceria com o Instituto Raiz Nova materializa a adoção da agenda ESG (sigla em inglês para as melhores práticas ambientais, sociais e de governança de um negócio) pelo Grupo Senff. “Estamos investindo no futuro, com uma pauta de ações de forte impacto social e ambiental, olhando não apenas para nossos colaboradores, clientes e fornecedores, mas sobretudo para a sociedade que nos dá a oportunidade de crescer como empresa”, diz o presidente Leopoldo Senff, que também pretende envolver os 800 colaboradores em iniciativas voluntárias de apoio ao Instituto Raiz Nova.
Alinhado com esse propósito, o Banco Senff já investe em várias frentes, como a eliminação do uso do papel – a digitalização dos processos evita a impressão mensal de 500 mil faturas de cartão de crédito – a educação financeira e cidadã dos clientes e a criação de linhas de crédito especiais para o varejo brasileiro enfrentar questões como as de gestão de resíduos e geração sustentável de energia.
O Instituto Raiz Nova conta também com apoiadores como o Instituto Renault, que doou pneus para o parquinho ecológico de recreação do projeto piloto, e os Grupos de Educadores Google Brasil e Curitiba. As próprias comunidades atendidas são parceiras de primeira ordem. “O envolvimento das crianças, dos professores e das famílias é fundamental para que os alimentos continuem sendo cultivados e que as colmeias sobrevivam”, observa a fundadora e CEO do instituto Cinira Ferraz, ao elogiar a paixão da diretora do Colégio Eusébio da Motta, Olinda Pinheiro, ao abraçar o projeto.
Na escola de ensino fundamental e médio, a agrofloresta e a criação de abelhas crioulas sem ferrão foi implantada em 340 metros quadrados, com a ajuda de técnicos e agricultores voluntários. Mas a vice-presidente Patrícia de Marotta explica que o projeto pode ser adaptado para qualquer tamanho de terreno disponível.
Além de produzir alimentos e mel e de ser uma verdadeira oficina de técnicas agrícolas, a estrutura funciona como um laboratório e extensão da sala de aula para conteúdos transversais. Também é o campo ideal para ensinar e aprender sobre temas relacionados à sustentabilidade, como tratamento de lixo, esgotamento sanitário e saúde.
Renda complementar
“Acreditamos que o Instituto Raiz Nova contribui para que os alunos e as comunidades escolares aprendam sobre conservação ambiental e tenham acesso a uma alimentação mais saudável, enfrentando e combatendo a insegurança alimentar. As crianças e adolescentes são muito sensíveis ao conhecimento e são grandes disseminadores de informação para suas famílias, que também ganham acesso a atividades econômicas complementares, que contribuem para seu empoderamento social”, comenta Cinira.
Os cursos de capacitação em empreendedorismo e gestão apontam para a possibilidade de gerar uma complementação de renda para as famílias dessas comunidades, por meio da elaboração de produtos de valor agregado gerados a partir de matéria prima produzida pela agrofloresta e a meliponicultura. A capacitação engloba a orientação profissional para o mercado, a identificação de feiras locais, e a organização da venda para a comunidade, incorporando práticas de sustentabilidade e responsabilidade social.
O Instituto também oferece à comunidade cursos de artesanato com materiais reciclados, para confecção de brinquedos e instrumentos musicais, de forma a proporcionar a todos um espaço lúdico, de criatividade artística, além de formação em moda sustentável e educação financeira para crianças.
Para mais informações, visite o site www.raiznova.com.
Para saber mais
O que é agrofloresta?
Trata-se de um método ancestral de uso da terra que incrementa a produtividade e a sustentabilidade, baseando-se na variedade de culturas em contraposição à monocultura. Os cultivos geram interações ecológicas e econômicas, ajudando a restaurar áreas degradadas pela recuperação da fertilidade do solo, redução da erosão e aumento da biodiversidade, entre outras vantagens. É uma ferramenta importante para pequenas áreas de cultivo e por isso representa uma tecnologia social.
O que é meliponicultura?
É a atividade de criação de espécies de abelhas sem ferrão, também conhecidas como abelhas nativas do Brasil, que já existiam no país antes da introdução da abelha africana pelos colonizadores europeus.
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