O Paraná já foi palco de uma guerra civil. O episódio é o tema do livro “Maragatos – A Guerra Civil no Paraná”, que foi lançado nesta sexta-feira (17), em Ponta Grossa, na Associação Comercial, Industrial e Empresarial da cidade. O autor é o advogado e escritor paranaense Josué Corrêa Fernandes, que ocupou diversos cargos públicos no estado e foi um dos fundadores e também presidente da Academia de Letras dos Campos Gerais.
Após cerca de duas décadas de pesquisa e de cinco anos de escrita, a obra traz informações e reflexões – algumas até então inéditas – sobre a Revolução Federalista e traça um amplo retrato do período em que o conflito estourou no Sul do Brasil, entre 1893 e 1895, inicialmente no Rio Grande do Sul, espalhando-se depois para os estados de Santa Catarina e Paraná. Entre os muitos episódios ocorridos no Paraná, alguns dos mais conhecidos são o Cerco da Lapa e o fuzilamento do Barão do Serro Azul.
“Maragatos – A Guerra Civil no Paraná” aborda, sobretudo, os impactos deste acontecimento histórico no território paranaense, incluindo estratégias políticas, o movimento das tropas dos federalistas “maragatos” e dos republicanos “pica-paus”, a violência e as injustiças do conflito armado.
Além do enfoque paranaense, traz como diferencial informações inéditas acerca do conflito (extraídas de diversos documentos e publicações pesquisados pelo autor) e dá voz a personagens que até então foram pouco favorecidos em boa parte dos relatos históricos já lançados. “Juntei muita bibliografia e documentos relacionados e cheguei à conclusão de que a história a respeito da intervenção dos federalistas, especialmente no Paraná, não fazia justiça a esses revolucionários. Tanto na época que antecedeu a revolução, como depois”, afirma o Josué Corrêa Fernandes, que defende a ideia de que o acontecimento não foi apenas uma revolução, mas uma guerra civil que envolveu os três estados do Sul do Brasil e deixou um passivo de cerca de 20 mil mortos.
Nessas duas décadas, foi possível compilar os acontecimentos de um viés mais profundo, dando voz aos personagens que, de fato, não receberam o justo reconhecimento pela participação honrosa e repleta de ideais. “O objetivo não fazer a defesa dos maragatos, mas sim colocar histórias dos federalistas do Paraná de uma forma adequada, baseada em documentos, de modo a que não passassem a ser considerados meros degoladores ou pessoas sem idealismo”, explica Josué.
“Maragatos – A Guerra Civil no Paraná” tem 460 páginas, divididas em 27 capítulos. Ao final, traz um caderno de fotos históricas, com 34 páginas e uma seção de anexo, com 104 páginas, em que são reproduzidos textos de documentos de época, com grafia adaptada à ortografia do português-brasileiro contemporâneo. O volume conta ainda com um design arrojado e atrativo, impresso em papel pólen.