Monique Benoski
A terceira idade está enfrentando um obstáculo a mais trazido pela pandemia do novo coronavírus, a “velhofobia” do mercado de trabalho. Se antes o público maduro já lidava com o preconceito do mercado competitivo que não reconhece sua experiência e comprometimento, agora, com a pandemia, além do isolamento social, da perda de pessoas queridas e das consequências econômicas, quem tem mais de 50 anos precisa enfrentar o rótulo “grupo de risco”.
Uma pesquisa realizada pela plataforma Maturi, voltada à geração de oportunidades e capacitação do público 50+ (os maturis), revela que, entre os mais de 4 mil entrevistados, 39,2% consideram que a denominação “grupo de risco” fez aumentar o preconceito em torno desses profissionais. Para essa parcela da população, o rótulo causa a má impressão de que pessoas maduras são mais frágeis, suscetíveis a doenças e, por isso, não são positivas para as empresas. Além disso, quem discorda da nomenclatura afirma que, na atual situação do mundo, comportamentos de risco são o que verdadeiramente importam e que não são ditados pela idade.
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De acordo com o CEO da Maturi, Mórris Litvak, o preconceito é um dos maiores obstáculos dos maturis quando o assunto é a busca por oportunidades. “Uma visão errônea que muitos empregadores possuem é de que os maduros não são digitais. Pelo contrário, percebemos uma participação muito ativa deles em nossos cursos e eventos online, além da familiaridade com as ferramentas tecnológicas”, diz.
Oportunidades
A Maturi, que é pioneira no Brasil, nasceu para driblar os obstáculos que o público acima dos 50 anos enfrenta na hora de procurar uma vaga de emprego. No início, a plataforma tinha como objetivo principal conectar profissionais maduros e experientes a empresas. Porém, percebeu-se a necessidade de oferecer mais ferramentas para os profissionais buscarem oportunidades e ir além do modelo de emprego tradicional, com forte incentivo ao empreendedorismo.
Litvak comenta que a Maturi percebeu que, além de encontrar vagas, era preciso investir em conhecimento, capacitação e estímulo de novos horizontes para que esses profissionais pudessem abrir seus próprios negócios. Uma das ações da plataforma é a realização do MaturiFest, um evento anual e pioneiro com três edições, que, por meio de palestras, workshops e salas de networking, fomenta o empreendedorismo para o público 50+. Este ano, em formato digital, o MaturiFest reuniu mais de 8 mil participantes de todo o país.
Em 2019, José Coelho, de 60 anos, foi um dos mais de 500 participantes do evento presencial e hoje é sócio da The Plot Company. “O evento abriu portas, me conectou com pessoas que viviam o mesmo contexto e me inspirou a seguir meu próprio caminho no mundo das startups e do empreendedorismo”, conta. Atualmente, a plataforma registra mais de 80 mil acessos mensais, o que demonstra a vontade e o engajamento desse público em buscar oportunidades. Nos seus cinco anos de atuação, mais de mil empresas e 150 mil profissionais já se cadastraram na plataforma.
Principais resultados da Pesquisa Maturi
Sexo | 52% mulheres e 48% homens; |
Estado civil | 61% casados ou em união estável, 22% divorciados, 14% solteiros e 6% viúvos; |
Durante o isolamento social | 77% só saem para o essencial, 12% não saem de casa de modo algum, 9% saem para trabalhar e 2% não aderiram ao isolamento; |
Renda | 27,9% tem renda entre R$5mil e R$10 mil; 20,5% tem renda entre R$3mil e R$5mil; 20,3% ultrapassam os R$10mil e 27,1% possuem rendimentos até R$3 mil; |
Estratégias financeiras durante a pandemia | 60,1% reduziram ou cortaram gastos, 31,4% não precisaram recorrer a nenhuma estratégia a curto e médio prazo, 30,5% procuraram por um novo ou segundo emprego, 26,8% retiraram alguma quantia da poupança e 0,4% recorreu ao auxílio emergencial do Governo Federal. Obs: Nesta questão, os entrevistados poderiam assinalar mais de uma opção; |
Os maturis no mercado | 38,1% são empresários ou empregadores; 34,7% têm empregos formais; 32,5% são autônomos, prestadores de serviço ou profissionais liberais; 10,9% estão desempregados; 10,3% têm empregos informais e 2,4% são aposentados. |
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