Materiais genéticos de Leandro Bossi, desaparecido em 1992 em Guaratuba, são encontrados

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Da Redação com agência

Estado encontra materiais genéticos de Leandro Bossi, desaparecido em 1992
Coletiva de imprensa convocada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública. (Foto: Albari Rosa)

A Polícia Civil (PCPR) e a Polícia Científica do Paraná identificaram fragmentos genéticos de Leandro Bossi, que desapareceu em Guaratuba, no Litoral, em 1992, com 7 anos de idade. As novidades foram apresentadas nesta sexta-feira (10) em coletiva de imprensa convocada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública.

A identificação aconteceu após a coleta das amostras de fragmentos armazenados na Polícia Científica e o confronto com o DNA de familiares do menino. Em outro trabalho similar, o estado identificou, em 2019, o autor do crime contra a menina Rachel Genofre. Essa resolução é fruto do trabalho do banco genético do estado, que integra a Campanha Nacional de Coleta de DNA de Pessoas Vivas Sem Identificação, do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O andamento dos procedimentos contou com o apoio do Ministério e da perícia da Polícia Federal.

“É um trabalho que tem avançado com mais celeridade nos últimos anos. A integração das forças de segurança e o trabalho em parceria com a União, além dos avanços tecnológicos, estão ajudando o Estado a responder casos complexos e que demandavam resposta”, disse o secretário de Segurança Pública, Wagner Mesquita.

Leandro Bossi desapareceu durante um show, em Guaratuba, no dia 15 de fevereiro de 1992. Naquele mesmo ano, no dia 6 de abril, outro menino, Evandro Caetano, de 6 anos de idade, também desapareceu na cidade.

No ano passado, o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), da Polícia Civil, fez coletas de materiais genéticos dos familiares de Leandro. Através de um teste de DNA Mitocondrial, com recursos diferentes dos tradicionais, foi constatada a identidade da amostra da mãe do menino, na comparação com os fragmentos encaminhados pela Polícia Científica.

Para o perito responsável pelo caso, Marcelo Malaghini, coordenador do Laboratório de Genética Molecular Forense da Polícia Científica, o trabalho do Banco Genético foi de extrema importância para chegar a esse resultado depois de tanto tempo. “O exame genético hoje traz uma segurança muito maior, comparada há 30 anos, quando foram feitas as primeiras análises. Naquela época não havia laboratórios de polícia no Brasil, hoje temos um potencial em análises genéticas, principalmente com esta possibilidade”, afirma.

Campanha

No Brasil, mais de 6 mil familiares forneceram material genético para o banco de dados da Campanha Nacional de Coleta de DNA. São, ainda, 5 mil restos mortais não identificados. Através da campanha, a Polícia Científica do Paraná pôde fazer o confronto de materiais e dar início ao projeto embrionário em nível estadual, chamado de “DNA fim da dúvida”, responsável pelo confronto de materiais genéticos.

A campanha é dividida em duas etapas. O primeiro passo é o confronto dos fragmentos de pessoas não identificadas que já faleceram com o dos familiares que foram incluídos no banco. A segunda etapa é feita em pessoas que não foram identificadas, mas estão internadas em abrigos ou hospitais, possibilitando o reencontro com a família.

Através da coleta de amostras genéticas de familiares de pessoas desaparecidas, outros dois casos foram solucionados no Paraná neste ano. Uma família que coletou o DNA na Polícia Científica de São Paulo descobriu o paradeiro de um homem de 23 anos que estava desaparecido desde 2014. A identificação foi feita pela Polícia Científica.

Outro caso envolve um idoso que desapareceu no Sudoeste do Estado, em 2011. Os familiares também chegaram a fazer um exame de DNA anteriormente, sem identificação. Com a campanha nacional, uma nova coleta foi feita e os restos mortais eram compatíveis com o material genético do filho do idoso.

Os avanços na perícia criminal, utilizando tecnologias mais avançadas para identificação do DNA, também permitiram a elucidação de outro caso emblemático no Estado. Em 2019, a Polícia Civil identificou o suspeito de assassinar a menina Rachel Genofre, cujo corpo foi encontrado em uma mala na Rodoferroviária de Curitiba em 2008. Dois anos depois, o acusado foi condenado a 50 anos de prisão pelo crime. 

A chefe do Sicride, delegada Patrícia Nobre, explicou que os trabalhos de investigação caminham juntamente com o trabalho tecnológico das forças de segurança. “Essa integração entre os órgãos torna a atividade de investigação mais rápida para elucidação de novos casos e permite a continuidade dos trabalhos em casos antigos, podendo elucidar investigações mesmo anos depois”, diz a delegada.

O diretor da Polícia Científica do Paraná, Luiz Rodrigo Grochocki, destaca que, para a instituição, a tecnologia permite rapidez na entrega de uma resposta à sociedade. “É fundamental, para a Polícia Científica, que tenhamos esses recursos, pois permite confronto de dados de forma mais rápida. Além disso, com essa tecnologia, conseguimos observar o que seria humanamente impossível de enxergar”, conclui.

Crianças desaparecidas

A PCPR foi pioneira na implementação do Sicride, a primeira delegacia especializada em desaparecimento de crianças do país. A PCPR foi pioneira na implementação do Sicride, a primeira delegacia especializada em desaparecimento de crianças do País. Após os casos de desaparecimento no início dos anos 1990, foi observada a necessidade de criar um núcleo especializado para a investigação de crianças desaparecidas. O trabalho da instituição ganha novas possibilidades com o uso dos cadastros genéticos.

Com a identificação de Leandro, restam 26 crianças desaparecidas no estado. Nos últimos quatro anos, aproximadamente 900 casos de crianças desaparecidas foram registrados no Paraná, sendo que todos foram solucionados. Em 2022, a PCPR elucidou 100% dos casos – foram registrados 89 boletins de ocorrência e, em todos eles, as crianças foram localizadas.

A PCPR mantém os procedimentos investigativos, mesmo nos casos antigos, realizando um trabalho minucioso tanto para evitar novos casos de desaparecimentos, como para identificar casos anteriores, dando uma resposta aos familiares. “O alto índice de elucidação dos casos está diretamente relacionado à rápida resposta da polícia”, destaca Patrícia Nobre.

O Sicride foi criado pela Resolução nº 698, de 31/07/95, da Secretaria de Estado da Segurança Pública, e regulamentado pela Portaria nº 1316/95, de 10/08/1995, do Departamento de Polícia Civil (DPC). Desde então, é responsável por centralizar o registro de ocorrência envolvendo crianças desaparecidas no Paraná, promover a apuração dos fatos e prosseguir na instrução de inquéritos policiais já instaurados.

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