Um novo golpe para assaltar apartamentos está sendo praticado em Curitiba. Uma tentativa ocorreu nesta semana na Rua Pasteur, no Batel, bairro com muitos prédios de classe média alta. O golpista estaciona um carro velho – um corsa prata, mas há relatos de um Uno preto também – e de posse de um microfone começa a convocar porteiros e moradores a comprar seus doces porque está desempregado. Para impressionar, usa uma música evangélica de fundo. À medida que as pessoas saem à porta ou janela dos edifícios, ele observa quais têm portaria.
Com sotaque nordestino, ele diz: “Senhor porteiro, presta atenção, abre seu coração e vem aqui fora”. Na sequência, diz que não conhece ninguém na cidade, que está sozinho e não tem um real e precisa vender seus doces. Além dos porteiros, o homem se dirige aos moradores. “Você no 10°andar, no 5° andar e no 3° andar, vem pra janela, desce, eu preciso de água”. E começa a chorar dizendo que está em desespero, que não comeu nada no dia e que está em tratamento médico e não tem onde dormir. Ele insiste que precisa de um copo d’água e vender doces. Para os que compravam, ele profetizava algo. O homem repetia os andares dizendo “Só vou ficar aqui por três minutos, quero ver quem vai descer e abrir seu coração pra mim”.
Enquanto faz a encenação, comparsas anotam todas as janelas onde os moradores apareceram bem como os porteiros que saíram do posto para observar a cena. Segundo a presidente do Conselho de Segurança do Batel (CONSEG), a advogada Ana Cecília Parodi, o objetivo é fazer o reconhecimento para determinar o tempo de resposta, o nível de credulidade da portaria e quais moradores estavam em casa e sua aparência física.
“Todas as invasões anteriores a condomínios passam por uma ‘engenharia social’, de fingir pro porteiro que conhece a pessoa. Em todos os casos os bandidos deram detalhes dos moradores e entraram sem resistência”, diz ela. A polícia foi chamada por uma moradora que desconfiou, mas o homem percebeu e foi embora.