A partir da próxima sexta-feira (28), os curitibanos verão uma novidade circulando pela cidade. Trata-se do ônibus elétrico da chinesa BYD, que começará a ser testado no transporte coletivo da capital. O modelo articulado vai circular sem passageiros pelas rotas das linhas Interbairros II, Inter 2 e no Eixo Leste/Oeste – não haverá passageiros porque suas portas são do lado esquerdo e não direito, como exige a operação no transporte coletivo da cidade. Para simular o peso equivalente com a lotação de pessoas, o veículo vai ser carregado com bombonas de água.
Segundo Celso Lucio, gestor da área de especificação e inspeção de frota da Urbanização de Curitiba (Urbs), que gerencia o transporte coletivo de Curitiba, se for aprovado nos testes, no entanto, o ônibus terá que ser produzido dentro das especificações do município.
O modelo D11B é um ônibus articulado, de piso baixo, tem carroceria Marcopolo, capacidade para 170 passageiros, autonomia de 250 quilômetros e carregamento de bateria em quatro horas. As baterias serão carregadas no período noturno na garagem da empresa Glória. Ao todo, 12 motoristas, dos quais duas mulheres, serão treinados para dirigir o ônibus durante o período de testes.
A avaliação, com duração de 30 dias (com possibilidade de prorrogação por mais 30), marca o início da série de testes técnicos com veículos elétricos que vão servir de base para o plano de eletromobilidade de Curitiba. O edital de chamamento público já conta com seis empresas cadastradas – além da BYD, Eletra, Volvo, Mercedes, Higer e Marcopolo farão testes – e oito veículos que serão testados até outubro. Os resultados dos testes servirão de base para a elaboração do edital de compra dos primeiros ônibus elétricos que farão parte da frota municipal de ônibus, em 2024.
As linhas selecionadas para o experimento transportam juntas cerca de 370 mil pessoas por dia. A intenção é que nos próximos sete anos até 33% da frota de ônibus da cidade opere com emissão zero, alcançando 100% até 2050. “Estamos iniciando o processo de migração para a matriz elétrica, não poluente. Trata-se de uma tecnologia nova, que precisa ser avaliada dentro da realidade do transporte coletivo. O teste técnico é muito importante para medir qual é a performance dos diversos modelos elétricos, mapear resultados e ainda verificar possíveis desafios”, diz Ogeny Pedro Maia Neto, presidente da Urbs.
A chinesa BYD está no Brasil desde 2015, quando inaugurou sua primeira fábrica de montagem de ônibus 100% elétricos, em Campinas, no interior paulista. Segundo a empresa, cada modelo evita, em média, a emissão de 118,7 toneladas de CO2 ao ano na atmosfera, o equivalente ao plantio de 847 árvores por veículo (considerando 72 mil km rodados/ano).
Nos testes, serão avaliados o consumo de energia, cumprimento da autonomia, níveis de ruídos e o desempenho do ônibus em variadas topografias (aclives, declives e plano). De acordo com Ana Cristina Jayme, assessora de investimentos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), a fase de testes é uma etapa importante do Programa de Mobilidade Sustentável de Curitiba, que começou em 2018 e vem avançando com o apoio de instituições como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do New Development Bank (NDB), que são financiadoras dos projetos do Inter 2 e Interbairros II e do eixo Leste Oeste, e do TUMI e-Bus mission, que conta com suporte do WRI Brasil e do C40.
Outros testes
Em setembro do ano passado, outra montadora chinesa, a Higer, fez uma demonstração do seu ônibus elétrico em cinco linhas do transporte coletivo de Curitiba. Na ocasião, 3.923 pessoas utilizaram o veículo. A empresa deve voltar a fazer testes neste ano, dessa vez já dentro do edital de chamamento público para avaliação técnica. A meta de Curitiba de reduzir a emissão de poluentes inclui ainda testes com ônibus a gás natural. Desde a última segunda-feira (17), um veículo a gás natural da Scania está circulando na linha Cabral/Portão. Os testes vão durar 30 dias.
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