Da Redação
Para um estado cujo governador tem o apelido de Ratinho Jr., a notícia não poderia ser mais alvissareira. O Paraná foi o escolhido para receber a maior fábrica de queijo do Brasil. O empreendimento, da goiana Piracanjuba, será instalado em São Jorge D’Oeste, município com pouco mais de 9 mil habitantes, na Região Sudoeste. A planta ocupará um espaço de 48,74 hectares, nas margens da PR-281. O anúncio foi feito nesta terça-feira (21), em solenidade com a presença do governador Ratinho Jr. A previsão inicial de investimento é de R$ 80 milhões e a expectativa é de que sejam gerados 300 empregos diretos. Inicialmente, a fábrica deverá processar cerca de 600 mil litros de leite por dia. Porém, a capacidade de processamento vai ultrapassar os 2 milhões de litros por dia quando estiver em pleno funcionamento.
O governador afirmou que o empreendimento demonstra a força do Paraná, que segue atraindo investimentos mesmo com a crise derivada da pandemia do novo coronavírus. “Temos feito contato com grandes empresas para que, mesmo com esse momento econômico difícil, estes investimentos sigam gerando emprego para os paranaenses. Esta indústria reforça a vocação regional, já que o Sudoeste é a maior bacia leiteira do estado”, disse Ratinho. Ele destacou a importância da produção leiteira paranaense, que processa mais de 4 bilhões de litros de leite por ano e é a segunda maior do país.
O superintendente da Piracanjuba, César Helou, afirmou que o projeto inicial passou por uma reformulação, que fará da unidade uma das mais importantes da empresa. “Esta não será apenas mais uma, mas sim a maior fábrica de queijo do Brasil, além de uma pequena fábrica de leite longa-vida e uma de manteiga”, disse Helou. A empresa foi fundada em 1955 e hoje é uma das marcas mais presentes nos lares do Brasil. A primeira unidade foi instalada na cidade de Piracanjuba (GO), o que deu origem ao nome da marca. Mais tarde, em 1986, a empresa mudou para Bela Vista de Goiás.
Hoje, a Piracanjuba pertence ao Grupo Laticínios Bela Vista e possui um portfólio com mais de 160 produtos. A empresa reúne sete unidades fabris localizadas em Bela Vista de Goiás, Governador Valadares (MG), Maravilha (SC), Sulina (PR), Araraquara (SP), Três Rios (RJ) e Carazinho (RS). As fábricas têm capacidade de processar mais de 6 milhões de litros de leite por dia, mobilizando quase 3,2 mil funcionários diretos. A companhia é uma das quatro maiores indústrias de laticínios do Brasil.
Esta será a segunda unidade própria da Piracanjuba no Paraná. A outra fica na mesma região, na cidade de Sulina, e entrou em funcionamento em setembro do ano passado. Com capacidade para processar 150 mil litros de leite por dia, a indústria gera 70 empregos diretos na produção de queijo. Há ainda duas unidades de resfriamento de leite, em Itapejara do Oeste e em Cascavel, ambas alugadas. O governo do estado vai investir para melhorar a infraestrutura em São Jorge D’Oeste. A Secretaria do Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas formalizou convênio com a prefeitura para a construção de um trevo na PR-281, que vai facilitar o deslocamento para o setor industrial da cidade.
Paraná jorra leite
O secretário da Agricultura, Norberto Ortigara, lembrou que o leite é o quarto produto em geração de valor nas propriedades rurais do Paraná. Segundo ele, são entre 70 mil a 80 mil famílias produzindo leite todo dia no estado. Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirma que o Paraná passou de terceiro para segundo maior produtor de leite do Brasil – foram 4,4 bilhões de litros produzidos em 2018. O estado fica atrás da Minas Gerais e na frente do Rio Grande do Sul. Castro, nos Campos Gerais, lidera a produção brasileira, com 292 milhões de litros. Em segundo lugar está o município de Patos de Minas (MG), que produziu 193 milhões de litros. No Paraná, outro destaque é Carambeí, também nos Campos Gerais, com 180 milhões de litros, que ocupa a terceira posição no ranking nacional.
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Em dez anos (2008 a 2018), a produção paranaense de leite cresceu 55%. Carambeí e Castro produzem quatro vezes mais do que a média brasileira, que é de dois mil litros ao ano por animal – os dois municípios paranaenses produzem, respectivamente, 9 mil litros e 8,3 mil litros por vaca ao ano.
O novo empreendimento levará mais progresso a São Jorge D’Oeste. A pequena cidade, às margens do Rio Iguaçu, abriga a terceira maior hidrelétrica do Sul do Brasil: a Usina de Salto Osório. O município conta, ainda, com um complexo turístico, repleto de casas de veraneio nas praias artificiais que foram formadas no lago da usina. Agora, a economia local desponta também na área industrial, sediando importantes indústrias na área do vestuário e a Mocelin, segunda maior fabricante de extintores do país.
