Por onde andam os patinetes em tempos de ônibus lotados em Curitiba?

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 A justificativa da empresa é de que a decisão de suspender o compartilhamento dos patinetes foi tomada para proteger funcionários, usuários e não usuários do risco de contágio pelo novo coronavírus. (Foto: Divulgação/Marcio Bruno-Grow)

Leonardo Bessa

Febre na cidade no ano passado, era preciso tomar cuidado ao andar pelas calçadas de Curitiba sem esbarrar em um patinete elétrico. Neste ano, com a pandemia de Covid-19, eles poderiam ser uma alternativa muito útil de transporte individual, diminuindo a lotação dos ônibus da cidade, não fosse por um detalhe: a empresa mexicana Grin, a maior do setor de patinetes elétricos da América Latina, anunciou em 19 março a suspensão temporária de seus serviços nas cidades em que opera no Brasil, incluindo Curitiba. A justificativa da empresa é de que a decisão de suspender o compartilhamento dos patinetes foi tomada para proteger funcionários, usuários e não usuários do risco de contágio pelo novo coronavírus.

Dias antes, a empresa já havia liberado funcionários do grupo de risco, como mulheres grávidas, idosos e pessoas com problemas respiratórios, para trabalhar de casa, além de promover a desinfecção dos patinetes. Outra medida foi oferecer, entre 17 e 19 de março, o desbloqueio grátis dos aparelhos para que os usuários que não podiam deixar de ir ao trabalho pudessem alugar os patinetes com mais agilidade.

Queda de procura

Entretanto, apesar de não revelar números, tanto de patinetes disponíveis na cidade quanto de queda de demanda, por razões estratégicas, a Grin já havia perdido mercado no Brasil antes do início da pandemia. Tanto é que encerrou as operações em 14 cidades, em janeiro deste ano, além de suspender o serviço de aluguel de bicicletas, quando ainda não se falava em isolamento social no Brasil e a Covid-19 só fazia parte de nosso cotidiano pelo noticiário que vinha da Ásia, de onde a pandemia começava a se espalhar pelo mundo.

Questionada pela reportagem sobre a queda de procura pelos patinetes, mesmo antes da pandemia, a Grin respondeu que acredita que micromobilidade não é uma febre, mas uma tendência de forma de deslocamento das pessoas nas cidades que veio para ficar. A empresa espera, inclusive, que haja uma maior procura por esses modais após o fim da pandemia de Covid-19.

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Ainda segundo a Grin, a justificativa para a redução das atividades em solo brasileiro foi um ajuste operacional da empresa mexicana para que continuasse prestando serviços de forma eficiente e segura, de acordo com comunicado divulgado à época. Apesar do corte, Curitiba seguiu sendo atendida, assim como São Paulo e Rio de Janeiro, até que o serviço fosse interrompido por tempo indeterminado nas três cidades em março por causa da pandemia. O retorno das atividades está em estudo, de acordo com a empresa, à medida que a pandemia perca a força.

Viabilidade e fiscalização

Em São Paulo existe atualmente um sistema de aluguel de patinetes batizado de “Grin For You”. A pessoa aluga o equipamento mensalmente, junto com um carregador, para que não precise dividir com outras pessoas, evitando o contato e eventuais riscos de contaminação. Segundo a empresa, existe um estudo para que esse sistema seja implantado em outras cidades. Ou seja, na capital paulista, que tem uma demanda muito superior à curitibana, a empresa encontrou uma solução para manter parte da frota operando.

Quanto à fiscalização, houve polêmica à época em que os patinetes e bicicletas surgiram na cidade, com discussões sobre a necessidade de regulamentação do uso via convênios ou projetos de lei. Procurada, a prefeitura de Curitiba disse que não existe nenhum compromisso assinado formalmente entre o município e a empresa, uma vez que não é necessária outorga ou concessão para operar um serviço deste tipo. O que existe é fiscalização das leis de trânsito, que é feita pela Setran, em questões como uso de capacete e limites de velocidade.

Histórico

Curitiba chegou a ter duas empresas operando o serviço de aluguel e compartilhamento de bicicletas e patinetes elétricos, a Yellow e a Grin. Startup nacional, a Yellow chegou primeiro, em janeiro de 2019, com suas bicicletas amarelas que se destacavam pelas ruas e calçadas da cidade. A empresa também oferecia patinetes e cobrava R$ 1 a cada dez minutos de uso, com um sistema de desbloqueio simples, por aplicativo. Por isso as bicicletas e patinetes podiam ser deixadas nas calçadas, para logo depois ser alugadas por outro usuário.

No mês seguinte, a Grin começou a operar, com seus patinetes verdes, que podiam ser alugados pelo aplicativo de entregas Rappi ou pelo próprio app da empresa. Apesar de operar como duas empresas individuais, a Grin e a Yellow haviam passado por uma fusão no início de 2019, formando a Grow Mobility Inc., o terceiro maior grupo de mobilidade urbana do mundo. Atualmente, como a Yellow deixou de existir, apenas a mexicana Grin segue em operação no mercado.

Eles vão voltar?
Sobre a permanência em Curitiba, a Grin explica que chegou por aqui em fevereiro de 2019 e só interrompeu as operações em março deste ano por causa da pandemia, portanto em um cenário de volta à normalidade poderia retomar a operação normalmente. Só nos resta aguardar e conferir se a moda veio para ficar ou se os patinetes vão ser apenas mais uma vaga lembrança na memória dos curitibanos.

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