Prefeitura contraria empresários e diz que ônibus não transmitem Covid

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Da Redação

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Prefeitura de Curitiba afirma que o transporte coletivo não é um vetor de transmissão do vírus da Covid-19. (Foto: Daniel Castellano/SMCS)

Alvo de críticas constantes de empresários e lideranças do comércio da capital, o transporte coletivo não é um vetor de transmissão do vírus da Covid-19, segundo afirma a prefeitura de Curitiba. De acordo com a Urbs, responsável pela administração do sistema na capital, estudos apontam que não existe relação direta entre o número de passageiros nos ônibus e os casos da doença na cidade. Segundo estudo epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde feito em parceria com a Urbs, o índice de contaminação de passageiros do transporte coletivo de Curitiba é inferior a 1%.

Em cidades onde houve interrupção total do serviço ou redução da sua capilaridade, o número de diagnósticos foi igual ou até maior do que em cidades que mantiveram o serviço. Além disso, a prefeitura afirma ter lançado mão desde o início da pandemia de uma série de medidas preventivas, como a limitação da ocupação máxima dos veículos, distanciamento nos terminais, medição de temperatura dos usuários e sanitização de estações e ônibus. “Pedir para que os ônibus deixem de circular é o mesmo que pedir para a cidade parar e penalizar a população que não tem como arcar com outros meios de locomoção”, diz o presidente da Urbs, Ogeny Pedro Maia Neto.

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De acordo com a Urbs, estudos apontam que não existe relação direta entre o número de passageiros nos ônibus e os casos da doença na cidade. (Foto: Hully Paiva/SMCS)

O estudo epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde cruzou dados de CPF dos portadores do cartão transporte – responsável por 65% das transações de pagamento no transporte público – e de pacientes com Covid da rede pública e privada de Curitiba. Os dados, compilados de março de 2020 a março de 2021, mostram que 99,9% dos passageiros não tinham sido contaminados.

No período analisado, o maior índice de contaminação foi de 0,09% sobre o total de passageiros no dia, registrado em novembro do ano passado. Uma das razões para isso é que nos ônibus os passageiros circulam por períodos específicos, geralmente alertas quanto aos cuidados, em um ambiente que tem movimentação frequente de ar com as janelas e alçapões abertos e a sequência de abertura das portas para o embarque e desembarque. 

Entre as medidas listadas pela prefeitura para minimizar o risco de contágio estão a limitação do número de passageiros por ônibus – atualmente em 50% da capacidade -, marcação de distanciamento de filas nos terminais, colocação de displays de álcool gel em terminais e estações-tubo e ainda linhas de ônibus específicas para atender os profissionais de saúde e quem vai ser vacinado. Terminais, estações-tubo e pontos de ônibus recebem periodicamente sanitizações especiais.

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Segundo estudo epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde feito em parceria com a Urbs, o índice de contaminação de passageiros do transporte coletivo de Curitiba é inferior a 1%. (Foto: Hully Paiva/SMCS)

Os ônibus têm renovação do ar feita pelo sistema de ventilação pelo menos 20 vezes a cada hora – ou seja, é restaurado a cada três minutos. Paralelamente a isso, a frota foi mantida mesmo com a queda no movimento durante a pandemia, para que os ônibus trafeguem com menos passageiros e mais distanciamento entre eles. O número atual de usuários no transporte coletivo é de 370 mil por dia, cerca de 50% menor do que antes da pandemia.  

Além disso, os usuários do cartão transporte que tenham diagnóstico de Covid-19 passaram, a partir de março de 2021, a ter o cartão bloqueado se tentarem furar o isolamento e entrar nos ônibus. Para o epidemiologista Diego Spinoza dos Santos, do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde,  esses fatores ajudam a manter o contágio baixo no sistema de transporte de Curitiba. Mas ele alerta que nem por isso é possível relaxar nos cuidados. “É preciso manter os protocolos sanitários para mantermos baixos os níveis de contaminação, sobretudo com o uso de máscaras e higienização frequente das mãos”, alerta.

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A prefeitura cita outro estudo, desenvolvido pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), que mostra ausência de ligação entre o uso do ônibus e o aumento de casos de Covid-19. A pesquisa concluiu que o risco de contágio nos veículos e terminais existe como em qualquer outro ambiente que costuma reunir grande número de pessoas, desde supermercados e restaurantes a clínicas e escritórios. Publicada pela NTU, a pesquisa foi realizada com dados de passageiros transportados em 15 sistemas de transporte que englobam 171 municípios em todo o país, inclusive Curitiba e Região Metropolitana. Juntos, esses sistemas são responsáveis por 325 milhões de viagens por mês ou 13 milhões por dia, o equivalente a 32,5% dos deslocamentos no país. 

Os dados foram cruzados com registros de casos da doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas mesmas cidades. “Obviamente, ninguém está dizendo que não existe risco de contágio no transporte. Todavia, conforme as evidências científicas, o risco é o mesmo de outros ambientes com várias pessoas”, diz André Dantas, diretor técnico da NTU.

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