É de Curitiba a primeira mulher produtora de gim do Brasil. Thais Romfeld de Lima é a criadora do Route Gin, o qual começou a produzir em 2019. Com o consumo em alta nos últimos anos, o gim, destilado à base de zimbro e cereais, é a base de coquetéis com a cara do verão, como o gim-tônica. Thais percebeu o potencial da bebida e decidiu desenvolver sua própria marca, abandonando uma carreira de sucesso no Direito para se tornar microempreendedora.
Ela passou dois anos se preparando para entrar no mercado. Entre 2020 e 2021, cuidou da definição da receita autoral, produção artesanal da bebida, montagem da estrutura na área rural de Colombo (onde o Route Gin é produzido) para instalar o alambique de cobre, e da regularização e aprovação técnica do produto.
Na jornada, Thais contou com o apoio do programa Bom Negócio, da Prefeitura de Curitiba, realizado pelo Vale do Pinhão. “Faço o gim até com o pé nas costas, mas eu precisava pensar no crescimento da empresa. O Bom Negócio foi essencial para eu projetar custos, precificar o produto e, principalmente, ampliar meus contatos comerciais. Três meses depois do programa, eu já tinha dobrado meu lucro”, conta.
Em 2022, a Route Gin acelerou: com uma produção de 50 garrafas a cada lote, iniciou as vendas em feiras e via internet, diretamente ao consumidor. O gim produzido por Thais também está na carta de drinks de nove bares de Curitiba e da Ilha do Mel.
“Ver a evolução de cada participante do Bom Negócio é uma grande alegria porque, além de transformarem a própria história, promovem o desenvolvimento do seu entorno. A história da Route Gin tem muito do Vale do Pinhão: mostra o empreender feminino e que extrapolou Curitiba, beneficiando também a Região Metropolitana”, destaca Daniela Vitório Del Puente, coordenadora do Programa Bom Negócio na Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação.
Determinação
Em um setor dominado por homens, Thais iniciou o primeiro curso de produção de gim sendo a única mulher participante. “A maioria masculina intimida às vezes, mas não o suficiente para me desmotivar. Senti algumas resistências por ser mulher neste meio. Nas negociações, quando meu marido vai junto negociar a distribuição dos lotes com outros homens, flui melhor, embora quem saiba tudo sobre o produto seja eu”, conta.
Para que outras mulheres não passem pela mesma situação, ela tem priorizado parcerias femininas: são mulheres as suas representantes comerciais e a responsável técnica do produto.
A marca paranaense de gim também aposta na sustentabilidade ambiental e no uso de produtos locais para se sedimentar e expandir no mercado. A produtora incluiu a mexerica e o limão rosa na receita para ter um saber mais intimista e de qualidade e que identifique a região onde foi produzido. Seu gim também leva o obrigatório zimbro, coentro, angélica, alcaçuz, pimenta Jamaica, jasmim e cardamomo. A água usada vem do Aquífero Karst e tem baixo teor de impurezas, facilitando a filtragem, o que contribui para a qualidade do produto final.
A produção sustentável é outro diferencial. Thais e o marido, João Rafael Bernardelli Gouveia, criaram um sistema de resfriamento que reutiliza a água, evitando desperdícios. Os resíduos sólidos estão sendo testados como compostagem e os líquidos têm descarte correto. Os clientes também podem retornar as garrafas de vidro, que passam por um processo de higienização específico e podem ser reaproveitadas.
Apesar de o mercado brasileiro ainda ser dominado por marcas estrangeiras, o potencial de expansão para rótulos nacionais é grande: o consumo de gim no mercado brasileiro saltou de 1,1 milhão de litros em 2016 para 13,1 milhões de litros em 2021, segundo levantamento da Euromonitor. A estimativa é que, até 2026, o volume triplique para 35,1 milhões de litros/ano.
Criado na Holanda no século 17, o gim ganhou popularidade na Inglaterra, onde ganhou em qualidade. O nome deriva de variantes do nome zimbro em diversos idiomas (genever, em holandês; genievre, em francês, e ginepro, em italiano).
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