Maior vazamento de dados da história do Brasil coloca usuários em risco; confira se os seus vazaram

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Monique Benoski

O maior vazamento de dados confidenciais da história do Brasil liberou informações de mais de 220 milhões de brasileiros. (Foto: Receita Federal)

Um recente vazamento de dados confidenciais, o maior da história do Brasil, liberou informações como CPF, salário, score de crédito, cheques sem fundos e números de telefone, entre outros, de mais de 220 milhões de brasileiros. A imprensa aponta que o vazamento partiu dos bancos de dados da Serasa Experian, além de ter contado, possivelmente, com a base de órgãos ligados ao Governo Federal, a partir da invasão de sistemas. O que coloca a empresa de análise de crédito como possível responsável é a divulgação de score de crédito e a base de dados Mosaic, utilizada pela Serasa.

O vazamento acontece no momento em que os bancos brasileiros – muitos dos quais trabalham diretamente com a Serasa – se preparam para dar início ao Open Banking, passando a operar com um sistema que permitirá o compartilhamento de dados e serviços pelas instituições participantes. Um vazamento dessas proporções gera insegurança para todos. A Serasa Experian já emitiu duas notas oficiais em que nega ser a fonte dos dados vazados.

O cenário fica ainda pior quando se trata de dados de veículos: uma falha no sistema do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS) expôs informações pessoais de 5,1 milhões de motoristas, sendo possível acessar RG, número da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), placas, entre outros dados. Na última semana já havia sido revelado vazamento ainda maior, com os dados de 104 milhões de veículos, incluindo marca, modelo, chassi e número da placa distribuídos livremente pela internet.

Embora não seja possível ainda afirmar que no caso das informações dos veículos haja ligação com a Serasa, a empresa trabalha com milhões de dados e detém 38% do mercado nacional de registro de financiamento de veículos. Esse vazamento impressiona porque, segundo números oficiais do Denatran, em dezembro de 2020 o país contabilizava 107.948.371 veículos registrados, o que significa que quase a totalidade de veículos brasileiros tiveram dados expostos na internet. Essas informações vazadas podem ser usadas para diversos tipos de ilícitos, incluindo clonagem de chassi, clonagem de documentos do carro e envio de multas falsas ao proprietário do veículo.

De acordo com o doutor em Direito e coordenador da Pós-Graduação em Direito e Tecnologia da Universidade Positivo, Gabriel Schulman, o episódio mostra que o Brasil ainda precisa avançar muito para se colocar em posição de conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). “Este caso, tanto pela quantidade de dados, quanto por sua natureza, acende alerta em relação às atividades das empresas e a capacidade de preservar a proteção dos dados que administra e comercializa. Ao tempo em que a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) – agência reguladora -, ainda inicia suas atividades, o cenário brasileiro demanda medidas efetivas, conduta proativa das empresas e responsabilização de infratores”, alerta Schulman. 

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Segundo o especialista, uma ocorrência dessa natureza traz enormes prejuízos, grande quantidade desses dados permite, sobretudo por pessoas mal intencionadas, diversos usos ilícitos que podem prejudicar gravemente aqueles que tiveram seus dados expostos. Além de fraudes em compras e empréstimos, é possível também com essas informações vazadas saber o escore de crédito de um consumidor, expondo a sua capacidade financeira.

A LGPD prevê, em caso de vazamento, entre outras coisas, multa de até 2% do faturamento da empresa,  com limite de até R$ 50 milhões. Mas a cobrança só pode ocorrer a partir de agosto de 2021, após pedido das empresas. “As multas ainda não estão vigentes, no entanto a legislação já permite a aplicação de medidas de reparação de danos e a obrigatoriedade de que as empresas adotem providências para evitar mais estragos e reduzir o grau de prejuízos”, explica. Para Schulman, o Brasil só irá de fato consolidar a experiência no que diz respeito à proteção de dados, com uma realidade e práticas que realmente impeçam episódios como esses. “A LGPD precisa estar na pauta de todos. Privacidade incorporada aos processos internos e a cultura empresarial”, completa.

Canaltech teve acesso a uma amostra do banco de dados (que é vendido em parcelas em um fórum próprio para golpistas virtuais, sendo que o “pedido mínimo” é de US$ 500) e confirmou que, de fato, a exposição assusta. Quer saber se seu CPF foi comprometido pelos cibercriminosos? Acesse o Fui Vazado!, um serviço online independente criado pelo programador Allan Fernando.

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