Reforma de prédio histórico de Curitiba é chamada de 'desastrosa' por arquiteto e vira meme

Publicado em 15 dez 2022, às 13h13. Atualizado às 14h29.

Já em fase de finalização, a reforma do Teatro Paiol, em Curitiba, virou alvo de críticas do arquiteto Abrão Assad, responsável pelo projeto de reciclagem da obra em 1971, e se tornou meme nas redes sociais. Comparada a restauração desastrada do Ecce Homo por internautas, a reforma foi chamada de “desastrosa, grotesca e irresponsável descaracterização da obra original” por Assad.

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Assad publicou neste mês uma carta aberta explicando que foi autor do projeto de reciclagem durante o governo do prefeito Jaime Lerner e que ficou sabendo do reparo deste ano há poucas semanas, ao ser chamado por alunos e professores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) a participar de uma live de estudo de caso sobre a restauração.

“Surpreso com a notícia e perplexo por não ter sido previamente chamado, consultado ou sequer informado pelos órgão da prefeitura responsáveis pela preservação do nosso acervo, fui imediatamente verificar in loco a ocorrência”, explicou o arquiteto.

Veja como está ficando a reforma:

(Foto: Daniel Castellano /SMCS)

“Muito mais surpreso, indignado e desolado fiquei ao constatar o andamento de um desconcertante trabalho de reforma totalmente equivocado! – uma desastrosa, grotesca e irresponsável descaracterização da obra original”, relatou Assad. O arquiteto afirmou que entrou em contato com a Prefeitura e se propôs a fazer uma “cirurgia reparado de emergência” para ressignificar a fisionomia original da edificação.

Memes e repercussão nas redes

Na internet, o assunto repercutiu nas redes sociais. Veja algumas das publicações:

(Foto: Redes Sociais)

“Meu Deus do céu que coisa bizarra! Eu escolhi o Paiol para as fotos entre a cerimônia e festa do casamento, era lindo! Ainda mais de noite comemos holofotes destacando a arquitetura antiga”, escreveu um internauta.

“Gente, o Greca rebocou e pintou o Paiol… que coisa horrorosa”, disse outro.

“Assim anda a gestão da cultura em Curitiba. Num dia apagam um mural icôpnico da cidade, no outro pintam o teatro mais charmoso da cidade com cor de diarreia infantil”, pontuou mais uma pessoa.

(Foto: Redes Sociais)

“Depois da remoção do grafite do Jack, vem isso no Paiol… tá difícil!”, lamentou um internauta.

Obras segundo a Prefeitura de Curitiba

Com a repercussão, o prefeito Rafael Greca chegou a responder um internauta em um comentário nas redes sociais. “A comparação não tem cabimento. Nosso Paiol precisa ser rebocado para proteção dos tijolos antigos que são anteriores a 1874. Se fosse descascado, o velho Paiol poderia arruinar-se”, escreveu Greca.

A Prefeitura já havia publicado uma matéria em seu site oficial em novembro, afirmando que a reforma estava em reta final, com 83% dos serviços concluídos. Na época, a prefeitura informou que as obras estavam sendo feitas para “aumentar a durabilidade e melhorar as condições de uso do imóvel que estava com processo de degradação das paredes, com risco de deterioração”.

“O projeto para a execução das obras foi elaborado pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e submetido ao programa Cultura: Preservação, Promoção e Acesso, do governo federal. O investimento é de R$ 463 mil, com recursos provenientes do Ministério da Cultura por meio da Caixa Econômica Federal com contrapartida do município de R$ 184 mil”, informou a prefeitura.

A prefeitura ainda emitiu uma nota justificando a escolha do projeto e das cores. Veja na íntegra:

“A obra de recuperação do Teatro do Paiol, urgente pela ruína do telhado e por conta de outros problemas na estrutura da construção de 1906, não está concluída. A reforma foi precedida de estudos técnicos e a cor amarela trabalhada conforme prospecção realizada por arquitetos especializados em patrimônio histórico. O projeto elaborado pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC) foi aprovado pela Comissão do Patrimônio Histórico e Cultural (CAPC) e submetido ao programa Cultura: Preservação, Promoção e Acesso do Governo Federal.

A pintura não foi realizada com tinta. A técnica usada é a pintura a base de cal, para a proteção da alvenaria e que com a ação do tempo gradualmente devolverá o caráter rústico da fachada da edificação (efeito “desgaste” de cor e reboco). Vale lembrar que o tom da tinta também varia conforme a umidade da parede.

A etapa da pintura ainda não foi concluída e o arquiteto Abrão Assad, responsável pelo projeto de transformação do espaço em teatro, em 1972, está colaborando com a comissão responsável para se chegar ao efeito de cor de aspecto antigo que costuma caracterizar o imóvel.

As obras no Teatro do Paiol acontecem para aumentar a durabilidade e melhorar as condições de uso do imóvel que estava com processo de degradação das paredes, graves infiltrações, com risco inclusive de colapso de toda a estrutura. A obra da Prefeitura de Curitiba garante o uso do Teatro do Paiol, com segurança, por pelo menos mais 50 anos.”

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