Família de secretária atropelada em Fazenda Rio Grande faz protesto: “Não foi um simples acidente”
Os familiares de Suelen Prado, que morreu no dia 30 de janeiro deste ano após ser atropelada na BR-116, realizou um protesto neste sábado (12) em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba. Com cartazes e fotos da secretária, os amigos pediram por justiça. O suspeito chegou a prestar depoimento, porém, foi liberado.
“O sentimento de dor só aumenta, porque visto a gravidade do fato o mínimo que se esperava é que ele tivesse a prisão preventiva decretada”,
contou o viúvo de Suelen, Alexandre Prado.
No protesto, os familiares recordaram o acidente e pediram que o jovem seja julgado por homicídio doloso, quando há intenção de matar.
“Com certeza é um momento de muita dor, tanto para mim como para todos os familiares. Foi uma morte sem explicação, algo que ninguém esperava, ninguém está preparado para viver um momento desse. O que a gente busca hoje é justiça. É o mínimo que se espera, porque é evidente, ficou claro, que não foi um simples acidente. Se trata de um homicídio com dolo, pois o condutor do veículo em alta velocidade, com evidência de racha na rodovia e fazendo uma ultrapassagem pelo acostamento. Tudo errado”,
completou Alexandre.
O acidente
Suelen estava fazendo uma caminhada com dois amigos, no dia 30 de janeiro, e foi atingida no acostamento por um carro modelo Jetta, na cor escura. A vítima teve o corpo arremessado contra uma placa de sinalização e, com o impacto violento, não resistiu aos ferimentos. No local, testemunhas relataram que o motorista que atingiu Suelen estava em alta velocidade e disputava um racha.
Sérgio Oliveira, um dos amigos que estavam com Suelen, contou à RICtv Curitiba como tudo aconteceu. Abalado, ele declarou que não conseguia acreditar no que via.
“A gente estava caminhando em fila indiana pelo acostamento, em direção a casa de uma outra menina que caminhava com a gente. A Su era a primeira da frente, um pouquinho mais ao lado, eu só senti que aquilo passou muito próximo e foi só aquele estrondo. O corpo foi arremessado sobre o guard rail, atravessou a placa. Eu não gosto de ficar relatando, mas como é uma situação complicada, eu vi que ela foi com as pernas de frente e, infelizmente, a estrutura separou o corpo dela. Foi difícil. Eu não acreditava”,
disse Oliveira.
Ele ainda explicou que não viu a aproximação do veículo, mas uma outra testemunha relatou o que viu. “A gente não pode falar era um racha porque isso aí quem vai dizer são as imagens da pista. Mas ele falou que tinha uma BMW acompanhado na faixa da direita e o Jetta vinha pela esquerda. Quando viu que ia colidir com o carro dele, o cara tirou pelo acostamento e bateu na Suelen”.
Câmeras de monitoramento da região registram o momento em que o carro de William passa pela rodovia. Nas imagens, é possível ver que dois veículos passam em alta velocidade, segundos antes do acidente, se comparados com outros carros que trafegam pela BR-116.
“Fica muito claro a altíssima velocidade do William, o que causou todo aquele quebramento na lateral do veículo, que foi causado no corpo da vítima Suelen. Ele abandonou o local, abandonou o veículo, portanto, há todos os elementos que apontam para um homicídio doloso qualificado e não um homicídio culposo de trânsito apenas. Nós iremos cobrar uma justiça digna”,
declarou o advogado que atende a família de Suelen, dr. Rafael.
William Renan Domingues Pereira, de 22 anos, fugiu do local do acidente sem prestar socorro à vítima. Ele já havia sido identificado pela polícia porque o carro foi encontrado “abandonado” na residência de uma pessoa próxima ao motorista, no bairro Nações, com a frente e o para-brisa danificados.
O jovem chegou na delegacia junto com advogado, prestou depoimento, foi liberado e saiu pela porta dos fundos para evitar a imprensa.
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William declarou à polícia que retornava da casa da mãe, em Araucária, e poucos segundos antes do atropelamento passou por uma lombada eletrônica na velocidade permitida. No entanto, ele passou a acelerar e quando percebeu poderia bater em um outro veículo que estava na via, desviou para o acostamento e atingiu Suelen.
Sobre não ter prestado socorro, o motorista afirmou que viu pelo retrovisor que pessoas andavam pelo local, mas não entendeu que havia atropelado alguém. Conforme sua versão, foi pela televisão que ele soube da tragédia. Ele afirmou ainda que não ingeriu bebida alcoólica em nenhum momento do dia.