Durante duas noites seguidas, cinco pessoas ficaram isoladas em meio à selva amazônica boliviana, cercadas por predadores e sem água potável, após o avião em que estavam cair em uma região remota. “Os jacarés e cobras nos observavam a noite toda”, relatou um dos sobreviventes, descrevendo o cenário de tensão vivido à beira de uma lagoa infestada de animais.

jacarés à beira de lago
O acidente aconteceu na quarta-feira (30), pouco depois da decolagem da vila de Baures, no norte da Bolívia (Foto ilustrativa: Freepik)

O acidente aconteceu na quarta-feira (30), pouco depois da decolagem da vila de Baures, no norte da Bolívia, rumo à cidade de Trinidad. Com apenas 27 minutos de voo, o motor da aeronave parou de funcionar, forçando o piloto Pablo Andrés Velarde, de 27 anos, a buscar uma área para pouso de emergência.

“Não havia fazenda nem estrada na rota”, afirmou. “Era apenas um pântano.”

Sem opções melhores, ele direcionou o avião a uma clareira próxima a uma lagoa. No entanto, a tentativa de pouso falhou. A aeronave bateu com força no chão, virou de cabeça para baixo e acabou parcialmente submersa. “A aterrissagem foi muito brusca”, disse Velarde.

Quem são os sobreviventes do avião que caiu em selva amazônica

A bordo estavam além do piloto, Patricia Coria Guary, de 37 anos, que viajava com o sobrinho de 6 anos para uma consulta médica, e duas vizinhas da mesma vila, de 32 e 54 anos. Após o impacto, todos conseguiram sair do avião e se abrigaram sobre a fuselagem, que boiava na água contaminada com combustível.

Sem acesso a água potável e com ferimentos pelo corpo, os sobreviventes enfrentaram 36 horas em meio a mosquitos, insetos e sob o olhar constante de animais selvagens.

“Os mosquitos não nos deixavam dormir […] os jacarés e cobras nos observavam a noite toda, mas não se aproximavam”, contou o piloto, ainda abalado.

O grupo se manteve com farinha de mandioca que uma das passageiras havia levado como lanche. A água da lagoa era imprópria para consumo, o que agravou a desidratação. Sem sucesso em atrair atenção com gritos e panos agitados, os cinco resistiram como podiam até o momento do resgate.

Avião caiu em selva: entenda como aconteceu o resgate das vítimas

Na sexta-feira (2), pescadores que navegavam na região perceberam sinais luminosos — lanternas de celular — vindos da fuselagem do avião. Eles se aproximaram e auxiliaram os sobreviventes, acionando as autoridades. Poucas horas depois, um helicóptero do Exército boliviano transportou o grupo até o hospital da província de Beni. “Não aguentaríamos mais uma noite”, disse Velarde.

Segundo o médico Luis Soruco, responsável pelo atendimento, quatro das vítimas foram liberadas após tratamento com antibióticos e cuidados para infecções, desidratação, queimaduras químicas leves e picadas. Apenas Coria Guary precisou permanecer internada por conta de um corte profundo na cabeça que evoluiu para infecção.

“Não podíamos acreditar que eles não foram atacados”, afirmou o médico à Associated Press.

A história dos cinco sobreviventes tem comovido o país.

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