Victoria Cilliers, uma inglesa atualmente com 48 anos, celebra nos próximos dias uma década de seu verdadeiro renascimento. Isso porque ela sobreviveu a duas tentativas de homicídio cometidas pelo seu então marido, Emile, que era sargento do exército britânico. Na mais grave, ela foi vítima de uma sabotagem em seu paraquedas, em pleno domingo de Páscoa, quando caiu de uma altura de 1,2 mil metros. Após escapar milagrosamente da morte que parecia certa, ela teve que enfrentar a dura realidade de saber que havia sido vítima de seu próprio companheiro.

Sem desconfiar de nada, Victoria, que era instrutora de paraquedismo do exército britânico, aceitou o salto como um presente de Emile, seu marido. Embora na época o relacionamento do casal atravessasse um momento difícil, mesmo com a então recente chegada do segundo filho, ela acreditou que a atividade seria uma boa maneira de se reconectar ao marido. Eles haviam tentado saltar no dia anterior, mas o clima não permitiu. Então, no domingo de Páscoa de 2015, ela foi sozinha ao aeródromo militar de Netheravon, sem imaginar o que estava por vir.
Paraquedista teve múltiplos ferimentos
Ao se lançar do avião, a experiente saltadora logo percebeu que algo estava errado, assim que o paraquedas principal não abriu, com as cordas todas emaranhadas. Ela então acionou o equipamento reserva, mas ele abriu apenas parcialmente, sem capacidade de frear a queda. Graças a sua experiência em paraquedismo, no momento em que seus equipamentos falharam, Victoria aplicou seus conhecimentos para reduzir a velocidade da queda.
Apesar disso, quando caiu no solo, exatamente às 16h27, os socorristas que estavam a postos tinham a certeza de que ela não sobreviveria à queda. Entretanto, contra toda lógica, Victoria estava respirando. O terreno úmido e recentemente arado, junto com seu baixo peso corporal e a posição da queda, salvaram sua vida. Porém, ela teve a pélvis fraturada, a coluna quebrada em quatro lugares, costelas quebradas e um pulmão colapsado.
Investigação descobre sabotagem
Enquanto se recuperava no hospital, a Associação Britânica de Paraquedismo iniciou uma revisão de seu equipamento. Foi então que a verdade começou a emergir, pois descobriram que as cordas do paraquedas principal haviam sido cuidadosamente emaranhadas e o reserva tinha peças faltando. Esses detalhes mostraram que não se tratava de um erro técnico nem de um acidente: alguém havia sabotado o equipamento com a intenção de matá-la.

Quatro semanas após a queda, enquanto Victoria se recuperava em casa de múltiplas cirurgias, a polícia apareceu com uma notícia inesperada: seus paraquedas não haviam falhado por acaso; haviam sido sabotados intencionalmente, e o principal suspeito era seu marido, Emile Cilliers. Sem dúvida, o impacto dessa revelação foi tão profundo que, mesmo ouvindo a explicação, ela se recusou a acreditar.
Relacionamento do casal passava por momento conturbado
Durante a gravidez, Victoria já percebia sinais preocupantes em sua relação com Emile: ele desaparecia sem aviso, tinha uma amante e até filhos ocultos na África do Sul. Além disso, mentia sistematicamente, manipulava as contas bancárias e a fazia se sentir culpada em cada discussão. Apesar de suas suspeitas, ela escolhia acreditar nele por medo de ficar sozinha e criar os filhos sem ele.

Nesse contexto de fragilidade emocional, Emile a incentivou a voltar a saltar de paraquedas. No sábado de Páscoa, foram juntos ao aeródromo com seus filhos, e ele cuidou do equipamento de Victoria, passando vários minutos a sós com sua mochila. Como o tempo estava ruim, o salto foi remarcado para domingo. Nesse dia, Emile ficou em casa, mas enviou mensagens carinhosas, convencendo-a a não cancelar. Naquele momento, Victoria sentiu, pela primeira vez em muito tempo, que ele estava cuidando dela, sem saber que estava prestes a enfrentar algo muito mais sombrio.
Outra tentativa de homicídio
Ao longo das investigações, a polícia conseguiu comprovar que Emile havia tentado matar a esposa seis dias antes do salto. Ele abriu a válvula de gás da cozinha antes de ir para a casa de sua ex-esposa e amante, Carly, sabendo que seu filho pequeno, seu bebê recém-nascido e sua esposa estavam na cama.
Então, quando Victoria acordou e foi até a cozinha buscar leite para um de seus filhos, ela sentiu cheiro de gás, evitando uma explosão. Ela até enviou uma mensagem para o marido perguntando se ele tinha mexido na válvula. “Você está tentando me matar?”, brincou.

Cinco meses depois, os laudos periciais confirmaram que o vazamento de gás não foi acidental. Os especialistas descobriram que as válvulas haviam sido forçadas com uma chave inglesa, deixando marcas inconfundíveis. Desta vez, as provas eram irrefutáveis. Com essa evidência, os investigadores decidiram interrogar Emile pela terceira vez, convencidos de que finalmente tinham um indício claro de que ele havia tentado matá-la.
Julgamento e condenação
Em outubro de 2017, durante o julgamento, Victoria surpreendeu ao se contradizer em algumas declarações anteriores, o que fez o júri pensar que ela ainda estava sob a influência de Emile e tentava protegê-lo. Devido a isso, o júri não conseguiu chegar a um veredicto, e o julgamento foi dissolvido, permitindo que Emile fosse libertado em novembro daquele ano. No entanto, os promotores não desistiram, e em maio de 2018 ele foi levado novamente a julgamento.
Dessa vez, apresentaram provas muito mais contundentes: mensagens com mulheres e prostitutas enquanto Victoria estava internada, pesquisas na internet sobre a amamentação de recém-nascidos e evidências de que ele havia desperdiçado o dinheiro da esposa. Além disso, os peritos o descreveram como um sociopata narcisista, sem empatia, sem remorsos e com uma perigosa obsessão por esportes radicais.

Após seis semanas de julgamento, o júri o considerou culpado das duas tentativas de assassinato, e Emile foi condenado à prisão perpétua, com um mínimo de 18 anos antes de poder solicitar liberdade condicional. Embora o juiz tenha sido enfático em destacar sua insensibilidade e falta de arrependimento, Victoria ainda demorou a cortar completamente os laços. Segundo relatos, ela o visitou na prisão por algumas semanas para tentar encerrar a história, mas percebeu que ele tentava manipulá-la novamente. Um ano depois, tomou a decisão final: pedir o divórcio e se afastar completamente.
Dez anos de uma nova vida
Hoje, aos 48 anos, Victoria Cilliers conseguiu reconstruir sua vida. Apesar das sequelas físicas do atentado — como uma barra metálica na coluna e vários parafusos no corpo —, voltou a confiar no amor graças a Simon Goodman, um ex-militar e paramédico que esteve presente no dia do salto fracassado e foi testemunha no julgamento. Em outubro de 2024, eles se casaram, selando um relacionamento baseado na compreensão e no respeito. Após anos de manipulação e dor, Victoria finalmente conseguiu encerrar o capítulo sombrio e voltar a ser feliz.
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