Um assunto que gera bastante curiosidade e muitas dúvidas é o número de países que existem no mundo. Apesar de parecer simples, a resposta para essa pergunta está longe de ser unânime. Embora o senso comum aponte para cerca de 200 países, o número exato varia conforme a fonte, os critérios utilizados e, principalmente, os posicionamentos políticos e diplomáticos dos diferentes organismos internacionais.

reunião da Comissão de Direitos Humanos da ONU
Organização das Nações Unidas reconhece 195 países, dois deles apenas coo observadores (Foto: ONU)

Assim, diante dessas variáveis, o mais comum é seguir os critérios adotados pela Organização das Nações Unidas (ONU). A entidade reconhece oficialmente apenas 193 estados-membros, além de dois observadores permanentes — o Vaticano e a Palestina. Esse total de 195 países com algum tipo de reconhecimento formal, no entanto, é menor do que o estabelecidopor outras organizações internacionais.

Isso porque, na prática, há mais de 200 territórios que se autodeclaram países. Mas nem todos são reconhecidos internacionalmente como estados soberanos. A razão para isso vai muito além de aspectos geográficos ou populacionais: envolve conflitos territoriais, interesses políticos, disputas históricas e o conceito jurídico de soberania. Por isso, o número de países no mundo pode variar de acordo com o órgão consultado ou com o contexto diplomático de cada nação.

O que define um país

A polêmica sobre o número de países existentes passa pelo próprio conceito técnico que define formalmente uma nação. Tecnicamente, um país é considerado um estado soberano quando cumpre os quatro critérios básicos definidos pela Convenção de Montevidéu, aprovada em 1933. Segundo o tratado, um Estado deve possuir:

  1. População permanente;
  2. Território definido;
  3. Governo efetivo;
  4. Capacidade de se relacionar com outros Estados.

Embora esses critérios ofereçam uma base jurídica, a realidade política e diplomática muitas vezes se sobrepõe. Mesmo que um território atenda a todos os requisitos, ele pode não ser reconhecido por outras nações ou pela ONU. Isso acontece por razões estratégicas, econômicas ou ideológicas. Tais fatores explicam por que existem países de fato, mas não de direito. Ou seja, estados que funcionam como nações independentes, mas não têm reconhecimento oficial global.

O papel da ONU no reconhecimento internacional

A ONU é o principal organismo internacional responsável por reunir e mediar as relações entre os países. O reconhecimento como Estado-membro da ONU é um passo crucial para a legitimidade diplomática internacional. Como já foi visto, atualmente a organização conta com:

  • 193 Estados-membros
  • 2 observadores permanentes: Vaticano (Santa Sé) e Palestina
reunião da Comissão de Direitos Humanos da ONU
Cinco nações têm poder de veto no Conselho de Segurança da ONU (Foto: Evan Schneider/ONU)

Isso ocorre porque o reconhecimento de um país que se declara independente não é automático. Para que uma nação seja aceita como membro da ONU, é necessário o apoio de dois terços da Assembleia Geral e a aprovação do Conselho de Segurança. E é nesse órgão, em que cinco países (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) têm poder de veto, que muitas vezes o reconhecimento “emperra”. Isso porque disputas geopolíticas podem impedir o reconhecimento de um país, mesmo que ele seja funcionalmente independente.

Por que há divergências no número de países

As divergências em relação ao número de nações independentes são motivadas por uma série de razões diversas. Entre as principais, é possível destacar:

Conflitos territoriais e disputas por independência

Muitas regiões reivindicam independência de outras nações maiores, mas não conseguem apoio internacional suficiente.

Reconhecimento parcial

Alguns países são reconhecidos por um grupo de nações, mas não pela comunidade internacional como um todo. Isso se deve aos interesses opostos de muitas nações ao redor do mundo.

Pressões diplomáticas

Taipei, capital de Taiwan
Países como Taiwan não são formalmente reconhecidos pela ONU e outras nações (Foto: Reprodução/Wikipedia)

As principais potências internacionais frequentemente influenciam o reconhecimento (ou não) de determinados países, com base em seus próprios interesses. Isso porque, muitas vezes, alguns países que têm grande dependência econômica ou política de uma nação maior não têm nenhum interesse em contrariar a orientação recebida.

Critérios para definir um país variam de acordo com a instituição

Se a ONU segue uma convenção quase centenária, mais antiga que a própria entidade, outras organizações internacionais adotam critérios diferentes para reconhecer um país. O Comitê Olímpico Internacional (COI), por exemplo, reconhece 206 Comitês Nacionais Olímpicos. Número que inclui até mesmo alguns territórios que não são Estados soberanos, como Porto Rico (que faz parte dos Estados Unidos) e Hong Kong (ligado à China). Já a FIFA, órgão que regula o futebol mundial, reconhece 211 associações nacionais, 16 a mais do que a ONU.

Países com reconhecimento limitado ou controverso

Entre os países ou territórios que funcionam como Estados independentes, mas não têm reconhecimento universal, alguns se destacam na geopolítica mundial por uma série de questões conflituosas.

Taiwan

  • Status: Não é membro da ONU
  • Reconhecimento: Reconhecido por cerca de 12 países
  • Motivo da controvérsia: A China considera Taiwan uma província rebelde, e pressiona para que outros países não o reconheçam como Estado independente. Por isso, mesmo sendo um território com governo próprio, moeda, exército e eleições democráticas, Taiwan é excluído da maioria das organizações internacionais.

Palestina

faixa de gaza palestina
Conflitos entre Israel e Palestina impedem o reconhecimento definitivo da nação árabe (Foto: REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa)
  • Status: Observador permanente na ONU
  • Reconhecimento: Reconhecido por mais de 130 países
  • Motivo da controvérsia: O reconhecimento da Palestina está no centro do conflito entre israelenses e palestinos. A ONU reconhece o Estado palestino como observador, mas ele não é um Estado-membro pleno, principalmente devido à oposição de países como os Estados Unidos e Israel.

Kosovo

  • Status: Não é membro da ONU
  • Reconhecimento: Reconhecido por mais de 100 países
  • Motivo da controvérsia: Declarou independência da Sérvia em 2008. Muitos países o reconhecem como Estado soberano, mas outros — incluindo a Rússia e a própria Sérvia — não aceitam sua separação.

Saara Ocidental

  • Status: Disputa territorial
  • Reconhecimento: Reconhecido por alguns países e pela União Africana
  • Motivo da controvérsia: O território é reivindicado tanto pela Frente Polisário, que luta por sua independência, quanto pelo Marrocos, que o controla em grande parte.

Coreia do Norte e Coreia do Sul

Embora ambos sejam amplamente reconhecidos, cada um alega ser o único governo legítimo da península coreana. Essa situação até certo ponto inusitada mostra que mesmo países com assento na ONU podem ter suas legitimidades contestadas regionalmente.

Afinal, quantos países existem?

Diante dessas variáveis, a resposta ara a pergunta aparentemente simples depende da perspectiva adotada e da fonte utilizada. Saiba quantos países são reconhecidos por algumas das principais entidades internacionais;

  • ONU: 195 (193 membros + 2 observadores)
  • COI (Comitê Olímpico Internacional): 206
  • FIFA: 211
  • Outras entidades: dependendo das fontes, outras organizações internacionais reconhecem entre 200 e 220 nações entidades soberanas.

Em resumo, essa discussão revela que o conceito de país é tanto político quanto jurídico, e está sujeito a influências internacionais. Em um mundo cada vez mais conectado — mas também polarizado —, a existência de um país vai além de bandeiras e hinos: ela é, acima de tudo, uma questão de reconhecimento.

Enquanto houver conflitos geopolíticos e interesses estratégicos divergentes entre as grandes potências, a resposta à pergunta “quantos países existem no mundo?” continuará sendo uma questão aberta, marcada por disputas e incertezas.

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perfil Luciano Balarotti
Luciano Balarotti

Repórter

Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.

Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.