Advogado de mulher que tentou raptar um bebê afirma que ela está com depressão
Paulo Jean da Silva, o advogado de Talita Meireles, a jovem suspeita de tentar raptar um bebê no Hospital do Trabalhador, afirmou que sua cliente está passando por um estado depressivo. Nesta quinta-feira (15), o advogado participou ao vivo do programa Balanço Geral Curitiba e foi categórico ao afirmar a motivação do crime: “Queria ser mãe. O único objetivo dela era ser mãe, apresentar para a sociedade o filho, esse é o motivo”, disse Silva.
“Não se trata de uma criminosa, não se trata de uma sequestradora, e sim uma moça que perdeu seu bebê, quer seja ele uma gravidez biológica, quer seja emocional, mas assim, ela perdeu o bebê realmente e está passando por um estado depressivo e puerperal”.
enfatizou o advogado.
- Veja também: “Ela mentiu em seu interrogatório”, revela delegada sobre mulher que tentou sequestrar recém-nascido
- Leia mais: “O que ela fez, não se faz com ninguém”: diz mãe de bebê que quase foi raptado em hospital; assista
O advogado não deixou claro se Talita estava mesmo grávida ou se teve a gestação acompanhada pelo sistema público ou privado de saúde. “Eu posso adiantar que o pré-natal não é a base para se confirmar uma gravidez, nós sabemos que existem muitos casos de gravidez que não são acompanhados nos postos de saúde. A princípio não está claro o pré-natal dela, se foi feito em Curitiba, se foi feito em Colombo, ou se existe. No curso do processo será comprovado”, explicou Silva.
Mentiu em depoimento
A delegada responsável pelo caso, Ellen Victer, do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítima de Crimes (Nucria), informou que Talita mentiu em depoimento para a polícia. A jovem tinha afirmado que tentou raptar o bebê pois tinha sofrido um aborto no dia 27 de junho deste ano, e que havia feito um procedimento de curetagem na Maternidade Curitiba na data. Na unidade, porém, não foram encontrados registros de que a suspeita tenha sido internada.
Uma das linhas de investigação da polícia bate com a tese apresentada pela defesa da jovem, de que ela estaria passando por um problema psicológico. Neste sentido, a Justiça determinou que Talita, que estava presa desde segunda-feira (12), fosse encaminhada para um internamento provisório para que passa por exames médicos e por uma avaliação psiquiátrica.
O advogado de Talita argumentou que as informações prestadas pela jovem em depoimento não devem ser levadas em consideração, já que, segundo ele, ela não estaria apta a responder qualquer questão devido à sua condição psicológica.
Avaliação psicológica
O programa Balanço Geral Curitiba trouxe também para o estúdio o psiquiatra Dr. Luiz Fernando Petry para tentar elucidar o comportamento de Talita e identificar os motivos que podem ter levado a suspeita a tentar raptar um bebê.
Ao ser questionado sobre o impacto que um aborto poderia ter causado na jovem, o médico explica que existe a possibilidade de que Talita esteja passando por uma crise psicótica, e que não tenha tido senso crítico no momento para identificar que sua ação era errada.
“A princípio, é possível de fato que após a perda de uma gestação, tanto por mudanças hormonais que acontecem no corpo da mulher, como o próprio choque que o luto pode causar, que isso possa dar início à um quadro de depressão. Mas nesse caso eu diria que algo até mais grave, como um quadro psicótico, como se ela tivesse algum tipo de fenômeno delirante, que tivesse acreditando que ainda estava grávida. [Isso] poderia justificar, de forma talvez até bizarra, o seu comportamento. É uma possibilidade”.
Descreveu Petry.
A verdadeira mãe do bebê
A verdadeira mãe do bebê que, por pouco, não foi raptado, já foi liberada do Hospital do Trabalhador e agora está em casa, cuidando do filho, Davi. Pâmela Assunção contou que o susto foi grande e que ainda está se recuperando emocionalmente. “Até agora eu estou muito abatida pelo que aconteceu, nunca imaginei, tanto que quando eu falei, ninguém estava acreditando em mim. Porque é cena de novela”. Pâmela também afirmou que, durante o encontro que teve com a suspeita, ela não aparentava remorso.
“Eu nem consigo pensar nela, porque ela foi tão fria a hora que ela me viu, falando que não foi ela, que o nenê era dela, ela foi muito fria, em nenhum momento ela mostrou para mim arrependimento. A hora que os policiais chegaram, em nenhum momento ela chorou ali, do tipo ‘ai, meu deus, o que que eu fiz?’”.
Disse a mãe de Davi.
A mãe do bebê disse que ainda não consegue perdoar Talita e que tem medo de pensar no que poderia ter acontecido caso a jovem não fosse impedida no momento em que tentava sair do hospital. “A gente não faz isso com uma mãe, será que se ela tivesse conseguido, ela ia me devolver? Ela não ia me devolver, nunca mais eu ia ver o meu filho”, refletiu.
Câmeras de segurança registraram a mulher tentando sair do hospital com o bebê recém-nascido no colo:
Tentativa de rapto
Talita foi barrada na noite de segunda-feira (12) enquanto tentava sair do Hospital do Trabalhador com o bebê recém-nascido, filho de Pâmela. Um segurança estranhou o fato da jovem estar sem a pulseira de internação da unidade e impediu que ela saísse com a criança.
Talita teria vestido uma roupa de enfermeira, ido até o quarto de uma mulher que estava com o filho recém-nascido e dito que levaria o bebê para fazer exames. Sem suspeitar da real intenção da jovem, a mãe liberou a criança.
Em nota, o Hospital do Trabalhador informou que essa foi a primeira vez, em 27 anos de funcionamento, que a unidade registrou esse tipo de situação. Ainda, a instituição destacou que o crime foi impedido devido aos protocolos de segurança da unidade.