Allana Brittes diz em entrevista: "o Daniel não morreu de graça"
Na noite desta segunda-feira (12), Allana Brittes concedeu uma entrevista exclusiva ao Conexão Repórter, comandado pelo jornalista investigativo Roberto Cabrini.
Pela primeira vez, Allana deu o seu ponto de vista do crime, e por diversas vezes afirmou que o jogador Daniel Corrêa, de 24 anos, não morreu de graça no dia 27 de outubro de 2018.
“Ele não foi a única vítima no meu ponto de vista”.
Allana Brittes diz em entrevista que pai pediu perdão após chegar da “cena do crime”
Relevações pertinentes foram ditas pela filha de Edison Brittes, assassino confesso do jogador. De acordo com a jovem, a dor da família de Daniel é compreensível, mas não única. “A minha família foi destruída assim como a dele. Eu não tenho vida mais. A minha vida acabou. A minha vida é a minha família, e hoje eu estou sem eles”.
No início da entrevista, o jornalista Roberto Cabrini questionou Allana sobre quem seria o autor do crime. Sem hesitar, ela não recua.
“Quem matou o Daniel foi meu pai, mas quem procurou tudo isso foi o próprio Daniel, a partir do momento que ele entrou naquele quarto, ele se auto (…). ele não pensou nas consequências que poderiam vir. Era uma mulher casada, Uma mulher embriagada dormindo. Era uma casa de família. Mas ele não pensou isso. Ele achou que só pelo fato dele ser um jogador, ter dinheiro, que ele podia fazer tudo, e as coisas não funcionam assim”, justificou a jovem.
De pai pra filha, Allana afirma que nunca conversou sobre o crime com Edison. Conforme ela, seu conhecimento a respeito da morte do jogador se deu após o pai chegar em casa e pedir perdão no dia 27 de outubro. “Depois que eles chegaram, meu pai entrou pela porta, me abraçou, e me disse ‘me perdoa filha, me perdoa’, e começou a chorar”.
Naquele momento, a jovem diz que tentava entender o motivo do pai dizer aquilo. “Ele disse: ‘só quis proteger sua mãe‘, chorando e me abraçando”, conclui Allana.
“O Daniel não morreu de graça”
Independente do que tenha acontecido, Allana afirma que a imagem que possui do pai não mudou.
Ao ser questionada sobre a maneira que enxerga e interpreta o crime, um assassinato tão brutal, ela diz que prefere não pensar. “Eu não sei, eu procuro não pensar. Eu sempre vou ver ele como meu pai. Como a pessoa que fez tudo por mim durante 18 anos. (…) Eu vou estar sempre do lado dele. Eu vejo ele como pai”, diz ela em lágrimas.
Sem julgamentos e com a certeza de que o pai não procurou pelo crime, Allana Brittes explica em entrevista que não condena Edison.
“Ele jamais imaginou isso. O Daniel procurou isso. Ele foi na minha casa sem ser convidado, ele entrou no quarto da minha mãe sem ser convidado, ele importunou ela enquanto ela estava dormindo”.
Para Allana, em suas palavras “o Daniel não morreu de graça. Não apanhou de graça. O Daniel procurou isso. Ele foi na minha casa sem ser convidado. Entrou no quarto da minha mãe sem ser convidado. (…). As pessoas julgam mas nunca pararam para se colocar no lugar do meu pai”, diz Allana emocionada.
Consciente das mentiras contadas no decorrer do processo, a jovem de apenas 18 anos afirma que errou para proteger o pai. “Não foi mentir, naquele momento eu não podia falar o que realmente estava acontecendo”, responde.
Quem é Allana?
Após passar nove meses presa, a ré afirma que ficou o tempo todo em uma cela com a mãe.
Na saída, Allana descreveu a Cabrini sua sensação: “foi como se tivessem arrancado um pedaço de mim. A pior sensação foi sair e não poder levar ela”.
Para Allana, as pessoas possuem uma imagem deturpada de quem ela realmente é.”Uma Allana que não existe. Eu sou uma menina de 18 anos que só queria ter comemorado o aniversário, e entrou em um pesadelo”, afirma.
Apesar de descrever a situação como pesadelo, Allana vive a realidade de responder por coação no curso do processo, fraude processual e corrupção de menor.
Caso Daniel: relembre quem são os réus do processo
Os sete réus envolvidos na morte de Daniel respondem por crimes diferentes. A partir desta terça-feira (13), todos são ouvidos no Fórum de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
A princípio, a juíza espera ouvir todos os envolvidos em até três dias. Confira os crimes que cada um responde:
- Edison Brittes (38 anos): homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor e coação no curso do processo;
- Cristiana Brittes (35 anos): homicídio qualificado por motivo torpe, coação do curso de processo, fraude processual e corrupção de menor;
- Allana Brites (18 anos): coação no curso do processo, fraude processual e corrupção de menor;
- Eduardo da Silva (19 anos): homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor;
- Ygor King (19 anos): homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor;
- David Willian da Silva (18 anos): homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual, corrupção de menor e denunciação caluniosa;
- Evellyn Brisola (19 anos): denunciação caluniosa, fraude processual, corrupção de menor e falso testemunho.