Presidente de sindicato ataca colégios cívico-militares: "É um vexame para a história da educação"

por Guilherme Becker
com informações da rádio Jovem Pan Paraná
Publicado em 3 nov 2020, às 11h40.

O presidente da APP Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná), professor Hermes Leão, e o diretor geral da Secretaria da Educação e do Esporte (Seed), Glaucio Dias, participaram de um debate sobre o modelo de colégios cívico-militares na manhã desta terça-feira (3), na rádio Jovem Pan. Nos estúdios de Curitiba, os representantes apresentaram discursos diferentes sobre as propostas.

O professor Hermes questionou que os policiais foram treinados para realizar a segurança pública e não para ocupar escolas. De acordo com o representante da APP Sindicato, os militares não devem interferir na área de educação. “A segurança pública aliás tem muita dificuldade”, comentou.

“Nós não temos aqui no Paraná e nem no Brasil uma segurança preventiva. Haja vista os altos índices de criminalidade. Então você buscar os policiais inativos da Polícia Militar, que tiveram a formação para segurança pública, entendemos que as escolas devem ser coordenadas e dirigidas por profissionais da educação, com formação continuada”, explicou Hermes.

Quando questionado sobre a falta de segurança dentro das escolas e de agressões contra professores, Hermes apontou que é um problema da sociedade. “Violência em sala de aula, é um problema da sociedade, a sociedade é violenta. Discurso irresponsável do governo. Candidato ganhando eleições com candidatos fazendo arminhas com as mãos. Não tem professor sendo morto por aluno não”, declarou.

Hermes ainda destacou que a Polícia Militar tem sérios problemas com os profissionais. “Nós estamos com uma Polícia Militar doente, alto índice de suicídio entre policiais, uma formação precária que não dá conta da segurança preventiva”, falou.

Secretaria de Educação defende modelo cívico-militar

Durante o debate, o diretor geral da Seed, Glaucio Dias defendeu que não haverá uma “militarização” dos colégios e que a disseminação de fake news atrapalha a aplicação do modelo.

“Não existe militarização. Toda a gestão continua com os profissionais da educação. Os militares não entrarão dentro das salas de aula. […] No modelo nós teremos duas funções para os militares, um será o diretor cívico-militar, que será subordinado ao diretor da rede de ensino; e os monitores. Serão no máximo cinco policiais por colégio”, esclareceu Glaucio.

O diretor da Seed ainda destacou que o projeto teve início em setembro de 2019, em apenas sete colégios. Com a aprovação foi criada a lei, que permitiu a instituição do modelo em 216 colégios no Paraná. Entretanto, a mudança depende de uma consulta pública, que teve início na semana passada e já conta com a participação de mais de 72 mil pessoas.

De acordo com Glaucio, a última contagem revela que das 215 escolas selecionadas, 195 já tiveram quórum, com 175 aprovadas para mudança e apenas 20 com a recusa. “Já tem escola na lista de espera visto que alguns não foram aprovados”, revelou Glaucio.

Confira o debate completo: