"Eu não devo nada": Ricardo Barros nega envolvimento no caso Covaxin e acusa CPI de estar criando teses

Publicado em 13 ago 2021, às 08h01. Atualizado às 11h14.

A Jovem Pan Paraná entrevistou, nesta sexta-feira (13), o deputado Ricardo Barros (PP-PR), um dia após a participação do líder do Governo na CPI da Covid-19. O parlamentar voltou a ressaltar que não teve envolvimento em nenhum esquema de pedido de propina nas negociações das vacinas contra o novo coronavírus, afirmou que não tem medo da quebra de sigilo e acusou a CPI de estar criando teses, “inventando argumentos” em uma estratégia de oposição ao presidente Jair Bolsonaro.

O deputado, que tem imunidade garantida por se tratar de um parlamentar, argumentou que deixou que a CPI fizesse diversas quebras de sigilo para que pudesse esclarecer sua inocência.

“Eu fui à CPI, jurei falar a verdade, o que não precisava, porque eu estava lá como convidado, portanto qualquer nova oitiva minha na CPI se dará nas mesmas condições em que estava ontem. Eu nem posso ser convocado pelo Senado, eles sabem disso, eles nem podem quebrar o meu sigilo, mas eu também nem estou me importando com isso. Já tem decisão do Supremo que não pode quebrar o sigilo de parlamentar na CPI, sigilo de parlamentar só o Supremo Tribunal pode quebrar. Mas eu também não liguei, deixei quebrar o sigilo, eu não devo nada.”

disse Barros.

Ao ser questionado sobre suas falas na CPI, Ricardo Barros frisou que não irá permitir que as mentiras ditas sobre ele – em relação à suspeita levantada pelo também deputado Luis Miranda sobre a participação de Barros no caso Covaxin – sejam repetidas até que se tornem verdade.

“Mas também não vou permitir que eles fiquem repetindo mentiras até que elas virem verdade, não virarão verdade. Eu sou parlamentar tanto quanto eles, não estou ali para ficar ouvindo tanta bobagem de pessoas que estão fazendo apenas uma campanha de oposição ao governo, sem retrucar. Se eles me chamarem de novo, vão ter um duro embate de novo, eu não vou ouvir tanta mentira na CPI da Covid sem refutar. E eu refutei todas elas com documentos. Por isso eles estavam tão perdidos, tão sem capacidade de vencer o debate, que suspenderam o jogo.”

Ainda, Ricardo Barros negou veemente que tenha participado do esquema de pedido de propina na compra de vacinas contra a Covid-19 e disse que tentou ajudar o Brasil a conseguir mais imunizantes para a população, acelerando e aprovando as leis que facilitavam a tramitação das vacinas.  

“Eu não participei e já cansei de falar que não participei [do caso Covaxin]. Eu, como todos os demais, nós tentamos ajudar o Brasil a ter mais vacinas. As leis autorizativas para comprar vacinas, para facilitar a tramitação e diminuir o prazo da Anvisa, foram aprovadas por unanimidade na Câmara e no Senado. Isso é uma  falácia. É que eles perderam a narrativa que eles tinham agora, que é essa história que o presidente teria falado, já provei na CPI que o presidente perguntou, porque levaram a minha fotografia em uma matéria de jornal de que eu estava envolvido no caso Global, e o presidente perguntou se eu estava envolvido no caso Covaxin. E eu demonstrei isso cabalmente lá, aí perderam esse argumento e querem inventar outro, em cima do nada de novo.” 

frisou o deputado.

Durante a entrevista, Barros disse que a CPI já ouviu diversas pessoas e que não foi possível provar a acusação de Luis Miranda. “A CPI já está esvaziada, todas as linhas de investigação deles deram em absolutamente nada. Todas as pessoas que eles ouviram negaram que eu pudesse ter participado da negociação da Covaxin, mais de 10 pessoas que tramitaram a documentação disseram que nunca falaram comigo sobre o assunto. Então acabou essa tese deles“, afirmou o deputado.  

O presidente declarou, publicamente, que ele não tem nada contra mim e que eu estou mantido líder do Governo. Ora, se ele tivesse dito que eu estou envolvido com a Covaxin, não teria me mantido líder do Governo. As coisas são óbvias, claras.”

argumentou.

O deputado voltou ainda a dizer que não tem nada a esconder e, por isso, permitiu a quebra de sigilo. “Eu sou pessoa pública, eu não tenho que ter nada a esconder. Eu não tenho nenhuma preocupação com a quebra de sigilo. Se eu me mover uma palha, eu impeço a quebra de sigilo. Porque tem uma jurisprudência clara do Supremo Tribunal Federal que a CPI não pode quebrar o sigilo de parlamentares, os parlamentares têm imunidade. Eu estou no exercício do meu mandato, eles têm que pedir ao Supremo para quebrar o meu sigilo”, pontuou.

Ao ser questionado sobre o motivo que teria levado o deputado Luis Miranda a afirmar o seu envolvimento no caso Covaxin, Barros justificou que o parlamentar poderia estar “contrariado” após não ser escolhido como relator da reforma tributária. “Ele declarou na CPI que perdeu a relatoria da reforma tributária, que tomaram tudo dele, que ele não tinha mais nada a perder. Eu não sei qual o problema do Luis Miranda, eu acho que ele queria ser relator da reforma tributária, não foi escolhido, ficou contrariado. Então me parece isso, nem tem a ver comigo, é o presidente da Câmara que escolhe o relator das matérias”, disse.