Mauro Sampietri foi acusado de matar, esquartejar e queimar partes do corpo da esposa em uma churrasqueira
Mauro Sampietri, de 59 anos na época do crime, acusado de matar, esquartejar e queimar partes do corpo da esposa em uma churrasqueira passou por Júri Popular nesta terça-feira (11) e foi condenado a 21 anos de prisão e multa em regime inicial fechado. Claudete Sampietri, também de 59 anos, foi morta no dia 20 de janeiro de 2017, em Curitiba.
Mauro Sampietri é condenado
O júri popular foi composto por cinco mulheres e dois homens. Eles ouviram 12 testemunhas, entre segunda e terça-feira. Com o veredicto, a família comemorou e Sampietri parecia não acreditar na sentença. Após ouvir, balançou a cabeça em negação. Mauro Sampietri saiu algemado do tribunal para a Penitenciária.
Com expressão de raiva, disse poucas palavras ao entrar na viatura do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). “Sou inocente, sou inocente!”, declarou e, em seguida, orientou que outras perguntas fossem feitas para Samir Mattar Assad. Na soma da pena, a juíza Michelle Stadler levou em consideração as qualificadoras de motivo torpe e feminicídio, além do crime de ocultação de cadáver.
Julgamento de Sampietri
Foram dois dias de julgamento e mais de 23 horas de depoimentos e debates. Mauro Sampietri foi ouvido por quase quase horas e, em um dado momento, chegou a se emocionar. A defesa afirmou que não haviam provas circunstânciais para condenação, porém, não foi esse o entedimento do júri.
Para o Ministério Público (MP-PR) e os assistentes de acusação, Sampietri é um assassino frio e calculista.
Claudete Sampietri assassinada
A vítima, Claudete Sampietri, foi vista com pela última vez com vida na hora do almoço, segundo a versão de Mauro. Na ocasião, ele saiu de casa para levar uma marmita para o filho mais novo dos dois e quando voltou não encontrou mais a esposa. Seu desaparecimento foi registrado na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e, cerca de três dias depois, um tronco foi encontrado em chamas, ao lado de uma quadra de esportes, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Quase dois meses depois, exames, realizados pelo Instituto Médico Legal (IML), confirmaram que se tratava de Claudete. Mauro foi preso no mesmo dia e sempre negou o crime.
Um dos filhos da vítima informou, em depoimento, que só foi comunicado do desaparecimento de sua mãe dois dias depois. “A gente começou a notar que ele não estava muito preocupado em procurar ela”. Para a nora de Claudete, Mauro chegou a afirmar que a jovem deveria esquecer da mulher porque ela não voltaria mais.
“Ele falava assim para mim, para mim esquecer que ela não voltava mais. Ele também tinha muita pressa em vender a casa e ir embora para bem longe. Chegava até me chamar para ir junto”, disse também em depoimento. Três dias após o desaparecimento da esposa, Sampietri contratou uma diarista para limpar o local, mas ela também achou a história estranha.
“Eu senti um cheiro horrível na cozinha, que ele estava queimando uns papéis. Daí, eu perguntei ‘Que cheiro é esse?’, e ele disse ‘São uns ossos que eu estou queimando ali e joguei uns papéis em cima e está queimando’. Que ele tinha assado carne e os ossos estavam lá dentro da churrasqueira. Eu fui lá no quarto dela e comecei a estranhar, estava o celular dela, o relógio, os hidrantes todos que ela gostava. Aí, eu comecei a estranhar aqui ali”, contou a mulher à Justiça.
A filha do casal também relatou em depoimento que viu manchas de sangue na cozinha e um pano supostamente sujo de sangue de molho em um balde. Durante a audiência de instrução, ela também afirmou que depois do que aconteceu com a mãe, eles desconfiavam que o pai também teria assassinado seu avós paternos, assassinados em 1997, em Campinas, em São Paulo.
“A gente descobriu um lado assim, que agora, ele, provavelmente, tenha matado meu vô e minha vó também”. A mulher ainda lembrou que o avô foi morto a tiros enquanto a avó foi espancada e enforcada com um fio de ferro de passar roupa dentro de casa”. Mauro e Claudete estava junto há cerca de 30 anos, tinha três filhos e vivia em uma residência no bairro Cajuru, em Curitiba.
Acusação
Segundo a assistente de acusação, Juliana Molina, Mauro matou a esposa.“Para o Ministério Público, a Claudete estava fazendo o almoço para o Gabriel [filho do casal]. O Mauro foi buscar esse almoço e nesse meio tempo ocorreu o homicídio da Claudete. Ao que tudo indica, pela quantidade de sangue que foi encontrado através do luminol, quando foi jogado o reagente, alguma pancada nela ocorreu ao lado da geladeira. Logo após o homicídios, o MP acredita que o Mauro tenha escondido ela na gráfica [o casal era dono de uma gráfica] para passar um tempo e mais a noite tenha feito o esquartejamento e pela manhã, levado ela até a localidade de Pinhais”, afirmou.
Ainda conforme o MP-PR, Claudete não tinha inimigos e não havia motivação para que alguém, quisesse matá-la. “Não teve outra linha de investigação do que aconteceu. A motivação seria o fato de o Mauro não aceitar a separação para não ocorrer a divisão dos bens dele, que seria a casa e o carro e pagar uma pensão para ela. Que segundo ela informava para a Tânia na época, era em torno de R$ 700”, explicou Juliana.
A defesa do acusado nega o crime. “A gente tem elementos que não indicam a autoria do senhor Mauro e a participação de terceiras pessoas que não foram investigadas de maneira oportuna e eficaz”, disse o advogado Samir Mattar Assad. Ele também afirma que o cliente é inocente: “O Ministério Público de maneira irresponsável está trazendo ao banco dos réus uma pessoa inocente. Não existe uma prova técnica que enseje a autoria em relação ao senhor Mauro”.
Carta encontrada
Meses após a morte da mãe, Gabriel, o filho mais novo limpava a casa quando encontrou uma carta com conteúdo suspeito escondida em um buraco na parede. “Eu estava limpando a casa, ai eu bati com a vassoura e caiu, tinha uma caixa segurando, só que caiu a tampa. Aí, quando eu fui colocar a tampa de volta, eu vi que tinha um pedaço de papel. Aí, eu vi que tinha a carta e um monte de coisas que eu achei. A foto dela, cartão”, explicou o filho na época. A carta dá a atender que a vida de Claudete foi oferecida em um ritual de magia negra. Veja o conteúdo:
“Ei loucura, estou te procurando há mais de um mês. Onde se tá, vamos fazer outro culto. Mas precisamos de outra mulher, mas desta vez ve se trais uma loira. Tem que ser novinha, bem bonita dessa vez em. A velha da outra vez deu muito trabalho. Só serve agora se for nova. Você sabe como faz, leva lá na Holandês, na casa da chácara. Só de noite em, eu tô dormindo. Fica esperta. A velha Claudete deu até televisão. Já sabe, não pisa na bola. Vem falar comigo na chácara ta certo. Já sabe,tem que ser loira e novinha. Até mais, loucura”.
Uma perícia realizada confirmou que a carta não foi escrita pelo acusado.
*Com informações de Daniel Santos e Giulianne Kuiava, da RICTV Curitiba