Forçada a se casar em setembro, a paquistanesa Asiya Bibi, de 20 anos, tinha um plano tenebroso para poder acabar com o matrimônio arranjado. (Foto: R7)

Forçada a se casar, causou a morte dele e de parentes que tomaram a bebida; ela teve ajuda do amante

*Do R7

Forçada a se casar em setembro, a paquistanesa Asiya Bibi, de 20 anos, tinha um plano tenebroso para poder acabar com o matrimônio arranjado. A mulher, moradora de Muzaffargarh, centro-sul do Paquistão, botou veneno de rato na garrafa de leite do marido, Amjad Akram, de 25. Achou que só ele tomaria. Mas, por sugestão da mãe, o homem decidiu dividi-la: despejou o líquido numa jarra com uma bebida tradicional nessa região — o lassi, feita com iogurte. O marido serviu o lassi envenenado para outras 27 pessoas de sua família num almoço. O homem bebeu com elas. Asiya acabou provocando a morte do marido e, por acidente, a de mais 14 da família dele. Além das quinze mortes, doze pessoas que consumiram a bebida estão internadas, numa tragédia que chocou o país.

Ajuda do amante

A polícia descobriu que Asiya teve ajuda do amante, Shahid Lashari (que não teve a idade divulgada e aparece na foto com um capuz), e de uma tia dela, Zarina Mai. A tia teria, segundo os investigadores, tramado o plano de envenenar o leite de Amjad. Asiya concordou com o plano porque queria, como contou em entrevista à GEO TV, emissora local, “se livrar do marido” e poder voltar para a família com “o homem que realmente amo” — o amante Shahid.

Mas o leite com veneno acabou sendo servido para 27 membros da família do marido em um almoço na última terça (24). Uma menina de 7 anos está entre as 15 vítimas. Mais 12 parentes, incluindo a mãe do marido, estão internados em hospitais da cidade de 226 mil habitantes.

Casamento arranjado

Detida, Asiya negou inicialmente as acusações. Mas confessou que estava insatisfeita por se casar com um homem que nem conhecia. “Meus pais e os dele arranjaram o casamento, contra a minha vontade”, comentou. “Isso tudo acabou em tragédia, mas não era para ser assim”.

Ela disse que já namorava Shahid antes do casamento, ocorrido em setembro na cidade de Valvati. Revelou que continuava se encontrando com o amante mesmo depois do casamento. Disse que queria fugir com ele para “perto de seus pais”. Quando admitiu que colocou o veneno para o marido, ela afirmou: “Sim, eu botei essa substância no leite. Não era justo comigo conviver sob o mesmo teto com uma pessoa que mal conheço”. Ela não tem ficha policial: “Sofri muito casada sem o meu consentimento”

Quando informada da morte de outros convidados, a paquistanesa foi seca, de acordo com a Geo TV, do Paquistão: “Sinto remorso. Foi um acidente e estavam todos celebrando com meu marido num almoço”. “Não sabia que minha sogra iria colocar a bebida no lassi e servir para familiares dele. Não pretendia prejudicar ninguém. Só queria ficar com o homem que eu amo”, ela afirmou ainda.

Investigações

A polícia disse que vai interrogar a garota por pelo menos mais duas semanas para tentar descobrir mais detalhes sobre o assassinato. Ela disse que o amante, que também está preso, assim como a tia de Asiya, foi contra o envenenamento, mas ele acabou declarando no interrogatório que apoiou a garota na hora de pôr o plano em prática. Contou ainda que conseguiu o veneno e forneceu a Asiya.

Abusada e agredida

Asiya disse que tinha advertido os pais, antes do casamento, que faria qualquer coisa para não se casar com aquele homem que escolheram para ela. “Avisei que estava disposta a cometer atos extremos se me casasse com ele”, contou. Casamentos arranjados entre famílias são comuns no interior do Paquistão ou áreas rurais ou pobres do país. Assassinatos decorrentes desse tipo de união forçada também são frequentes.

Em setembro, de acordo com a GEO TV, um casal morreu envenenado em Raiwind, região central do país. Os pais de Basharat, o noivo de 23 anos, denunciaram que parentes da noiva Amna, de 21, botaram veneno na comida do casal, que acabou morrendo.

O chefe de polícia Sohail Habib Tajak lembrou que o assassinato cometido por Asiya foi planejado duas semanas antes do dia do envenenamento, como ela contou. Em setembro, ela chegou a fugir, logo após o casamento, para a casa dos pais. Foi duramente repreendida e teve de retornar à casa do marido. Ela se queixa de ter sido abusada e agredida por ele. E garante: “Não me arrependo do que fiz”

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