Beto Richa quebra silêncio e concede entrevista ao Grupo RIC: “Tentaram infernizar minha vida"
Em sua primeira entrevista após a candidatura ao Senado (2018) e as prisões, Beto Richa conversou na manhã desta quarta-feira (27) com o jornalista Marc Sousa, da rádio Jovem Pan Paraná. Nos estúdios do Grupo RIC, o ex-governador comentou sobre o período que esteve afastado dos holofotes, dos momentos difíceis que toda família enfrentou e sobre o futuro político.
“Ao longo destes três anos eu me recolhi, adotei o silêncio para ter paz. Tentaram infernizar minha vida. Minha candidatura (ao senado) foi cassada de forma ditatorial, de forma arbitrária e ao arrepio da lei. Você sabe muito bem que existem pré-requisitos para prisão de qualquer brasileiro. Eu pergunto, que pré-requisito eu preenchi para ser sequestrado a poucos dias das eleições, praticamente 20 dias das eleições. […] não respeitaram a livre vontade popular do eleitor em poder participar daquele pleito com meu nome, que estava muito bem cotado para ser eleito senador da república”,
declarou Beto Richa.
O ex-governador aproveitou para elogiar a Lei de Abuso de Autoridade (nº 13.869), sancionada em setembro de 2019. “Nada mais justo […] comigo cometeram todos os abusos possíveis e imagináveis”. Segundo Beto Richa houve perseguição contra ele e sua família.
“O meu processo não foi jurídico, o meu processo foi político eleitoral. Se não preenche nenhum requisito, como é que foi acontecer aquilo. Tenho várias provas que comprovam a perseguição. Invadiram a minha casa, atingiram toda a minha família, eu, meu irmão e minha esposa. Você sabe que completaram três anos agora desse sequestro. Minha esposa não foi denunciada até hoje, não tem processo em relação a essa arbitrariedade”,
destacou Richa.
O ex-governador mostrou bastante decepção ao comentar sobre o Ministério Público do Paraná (MP-PR). Richa declarou que durante os mandatos no governo do estado sempre valorizou a categoria, porém, lamenta tudo que aconteceu durante as investigações.
“Eu sou muito justo, embora dê para perceber a minha indignação que é enorme. Nós demoramos uma vida para construir uma reputação e vem meia dúzia de desqualificados tentar macular a nossa biografia. Veja a história que começa com meu pai, José Richa, reconhecido no país inteiro. Veja minha história política, prefeito mais bem avaliado do Brasil, fui eleito com a maior votação da história de Curitiba, eu venci em 100% das urnas, eleito e reeleito em primeiro turno no governo do estado […] Então você começa a ter sucesso e isso incomoda muita gente, quero deixar claro, respeito muito o Ministério Público do estado”,
comentou Beto Richa.
Durante a entrevista, o ex-governador ainda revelou torturas contra delatores, detalhes das investigações e o futuro na política. Confira a entrevista completa:
Prisões de Beto Richa
O ex-governador Beto Richa foi preso em três oportunidades, entre setembro de 2018 e abril de 2019. O político foi investigado em quatro operações: Operação Rádio Patrulha, Integração, Piloto e Quadro Negro.
No dia 11 de setembro de 2018 Beto Richa foi detido pela primeira vez. A pedido do Ministério Público do Paraná (MP-PR), o ex-governador foi preso pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) na operação Rádio Patrulha. Os policiais investigavam possível pagamento de propina a agentes públicos e direcionamento de licitações de empresas.
No mesmo dia, Beto Richa foi alvo da operação Lava Jato. No dia 14 de setembro, o ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, pediu a soltura de Beto Richa.
Já no dia 29 de janeiro de 2019, Beto foi denunciado pelo MP-PR acusado de corrupção passiva e pertencimento a organização criminosa em um esquema de propina em contratos de concessão de pedágio. O ex-governador foi solto no dia 1 de fevereiro, a pedido do presidente do STF, João Otávio de Noronha.
Por fim, em 19 de março de 2019, Beto Richo foi preso em desdobramento da operação Quadro Negro, que apura o desvio de 20 milhões em obras de escolas públicas. O ex-governador foi solto no dia 4 de abril após pedido da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).