“Querem cinco minutos de fama”, dizem procuradores de Curitiba sobre colegas do RN que apresentaram ação contra Moro

Fala, Marc!

por Marc Sousa
Publicado em 31 ago 2021, às 17h31. Atualizado às 17h45.

A ação civil pública em que procuradores do Ministério Público Federal (MPF) de Mossoró, interior do Rio Grande do Norte, acusam o ex-juiz Sérgio Moro de ser parcial na Lava Jato e interferir nas eleições de 2018, e ainda pedem indenização por isso, causou indignação entre os membros da antiga Força-Tarefa da operação em Curitiba. A conclusão dos promotores do Paraná é que os colegas potiguares agiram sob influência ideológica. “São alinhados à esquerda”, disse um procurador que pediu para não ter o nome divulgado. 

Na ação, que tem 54 páginas, os procuradores Emanuel de Melo Ferreira e Luís de Camões Lima Boaventura, pedem à União para “reparar danos morais coletivos causados pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e pelo então juiz Sérgio Moro”. Eles dizem que o ex-juiz e a então Força-Tarefa teriam feito “ofensas reiteradas e sistemáticas contra o regime democrático ao atuar em ofensa do devido processo legal e de modo inquisitivo”. Terminam dizendo que a intenção é “proteger o regime democrático” com a “reavaliação crítica” da Operação.

Outro procurador de Curitiba observou que a dupla potiguar fez questão de trazer na ação uma série de outras “frases de impacto”, como as que alegam que os atos Moro supostamente “contribuíram decisivamente para a erosão democrática brasileira”. “Escreveram pensando nas manchetes”, afirma. Outro procurador foi mais enfático: “Querem cinco minutos de fama” concluiu. 

Boa parte dos membros da equipe da extinta Força-Tarefa acredita que a ação não vai prosperar e serve apenas para tentar desgastar ainda mais a imagem do trabalho de combate à corrupção no país. 

Na Espanha, ONU determina que juiz perseguido seja indenizado

Em um caso semelhante na Europa, o Comitê de Direitos Humanos da ONU entendeu que a Espanha “tem a obrigação” de “anular os antecedentes penais” do ex-juiz Baltasar Garzón e lhe garantir “uma compensação adequada pelo dano sofrido”.

Garzón foi o responsável por julgar os rumorosos casos “Franquismo” e “Gürtel”. Depois de uma perseguição, ele acabou afastado da magistratura em 2012. A ONU chegou à conclusão que existem “dúvidas” se o ex-juiz teve “acesso a um tribunal independente e imparcial”. Ele acabou condenado por prevaricação em um caso de escutas ilegais.