Ratinho Júnior e Dória negociam compra direta de Coronavac sem intermédio do Ministério da Saúde
O governador de São Paulo, João Dória (PSDB) revelou, em entrevista exclusiva que deu ao RIC Notícias, da RIC Record TV, na noite desta sexta-feira (13), que está em tratativas com o governador Ratinho Júnior para venda de vacinas Coronavac, do Instituto Butantan, ao governo paranaense. A venda deve ser direta, sem qualquer intermediação do Ministério da Saúde e pelo mesmo preço vendido ao governo federal, no início da campanha de vacinação contra a Covid-19.
No ano passado, Dória conseguiu trazer ao Brasil a fórmula da vacina Coronavac, do laboratório chinês Sinovac, para que fosse produzida pelo Instituto Butantan. Depois de resistência e críticas do presidente Jair Bolsonaro aoimunizante chinês, o Ministério da Saúde acabou fechando contrato com o Instituto Butantan para a compra de 100 milhões de doses da Coronavac, que foram as vacinas que deram início à imunização contra a Covid no Brasil, em 17 de janeiro deste ano. Elas foram distribuídas a todos os estados brasileiros. Só depois é que começaram a entrar no País vacinas de outros laboratórios, para compor o Plano Nacional de Vacinação.
Venda direta
Dória explicou que está concluindo a entrega do que foi acordado com o Ministério da Saúde. Cumprido o contrato, a partir de 1.º de setembro, o Instituto Butantan está livre para negociar e vender a vacina diretamente a quem quiser. Por conta disto é que o governador de São Paulo iniciou a viagem a diversos estados brasileiros, para oferecer o imunizante aos governadores. Ele diz que já fechou acordo com Ceará, Espírito Santo e Piauí.
O governador paulista esteve no Palácio Iguaçu, nesta sexta-feira, e revelou que Ratinho Júnior demonstrou interesse na compra da Coronavac. Nos próximos dias, disse Dória, devem acertar o quantitativo que o Paraná vai querer e os detalhes do contrato de venda.
“Desde o início ficamos do lado da ciência e da vida, enquanto o governo federal defendia a cloroquina e a morte. Nos protegemos vidas graças à Coronavac. Se não, teríamos perdido milhares de vidas por conta do adiamento (de compra de vacinas, por parte do governo federal). Agora temos a possibilidade de ajudar outros estados, para que pessoas possam tomar vacinas. Eu estou salvo porque tomei as duas doses. Eu tive Covid, passei por ela sem nenhum problema graças à Coronavac”, ressalto Dória.
Butanvac
O governador de São Paulo também falou, durante a entrevista, da Butanvac, a vacina que está sendo desenvolvida pelo instituto Butantan. Além da Coronavac, cuja fórmula é apenas replicada pelo Butantan, os pesquisadores do Instituto também estão desenvolvendo esta vacina própria.
Dória explicou que o imunizante está em testes em Ribeirão Preto, cidade no interior de São Paulo, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e Hospital de Clínicas. A vacina já está passando pelos programas de testagem 1, 2 e 3, conforme determina a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Até novembro, disse Dória, o imunizante já deverá estar 100% testado e apto para vacinação em massa. Ele ainda adiantou que já tem 10 milhões de doses da Butanvac produzidas e que, até outubro, deverá somar 40 milhões delas.
Processando o governo federal
Dória ainda falou na entrevista sobre o processo que está movendo contra o governo federal, a quem acusa de não ter distribuído corretamente imunizantes da Pfizer. Conforme o governador, o Ministério da Saúde suprimiu 230 mil doses da cota que que cabia ao estado de São Paulo, sem nenhum amparo técnico ou justificativa plausível. “Só pra penalizar”, disse ele.
O governador entrou com uma medida junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), informando ainda que isso não impede que o estado prossiga com o programa de vacinação. Ele informou que 34 milhões de pessoas já foram vacinadas no estado, o que representa 89% de toda a população adulta de São Paulo.
Não viu a entrevista de Dória no RIC Notícias? Assista na íntegra: