"O poder público não é babá de marmanjo": Márcia Huçulak pede colaboração da população

por Daniela Borsuk
com RIC Record TV
Publicado em 10 mar 2021, às 13h30.

Em entrevista para o apresentador programa Balanço Geral Curitiba, Jasson Goulart, nesta quarta-feira (10), a secretária municipal da Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, pediu a colaboração dos curitibanos para que respeitem as restrições anunciadas no último decreto municipal, que começou a vigorar hoje.

Conforme a secretária, a Prefeitura investiu em 67 novos leitos para o sistema público de saúde do dia 1º de março até hoje (10), para atender pacientes contaminados com a covid-19. No entanto, para Márcia, o número não será suficiente se as pessoas não fizerem a sua parte.

“Leito é necessário, muita gente melhora. Mas de quatro pessoas que internam, uma vai morrer. Nós não sabemos quem, nem o médico nem ninguém [sabe]. Esse vírus é uma roleta-russa”.

Pontua Márcia.

A secretária ainda alertou para a mudança de perfil dos pacientes, que começou a ser observada por volta do dia 15 de fevereiro, quando a procura pelas unidades aumentou drasticamente. Agora, pessoas mais jovens estão precisando de internação e de um atendimento mais intensivo.

“O perfil mudou, hoje o perfil que estamos recebendo muito é de pacientes acima de 30 a 59 anos, que geralmente tinham casos leves e não procuravam uma unidade de saúde, que mantinham o isolamento por 14 dias que a gente recomenda em casa”. 

Explica.

Ao ser questionada sobre um possível lockdown em Curitiba, Márcia foi firme ao dizer que a população não respeita a medida e que, por isso, ela não seria eficiente no município.

“Ninguém respeita [o lockdown]. O poder público não é babá de marmanjo. De ficar fechando evento, de ficar recolhendo pessoa que não podia andar na rua. Então desculpe, fazer lockdown quando a sociedade não colabora? Para que?” 

Argumenta a secretária.

Márcia usou o exemplo de um morador do bairro Tatuquara, na capital, que contaminou toda a família com o novo coronavírus, o pai, a mãe e o cunhado, e que todos precisaram de internação. O homem não usava máscara e não respeitava nenhuma medida imposta pelo município ou pelo Governo do Estado.

“A gente apela e implora para que as pessoas se isolem. O problema é que a gente encontra pessoas com covid trabalhando e andando pela cidade, que não respeitam o isolamento.” 

Desabafa Márcia.

UPAs

A partir desta quarta-feira (10), as UPAs de Curitiba passam a funcionar como hospitais para evitar o colapso do sistema de saúde. As unidades foram equipadas e os profissionais foram capacitados para atender pacientes com casos graves da covid-19. Os hospitais de campanha, até o momento, foram descartados pela Prefeitura, que afirma ter toda a estrutura necessária para ampliação do atendimento.

“As nossas UPAs são infinitamente melhores do que abrir uma barraca em um campo de futebol, onde eu não consigo atender paciente, não vou ter a medicação e o suporte que eu preciso, a segurança para as equipes [… ] no hospital de campanha eu não vou ter isso. Nós fizemos uma opção porque nós temos estrutura.” 

Explica a secretária da Saúde de Curitiba.

Com isso, as Unidades Básicas de Saúde (UBS), de atenção primária, passam a receber casos leves e moderados da covid-19. Neste momento, exames de rotina e check-ups estão suspensos. as UPAS ficarão com a demanda de casos graves da doença, além de emergências como AVC ou paradas cardíacas.

Para quem tiver dúvidas ou precisar de outros atendimentos mais leves, a orientação é para que entre em contato com a Central de Atendimento da Prefeitura pelo número (41) 3350-9000 e evite ir até as unidades para não ser infectado com o novo coronavírus. “Toda a nossa força está voltada em salvar vidas”, finaliza Márcia.