"Precisamos parar a cidade": Secretaria da Saúde fala sobre lockdown
Em coletiva de imprensa realizada na manhã deste sábado (13), representantes da Secretaria Municipal da Saúde falaram sobre o cenário crítico que está sendo enfrentado pela capital paranaense. Na sexta-feira (12), a Prefeitura divulgou um decreto implantando o lockdown por nove dias e a bandeira vermelha para a covid-19.
Conforme a superintendente de Gestão da SMS, Flávia Quadros, as medidas restritivas são extremas, mas necessárias, e são a única solução para que os pacientes possam ser acompanhados adequadamente nas unidades de saúde. “Precisamos parar a cidade para parar a transmissão”, ressaltou.
Para a Secretaria, barrar o contágio, neste momento, é essencial, já que a cidade está no limite. “Hoje todos os pacientes de Curitiba estão sendo assistidos. O limite é esse, chegar no momento em que nós não conseguimos atender”, alertou Flávia. “Precisamos frear para não chegar na hora de termos que escolher”.
Antes do novo decreto divulgado nesta sexta-feira (12), a Prefeitura de Curitiba havia divulgado um outro documento com medidas na terça-feira (9). Conforme Flávia, a situação piorou muito entre quarta, quinta e sexta-feira. “Não temos condições de esperar mais, por isso tomamos essa medida, mais drástica, que precisa ser apoiada”.
Com relação à última semana, quando o Paraná já estava em alerta máximo, Beatriz Battistella Nadas, superintendente Executiva da SMS, contou que conforme o monitoramento, ainda está baixa a adesão ao isolamento social.
“Nós estamos em torno de 38% de isolamento durante a semana, esse valor é insuficiente. Se a gente conseguir atingir níveis maiores do que isso vamos ter uma redução na contaminação das pessoas[…] É nessa parte da equação que vamos conseguir atingir o equilíbrio do sistema de saúde”.
Explicou Beatriz.
Falta equipe
De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, a principal dificuldade neste momento para o sistema de saúde é com relação à equipe técnica de atendimento. “Nós pegamos toda a equipe da atenção primária e tivemos que reposicionar tudo”, descreve. “Não temos mais para onde seguir, não tem equipe, não se forma um intensivista assim”.
Outra preocupação é com relação à demora para que o giro de leitos aconteça. Com a nova cepa que se espalhou pelo Paraná, mais agressiva e perigosa, a equipe observou que o quadro de saúde dos pacientes está se agravando mais rapidamente e que essas pessoas estão precisando de um atendimento mais intensivo para a recuperação.
Segundo o médico Flaviano Ventorim, presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Paraná, que também participou da coletiva, o número de pacientes ativos da covid-19 precisa ser reduzido.
“Estamos próximos de 15 mil pacientes ativos em Curitiba, o sistema sobrecarrega, a gente não consegue abrir vaga neste volume. Temos que conseguir girar leito, dar alta para os pacientes e barrar a transmissão”.
explicou o médico.
Ventorim afirmou ainda que os hospitais acatam o lockdown e que irão seguir os decretos municipais e estaduais. “Lockdown é uma medida que ninguém gosta de tomar, mas é a medida necessária para nós do hospital pelo menos termos condições de atender”, disse.
“É muito difícil receber ligação de pacientes desesperados procurando vaga de UTI e ter que dizer ‘não tenho'”.
Desabafou Ventorim.
Pacientes jovens
A Secretaria fez um alerta para o crescente número de jovens de 30 a 50 anos, sem comorbidades, que estão precisando ser intubados e manifestando quadros críticos da doença. “Essa situação demonstra para nós que o vírus está se manifestando no nosso meio diferente de como ele começou”, compartilhou Beatriz.
A superintendente Executiva da SMS também fez um apelo para que toda a população, caso perceba sintomas, faça imediatamente o isolamento social para evitar a transmissão. “As consequências disso hoje estão sendo extremamente danosas, estão ferindo nossa estrutura, nossa capacidade de resposta”.
Beatriz disse que Curitiba está vivendo um cenário de guerra e que o momento é “crítico, indesejado e não planejado”. “Nós precisamos da disciplina das pessoas para entender a gravidade da doença e para se protegerem”, pediu.
Transporte público
Ao serem questionados sobre o transporte público, que possui muitas reclamações com relação à superlotação e aglomerações dentro dos veículos, Beatriz pediu para que empresários e comerciantes apoiem a Prefeitura e combinem com os seus colaboradores entradas e saídas alternativas de expediente, para evitar horários de pico.
No decreto, foi decidido que os ônibus do transporte público da capital operem com 50% da capacidade de lotação. Anteriormente, o limite era de 70% . A orientação para toda a população é para que todos se limitem às atividades essenciais e evitem a circulação pela cidade.