"Precisamos parar a cidade": Secretaria da Saúde fala sobre lockdown

Publicado em 13 mar 2021, às 12h12. Atualizado às 13h03.

Em coletiva de imprensa realizada na manhã deste sábado (13), representantes da Secretaria Municipal da Saúde falaram sobre o cenário crítico que está sendo enfrentado pela capital paranaense. Na sexta-feira (12), a Prefeitura divulgou um decreto implantando o lockdown por nove dias e a bandeira vermelha para a covid-19.

Conforme a superintendente de Gestão da SMS, Flávia Quadros, as medidas restritivas são extremas, mas necessárias, e são a única solução para que os pacientes possam ser acompanhados adequadamente nas unidades de saúde. “Precisamos parar a cidade para parar a transmissão”, ressaltou.

Para a Secretaria, barrar o contágio, neste momento, é essencial, já que a cidade está no limite. “Hoje todos os pacientes de Curitiba estão sendo assistidos. O limite é esse, chegar no momento em que nós não conseguimos atender”, alertou Flávia. “Precisamos frear para não chegar na hora de termos que escolher”.

Antes do novo decreto divulgado nesta sexta-feira (12), a Prefeitura de Curitiba havia divulgado um outro documento com medidas na terça-feira (9). Conforme Flávia, a situação piorou muito entre quarta, quinta e sexta-feira. “Não temos condições de esperar mais, por isso tomamos essa medida, mais drástica, que precisa ser apoiada”.

Com relação à última semana, quando o Paraná já estava em alerta máximo, Beatriz Battistella Nadas, superintendente Executiva da SMS, contou que conforme o monitoramento, ainda está baixa a adesão ao isolamento social.

“Nós estamos em torno de 38% de isolamento durante a semana, esse valor é insuficiente. Se a gente conseguir atingir níveis maiores do que isso vamos ter uma redução na contaminação das pessoas[…] É nessa parte da equação que vamos conseguir atingir o equilíbrio do sistema de saúde”.

Explicou Beatriz.

Falta equipe

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, a principal dificuldade neste momento para o sistema de saúde é com relação à equipe técnica de atendimento. “Nós pegamos toda a equipe da atenção primária e tivemos que reposicionar tudo”, descreve. “Não temos mais para onde seguir, não tem equipe, não se forma um intensivista assim”.

Outra preocupação é com relação à demora para que o giro de leitos aconteça. Com a nova cepa que se espalhou pelo Paraná, mais agressiva e perigosa, a equipe observou que o quadro de saúde dos pacientes está se agravando mais rapidamente e que essas pessoas estão precisando de um atendimento mais intensivo para a recuperação.

Segundo o médico Flaviano Ventorim, presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Paraná, que também participou da coletiva, o número de pacientes ativos da covid-19 precisa ser reduzido.

“Estamos próximos de 15 mil pacientes ativos em Curitiba, o sistema sobrecarrega, a gente não consegue abrir vaga neste volume. Temos que conseguir girar leito, dar alta para os pacientes e barrar a transmissão”.

explicou o médico.

 Ventorim afirmou ainda que os hospitais acatam o lockdown e que irão seguir os decretos municipais e estaduais. “Lockdown é uma medida que ninguém gosta de tomar, mas é a medida necessária para nós do hospital pelo menos termos condições de atender”, disse.

“É muito difícil receber ligação de pacientes desesperados procurando vaga de UTI e ter que dizer ‘não tenho'”.

Desabafou Ventorim.

Pacientes jovens

A Secretaria fez um alerta para o crescente número de jovens de 30 a 50 anos, sem comorbidades, que estão precisando ser intubados e manifestando quadros críticos da doença. “Essa situação demonstra para nós que o vírus está se manifestando no nosso meio diferente de como ele começou”, compartilhou Beatriz.

A superintendente Executiva da SMS também fez um apelo para que toda a população, caso perceba sintomas, faça imediatamente o isolamento social para evitar a transmissão. “As consequências disso hoje estão sendo extremamente danosas, estão ferindo nossa estrutura, nossa capacidade de resposta”.

Beatriz disse que Curitiba está vivendo um cenário de guerra e que o momento é “crítico, indesejado e não planejado”. “Nós precisamos da disciplina das pessoas para entender a gravidade da doença e para se protegerem”, pediu.

Transporte público

Ao serem questionados sobre o transporte público, que possui muitas reclamações com relação à superlotação e aglomerações dentro dos veículos, Beatriz pediu para que empresários e comerciantes apoiem a Prefeitura e combinem com os seus colaboradores entradas e saídas alternativas de expediente, para evitar horários de pico.

No decreto, foi decidido que os ônibus do transporte público da capital operem com 50% da capacidade de lotação. Anteriormente, o limite era de 70% . A orientação para toda a população é para que todos se limitem às atividades essenciais e evitem a circulação pela cidade.