“A família inteira sempre gostou muito dele”, diz cunhada de homem que esfaqueou esposa e enteado
A irmã de Leonice Mattos conversou com a equipe da RIC Record TV na casa onde o crime aconteceu durante a madrugada desta sexta-feira (5), no bairro Cajuru, em Curitiba. Chocada, a mulher, que prefere não se identificar, contou que a família ainda não consegue acreditar que Paulo Raimundo esfaqueou a esposa e o enteado, de 18 anos.
“A gente sempre ouve falar, vê na TV, só que nunca imagina que vai acontecer dentro de casa. Não passa pela cabeça. Na verdade, eu nem acredito até agora, para mim, eu estou num pesadelo e eu vou acordar. Eu não consigo entender a cabeça desse povo porque você dar uma facada, eu acredito que já venha aquela coisa: ‘Poxa, eu fiz besteira’. Mas você continuar, furar, furar, furar a pessoa e depois pegar o menino. Ele atacou a minha irmã na covardia. O meu sobrinho foi defender a mãe, óbvio, eu acho que na luta, ele só não matou a minha irmã porque meu sobrinho pegou ele por trás”, desabafou a cunhada de Paulo Raimundo.
Segundo o relato da mulher, Paulo e Leonice mantinham um relacionamento amoroso há vários anos e há pouco tempo decidiram oficializar o casamento. Com direito a festa e cerimônia, tudo parecia ir bem e o homem, que nunca havia se mostrado violento, era querido por toda a família.
No entanto, nos últimos tempos, Paulo mudou e passou a desconfiar, o tempo todo, que sua companheira traia ele com outro homem, ao ponto de estar sempre em posse de uma faca. A cunhada acredita que a mudança radical de temperamento pode ser o resultado do uso de drogas.
“Eu não vou mentir, eu sempre gostei dele. Na verdade, a família inteira sempre gostou muito dele. Eu não sei se esse envolvimento com drogas é recente. Ele começou a ver coisas onde não tinha. A minha irmã só sabe trabalhar e pagar conta, trabalhar e pagar conta. Ontem ela contou que ele estava dormindo com uma faca embaixo do travesseiro, escondia faca embaixo do tapete, estava andando com faca na cintura”,
disse.
A familiar contou ainda que Paulo pode ter tentado envenenar a esposa uma semana antes do crime. Isso porque Leonice foi comer uma sobremesa preparada pelo marido e sentiu um gosto estranho. “Ela foi comer a sobremesa e estava com gosto de água sanitária. Eu não sei se na cabeça dele, ele ia envenenar ela dessa forma”, completou
As duas vítimas permanecem internadas. O jovem não tem previsão de alta, mas não corre risco de morte. Já a mãe, está em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado gravíssimo, entre os ferimentos, ela teve ainda a coluna quebrada.
“Eu acho que ela deve estar mal porque agora a pouco há gente ficou sabendo que quebrou a coluna, ela foi para o centro cirúrgico. Como quebrou a coluna eu também não sei, se caiu na escada, porque a escada é perigosa, eu não sei”,
disse a irmã.
O crime
Mãe e filho foram esfaqueados na madrugada desta sexta-feira (5) na residência da família, na rua Darcy Jungles, no bairro Cajuru, em Curitiba. O que se sabe até o momento é que Paulo passou a noite sentado no sofá, trancou as portas e escondeu as chaves, fechou as janelas, e quando acreditou que a esposa estava em sono profundo, por volta das 4h, desferiu pelo menos 15 golpes de faca contra a companheira.
Mesmo gravemente ferida, Leonice conseguiu gritar por ajuda e foi então que o filho, que dormia no terceiro andar da casa, na tentativa de defender a mãe, também foi esfaqueado pelo padrasto.
Paulo só foi contido quando familiares das vítimas e vizinhos chegaram no local. “Eu sai ali fora e a irmã dela foi e me pediu ajuda. Eu vim, achei que era o piá que estava caído, daí eu vi que era a mãe dele. Quando eu olhei estavam os dois brigando ali dentro [padrasto e enteado]. Aí, ele gritava: ‘Me ajuda. Me ajuda’. Eu falei: ‘Solta ele que eu seguro aqui’. Eles brigaram ainda um bom tempo. Aí, a hora que ele soltou, eu fui, segurei ele e falei: ‘Daqui você não sai’. Ele queria fugir, só que não aguentava nem correr. Ele estava em choque. Não falava nada. Não se mexia. Sentou ali e ficou”, explicou um vizinho chamado Maurício
“Teve um momento que a gente foi procurar os documentos dela e ele estava deitado no chão, no terreno do vizinho. Eu fui perguntar para ele onde estava o documento. A única coisa que eu consegui falar para ele: ‘Paulo, o que você fez com a tua vida e com a nossa?’. Ele respondeu: ‘Acabei, acabei com a minha vida’”,
lembrou a irmã de Leonice.
Durante a confusão, Paulo acabou sendo agredido por alguns moradores da vizinhança que se revoltaram com o crime. Ferido, ele precisou ser atendido por uma ambulância do Corpo de Bombeiros e encaminhado para um hospital da região, mas quando receber alta, irá direto para prisão