Mesmo indiciada por homicídio, avó de Eduarda Shigematsu é solta pela Justiça
Terezinha de Jesus Guinaia, avó de Eduarda Shigematsu morta em abril em Rolândia, no norte do Paraná, foi solta pela Justiça nesta quinta-feira (27). Ela e o filho Ricardo Seidi foram acusados, pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), na terça-feira (25), por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica no Caso Eduarda.
Na saída do 3º distrito de Londrina, onde estava presa desde o dia 30 de abril, ela escondeu o rosto com um cobertor e não quis falar com a imprensa.
Veja vídeo do Caso Eduarda Shigematsu onde a menina ajuda na horta da avó.
Entenda a decisão que soltou a avó de Eduarda Shigematsu
Para tomar a decisão de soltura da acusada, a Justiça levou em consideração o fato do inquérito da Polícia Civil já foi concluído, de forma que assim, a avó da criança não poderia atrapalhar as investigações.
Mesmo assim, ela terá que cumprir medidas cautelares como:
- não mudar de endereço;
- não sair da cidade sem autorização, entre outras.
O advogado Mauro Valdevino da Silva, que defende Terezinha, no entanto, já declarou à Justiça que ela não poderá voltar para o seu antigo endereço por medida de segurança. Pois a população de Rolândia ficou revoltada com o crime que vitimou Eduarda Shigematsu e poderia colocar a vida da ré em risco.
“Eu prefiro não comentar o local onde ela vai ficar, mas ela vai ficar em segurança. No dia que ela foi presa, as pessoas foram para a frente da delegacia e queriam queimar e matar. Imagine hoje?”, disse Silva.
Ricardo Seidi permanece preso pela morte da filha
Já Ricardo Seidi teve a prisão temporária convertida em preventiva e continuará preso na Delegacia de Rolândia. O Juiz Alberto José Ludovico, responsável pelo Caso Eduarda, ponderou que o pai foi o principal agente do crime e sua eventual soltura seria uma afronta à sociedade.
No mesmo documento, também é possível ver que o pai é considerado autor do assassinato da filha, ao contrário do que ele próprio afirmou ao dizer que encontrou a criança morta e apenas enterrou o corpo.
Trechos do depoimento de Terezinha de Jesus Guinaia
Em depoimento, a avó de Eduarda Shigematsu declarou que não vê motivos para que o filho tenha cometido o crime, além de “muita maldade”. “Sim, ela tava morta por esse animal, por esse monstro”, chegou dizer ao delegado.
Ela também afirmou que o filho foi frio e calculista e não deixou transparecer em nenhum momento que sabia que a Eduarda estava morta.
Mãe de Eduarda não concordou com a soltura da avó
Hugo Juan Esteves, advogado que representa Jéssica Pires, mãe de Eduarda, se manifestou contra a decisão. Em nota, ele declarou que solicitará a habilitação nos autos como assistente de acusação, ou seja, irá pedir à Justiça para participar diretamente do processo, para, segundo ele, buscar a punição dos envolvidos.
Ainda conforme Esteves, ele discorda da soltura de Terezinha “especialmente porque Ricardo confirmou, em depoimento, que a avó da criança sabia ao menos da ocultação de cadáver. Assim, em liberdade, nada impede que Terezinha volte a embaraçar a instrução criminal”, pontuou.
Jéssica teve a filha com apenas 16 anos e, na época, segundo ela, não quis entregar a guarda da filha para a avó e o pai de Eduarda Shigematsu. Eu nunca quis entregar a minha filha. Por mais que eu tava passando por momentos difíceis eu levava ela aonde eu fosse. Eu não cheguei nem a ser ouvida no processo de guarda. O juiz simplesmente concedeu a guarda para ela”, disse. Leia entrevista completa.
Entenda o assassinato de Eduarda Shigematsu
Eduarda vivia com o pai e avó em Rolândia, no norte do Paraná, e desapareceu no dia 24 de abril. Sua avó chegou a registrar um Boletim de Ocorrência, no entanto, mais tarde, foi descoberto que Terezinha já sabia que a neta estava morta quando foi até a delegacia.
Quatro dias depois, 28 de abril, o corpo de Eduarda Shigematsu foi encontrado enterrado nos fundos de uma casa que pertence ao pai e a avó. Em uma cova rasa, a criança estava com as mãos e pés amarrados e a cabeça envolta em um saco plástico.
De acordo com a Polícia Civil, que teve acesso a câmeras de segurança instaladas na rua da residência. Ricardo chegou com um carro preto por volta das 13h37 da quarta-feira (24) – dia em que a menina desapareceu – e permaneceu por aproximadamente 20 minutos no local.
Ricardo foi preso no mesmo dia e confessou à polícia ter enterrado o corpo da filha. Segundo sua versão, ele tomou a atitude depois de encontrar a menina enforcada dentro de seu próprio quarto.“O pai, bastante frio, disse que no dia dos fatos estava na residência quando encontrou ela enforcada no quarto dela”, explicou, na época, o delegado Ricardo Jorge.
No dia 29 de abril, os resultados de exames feitos no Instituto Médico Legal (IML) apontaram que Eduarda morreu por esganadura.
Já no dia 30 de abril, a avó de Eduarda Shigematsu foi presa após prestar depoimento. O delegado Bruno Rocha, que colheu o testemunho, afirmou que ela tentou ludibriar os policiais e já saberia da morte da neta quando registrou Boletim de Ocorrência sobre o desaparecimento. Tereza negou as acusações e ao saber de sua detenção chorou e chamou o filho de monstro.