Caso Ana Paula: ex-marido é indiciado por homicídio quintuplamente qualificado; veja detalhes do inquérito
Nesta segunda-feira (5), a Polícia Civil do Paraná realizou uma coletiva de imprensa na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Curitiba, para falar sobre as investigações relacionadas à morte de Ana Paula Campestrini.
O inquérito policial foi encerrado no último sábado (3) e os dois suspeitos de envolvimento no crime, o ex-marido da vítima, Wagner Cardeal Oganauskas, e Marcos Antônio Ramon, continuam presos. Eles foram detidos temporariamente no dia 24 de junho, dois dias após o assassinato de Ana Paula.
De acordo com a delegada responsável pelo caso, Tathiana Guzella, da DHPP, Marcos Antônio Ramon, suspeito de ser o atirador que executou Ana Paula na frente do portão da casa onde morava, foi indiciado por homicídio triplamente qualificado, mediante a paga, meio cruel, emboscada e impossibilidade de defesa da vítima.
Já Wagner Oganauskas, suspeito de ser o mandante do crime, foi indicado por homicídio quintuplamente qualificado, com as qualificadoras de feminicídio, paga e torpe, meio cruel, emboscada e impossibilidade de defesa da vítima e assegurar vantagem de outro crime – relacionado aos cinco processos na Vara da Família.
O Ministério Público do Paraná tem cinco dias para decidir se irá oferecer denúncia para a Justiça.
A delegada Tathiana também informou, em coletiva, que a Polícia Civil representou pela conversão da prisão temporária dos suspeitos, que era de 30 dias, por prisão preventiva. “Em especial por dois elementos que ficaram muito claros durante a investigação: primeiramente para garantia da ordem pública e segundo pela conveniência da própria instrução criminal”, afirmou a delegada.
“Ficou demonstrado que tanto o atirador quanto o mandante são pessoas de alta perigosidade, primeiro porque têm conhecimento das leis, um deles inclusive é advogado, então houve um planejamento minucioso, por mais de dois meses, para o cometimento do crime. E durante esse interim, ficou demonstrado intimidação para a juíza da causa civil, clara e inclusive salva em ato notorial – a qual também prestou depoimento aqui na Divisão – nós temos a informação de uma tentativa, antes ainda da morte, do mandante do crime de autuar, erroneamente, de plantar drogas no veículo que a vítima utilizava como Uber, demonstrando sua alta perigosidade, demonstrando que não tem zelo pelas leis e também pelas próprias autoridades judiciárias.”
Disse Tathiana Guzella.
O crime
Ana Paula teria ido, na manhã em que foi assassinada, fazer a carteirinha para ter acesso ao clube Sociedade Morgenau, no qual os filhos treinavam esportes. O presidente do clube, no entanto, era seu ex-marido, Wagner. A polícia afirma que o homem dificultava o contato de Ana Paula com os filhos, de 9, 11 e 17 anos.
A delegada responsável pelas investigações, Tathiana Guzella, contou que Ana Paula deixou o clube de carro e foi direto para casa. Testemunhas afirmaram que viram Marcos Antônio, que é diretor financeiro da Sociedade Morgenau e amigo de Wagner, subindo em uma moto sem placas, logo após a saída da vítima do clube. Durante as investigações, a polícia verificou que as câmeras de segurança da Sociedade Morgenau teriam sido desligadas nos últimos dias.
A Polícia Civil ainda afirma que a moto estava escondida no clube há alguns dias, mas que após o crime o veículo não foi mais localizado.
“O autor dos disparos perseguiu a vítima, o veículo da vítima, quando a vítima saiu da sociedade Morguenal, que era o clube onde os três filhos da vítima frequentavam e faziam esportes. Ela teria conseguido pela manhã, na data de sua morte, a sua carteirinha de acesso ao clube”.
Contou a delegada Tathiana.
O suspeito, Marcos Antônio, teria então esperado até que a vítima chegasse no portão de casa para descarregar a arma contra o carro conduzido por Ana Paula, efetuando 14 disparos. Ela foi atingida pelos tiros, não resistiu aos ferimentos, e morreu no local.
Marcos Antônio já tinha antecedentes criminais por tráfico de drogas. A arma do crime não foi localizada até o momento.
Os dois suspeitos foram detidos durante uma operação deflagrada pela Polícia Civil no início da manhã do dia 24 de junho. Wagner foi preso em casa, no condomínio de luxo onde morava, e Marcos Antônio também foi encontrado em sua residência, no bairro Santa Cândida. A polícia ainda cumpriu um mandado de busca e apreensão no clube onde ambos trabalhavam, como presidente e diretor financeiro, respectivamente, e apreendeu alguns documentos.