“Eu não acredito que um homem tenha coragem de matar e ainda chorar", diz mãe de jovem encontrada enforcada
A mãe de Juliana Anacleto do Amaral, de 27 anos, encontrada morta na última sexta-feira (11) em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, conversou com a RIC Record TV e falou sobre a possibilidade do marido da jovem ser o autor do crime.
Anderson Silva de Ramos, de 42 anos, foi preso em flagrante por feminicídio, mas antes de ser detido, foi filmado por uma equipe da RIC Record TV, chorando em frente a delegacia que investiga o caso.
Durante a entrevista, Natalina de Jesus, mãe de Juliana, declarou que não entende como o genro pode ter cometido um crime tão cruel e, ao mesmo tempo, chorar a morte da esposa.
“Eu não acredito que um homem tenha coragem de matar e ainda chorar. Matar e ainda chorar. Eu quero justiça. Eu quero ver ele lá no fundo da cadeia para ele pagar a dor que eu estou sentindo”, desabafou Natalina.
Forja suicídio da esposa
Conforme Anderson, ele encontrou a esposa já sem vida, enforcada na porta do banheiro da casa onde viviam, no bairro Afonso Pena. Na sequência, ele teria chamado a filha de Juliana, uma menina de 11 anos, e pedido que ela trouxesse uma faca para cortar a corda.
Apesar do relato, assim que a Polícia Civil chegou na cena do crime, os investigadores perceberam que algo estava errado. “O que a gente reparou no local é que a corda é muito maior do que o necessário para enforcar uma pessoa. A posição do corpo que ele nos deu, é incompatível com a cena que a gente encontrou no local. Da mesma forma, também é incompatível com um eventual suicídio, a maneira como a corda foi amarrada no pescoço da vítima”, explica o delegado Fábio Machado.
Além disso, Juliana apresentava cortes dos pulsos, mas poucos pingos de sangue foram localizados pela casa. Para o delegado, o intuito do suspeito era enganar a polícia, para que os investigadores acreditassem que ela tentou cortar os pulsos antes de se enforcar. O que Anderson não imaginava é que logo foi constatado que as lesões foram feitas depois que a vítima já estava sem vida.
“Como alguém corta os pulsos e não sangra, tudo isso deve ser respondido pela perícia do Médico-Legal e também pelo Instituto de Criminalística para que a gente possa encerrar esse inquérito identificando se existe realmente algum fator que desclassifique esse caso. Mas o que nós temos agora é sim um feminicídio por estrangulamento”, completa Machado.
De acordo com familiares da jovem, ela conheceu Anderson em outubro de 2020. Na época, ele trabalhava como porteiro do prédio onde ela morava com os dois filhos, uma garota de 11 anos e um menino com cerca de 5 anos, frutos de um relacionamento anterior. Já no início de 2021, os dois resolveram viver juntos em um condomínio residencial. Além dos filhos de Juliana, uma criança com aproximadamente dois anos de idade, filha de Anderson, também vivia no local.
O caso segue em investigação.