Ex-marido de gerente de banco assassinada é indiciado por feminicídio
O ex-marido da gerente bancária Tatiana Lorenzetti, de 40 anos, assassinada quando saía do trabalho no bairro no fim de dezembro, foi indiciado por feminicídio pela Polícia Civil. Além dele, outros três homens que executaram o crime também foram denunciados. Todos os envolvidos estão presos.
De acordo com o inquérito policial, Antônio Henrique do Santos vinha planejando a morte da ex-esposa há pelo menos três anos e chegou a falar com cerca de 30 pessoas em busca de um matador de aluguel.
Antônio queria ficar com a guarda da filha e administrar o seguro de vida que a vítima havia feito em nome da criança.
“Ele tinha problemas com relação a guarda da filha, problemas com a pensão alimentícia e, posteriormente, a gente ficou sabendo que ele pretendia matar a mulher para ficar com um suposto benefício que a mulher teria feito em nome da filha menor”, explicou a delegada Vanessa Alice, da Delegacia da Mulher,
Segundo a investigação, Moisés Gonçalves, preso temporariamente na quarta-feira (6), foi o responsável por intermediar a contratação dos três executores do plano de assassinato: André Luiz Cordeiro Barboza, Thales Arantes da Silveira e Jhonatan Alves da Silva.
Pelo crime, Antônio pagaria R$ 25 mil para os quatro e, enquanto Moisés ficaria com R$ 3 mil, André, Thales e Jhonatan dividiriam o restante.
Jhonatan foi morto pouco tempo depois de matar a gerente no dia 28 de dezembro, durante uma troca de tiros com a polícia. Já André e Thales foram detidos no dia seguinte, após serem desmascarados pela polícia. Ambos chegaram a se apresentar voluntariamente na delegacia para afirmar terem sidos feitos reféns durante a fuga de Jhonatan, mas acabaram confessando durante o interrogatório.
Todos foram acusados por feminicídio qualificado por motivo torpe e homicídio mediante pagamento.
O crime
Conforme Thales, na noite de domingo (27), Antônio Henrique se encontrou com Thales, André Luiz e Jhonatan para acertar os valores e os detalhes da execução.
No dia do crime, Thales, André Luiz e Jhonatan seguiram Tatiana de sua residência até a agência bancária onde ela trabalhava na Rua Desembargador Ernani Guaritá Cartaxo, no bairro Capão Raso, na capital. Os três, então, aguardaram ela sair para o almoço com o objetivo de simular um latrocínio, roubo seguido de morte. Ela foi morta com um tiro na cabeça quando saia para seu horário de almoço.
“Ele se aproximou e disse: ‘Passa a bolsa’. Ela apenas esticou o braço e já levou um disparo de arma de fogo na cabeça”, contou a delegada.
Na sequência, Jhonatan entrou no carro onde estavam Thales e André Luiz e os três fugiram. No entanto, como a placa havia sido anotada por testemunhas, houve perseguição policial e, em determinado momento, o atirador pulou do veículo. Foi nesse momento que ele trocou tiros com a polícia e acabou morto.
Thales ainda ligou para o ex-marido de Tatiana informando que o assassinato havia sido concluído. Em resposta, Antônio Henrique solicitou que todos os envolvidos apagassem as mensagens trocadas com ele e substituíssem os chips de seus aparelhos telefônicos.
Quem é Antônio Henrique
Antônio Henrique é ex-atleta da Seleção Brasileira de Luta Olímpica e representou o país em competições nacionais e internacionais, e chegou a disputar o mundial de lutas no Uzbequistão em 2014.
Ele trabalhou na Polícia Militar de São Paulo, mas deixou a instituição e se mudou para o Paraná. Em Curitiba, conheceu Tatiana com que teve um relacionamento de cerca de quatro anos. No entanto, após o nascimento da filha do casal, os dois se separaram de forma conturbada.
Entre os anos de 2012 e 2018, ele trabalhou como educador físico pela Secretaria de Educação do Estado. Ainda em 2018, passou em um concurso público para agente auxiliar de perícia oficial da Secretaria de Segurança Pública e Penitenciária do Paraná (Sesp).
No mesmo ano, Antônio assumiu um relacionamento antigo e do novo casamento teve mais um filho.
Nos últimos anos, a gerente de banco registrou vários boletins de ocorrência contra o ex-marido e solicitou ainda uma medida protetiva, pois tinha medo de ser morta por ele.