Familiares precisaram quebrar telhado para entrar na casa onde mãe e filho foram assassinados

por Redação RIC.com.br
com informações de Nader Khalil, Tiago Silva e Thais Travençoli, da RIC Record TV Curitiba
Publicado em 2 set 2021, às 19h24. Atualizado às 19h36.

Familiares da mãe e filho que foram encontrados mortos dentro de casa em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, na tarde de quarta-feira (1º) precisaram quebrar o telhado para invadir a residência. De acordo com o padrasto de Elizeu de Castro da Silva, ele e um outro enteado invadiram o local após desconfiarem que havia algo errado. 

O homem explica que ele e a esposa tentaram entrar em contato com Elizeu e com Ivanilda de Magalhães de Castro, 32 anos, durante todo o dia, mas não obtiveram sucesso.

“Eu mandei um whats de manhã, estava no serviço, era 11h02, horário de almoço, eu mandei um whats para o Elizeu e perguntei se estava tudo bem. Ele não respondeu. Daí, eu passei para a esposa dele, para a Ivani: ‘Tudo bem aí?’ Nada também. Depois eu coloquei: ‘Estou preocupando’. Aí, liguei para minha esposa e ela falou que ligou a cobrar para eles e ninguém retornou. Eu falei: ‘Espera eu chegar em casa que nós vamos ver’. Mas antes de eu chegar em casa, eu passei pela frente e vi tudo fechado. Pensei, ele saiu com a família, mas estava achando estranho porque ele não me deu retorno. Eu fiquei meio assim”,

disse o padrasto em depoimento.

Na sequência, ele seguiu até sua residência e entrou em contato com Elias, irmão de Elizeu, que informou ter visto a sobrinha de apenas dois anos na janela.“Eu tomei um café em casa e mandei um whats para o irmão dele, o Elias. O Elias não me respondeu nada. Quando eu estou saindo, o Elias está vindo. Eu falei: ‘Elias, eu pensei que ele estava com você’. Ele falou: ‘Não, eu acabei de passar lá e vi a [menina de dois anos] na janela. Quando ele falou ‘janela’, me bateu o coração. Eu falei: ‘Vá lá para a casa que eu vou correndo lá’”. 

Ainda conforme o relato, depois que os dois chegaram na casa da família, a criança continuava na janela e ele conseguiu ver parte do corpo de Ivanilda. Temendo o pior, ele quebrou o telhado, invadiu o local e se deparou com a mulher e o filho Renan de Magalhães Ribeiro, de 9 anos, assassinados de forma brutal. 

“Fui e parei, não pensei duas vezes, vi a [menina de dois anos] na janela e falei: ‘Fala com o vô’. Pulei o muro que era baixo, cheguei na janela e vi as pernas da Vani um pouquinho, levei um susto. Chamei: ‘Vani, Vani, pelo amor de Deus, fala comigo’. Nada. Eu falei: ‘Senhor aconteceu alguma coisa’. Ai eu peguei e pulei em cima do telhado, porque tem uma grade, não tem como entrar, fui pelo telhado, destelhei, cai dentro de o banheiro em pé, quando me deparei”,

completou o padrasto de Elizeu. 

Ainda conforme o relato, Elizeu é dependente químico, usuário de crack, e várias vezes saiu de casa para usar drogas no bairro Parolin, na capital, e só voltou dias depois. Ele lembra ainda de uma situação em que o suspeito abandonou o enteado trancado dentro de um veículo, em um estacionamento no centro de Curitiba, e saiu para usar entorpecentes. Na ocasião, a criança precisou ser resgatada por familiares. 

Para ele, inclusive, o crime pode estar relacionado com o vício de Elizeu. O homem acredita que Ivanilda possa ter tentado impedir que o marido fosse usar entorpecentes e que isso teria motivado uma discussão.

“Na minha cabeça ela foi tentar conter ele, ele estava tão fissurado e acabou cometendo uma loucura. Não tem explicação”.

disse o padrasto de Elizeu.

Ivani e o filho foram mortos com inúmeros golpes de faca na residência em que a família vivia. A única sobrevivente é a filha que a vítima teve com o marido e principal suspeito pelo crime, uma criança de dois anos. Elizeu é procurado pela polícia.

Pai do menino achava que o filho era bem cuidado

Apesar de acreditar que Renan estava sendo bem cuidado por Elizeu, o pai do menino, Fábio Ribeiro, agora busca entender o que acontecia na família.

“Eu não sei o que acontecia por trás dos bastidores, que de repente veio à tona assim do nada. Então já devia ter uma frequência, alguém devia estar sendo ameaçado para não falar alguma coisa, então talvez ficavam calados, mãe e filho, e a hora que resolveram abrir a boca, a pessoa calou eles dessa forma.” 

contou Fábio.

Irmãos de Vany cogitam que ela poderia estar passando por alguma situação no casamento, mas que por ser evangélica e temer a separação, não falou sobre isso com ninguém. Fábio ainda relatou que Vany era uma mãe exemplar e muito religiosa. A mulher tinha um canal no Youtube onde cantava hinos da igreja.

“A Vany eu acredito que ela era adorada por milhões de pessoas já, porque ela tem canal no Youtube, ela é evangélica, cantora, tocava órgão, ela era uma excelente mãe, cuidadosa, sempre levava o filho para a igreja, estava ensinando ele a tocar e cantar na igreja, então a Vany era uma mãe exemplar. Vivia dentro da igreja. Aconteceu isso e a gente nem tem como explicar.” 

expôs o ex-companheiro de Vany e pai de Renan.

Para a Polícia Civil, uma das linhas de investigação é de que Renan possa ter tentado defender a mãe após uma discussão do casal relacionada às drogas. “Havia um desentendimento familiar com relação à isso, com relação às drogas, a esposa tinha até um canal gospel, tinha influência religiosa, e não aturava esse tipo de comportamento dele”, disse o investigador Sérgio Klaar. O investigador ainda relatou que o menino, vendo a discussão acalorada, pode ter tentado intervir.

Para o advogado da família de Vany, Igor Ogar, a relação entre Elizeu e o enteado era diferente da que o suspeito tinha com a filha, a menina de dois anos que foi poupada no crime.

“Ele cobrava muito esse menino, era incisivo nas reprimendas também, o que dá, talvez, uma certa explicação, pelo menos uma motivação, do porquê ele praticou o crime contra essa criança e não assassinou a própria filha. Nós também tivemos a informação de que ele era contumaz no uso de entorpecentes, que saia de casa por vezes e ficava mais de semana fora, sem nenhum tipo de preocupação com a família, era um homem que não trabalhava, não ajudava, portanto, a sua família, não estava trabalhando com nenhum tipo de atividade. 

explicou Igor.

Ainda, o advogado argumenta que familiares já haviam percebido que o menino sofria nas mãos de Elizeu. “Eu acredito que essa pessoa, o Elizeu, ele tem duas faces: uma face de um bom cristão e outra fase oculta de um usuário de drogas, que maltratava essa criança. São as informações que já estão inclusive no inquérito, relatadas pelos familiares.” afirmou o advogado Igor Ogar.