Mãe de mulher encontrada em bueiro fala sobre luta para tirar a filha das drogas
A mãe da mulher que foi encontrada presa em um bueiro de cerca de 3 metros de profundidade em Londrina, no norte do Paraná, conversou com exclusividade com a RIC Record TV. Maria Aparecida de Almeida contou que há pelo menos 10 anos luta para tirar a filha do “mundo das drogas” sem sucesso.
A história de Juliana Aparecida de Almeida, de 32 anos, com a dependência química começou cedo. Ela saiu de casa aos 16 anos em busca de liberdade e para viver amor, mas o que encontrou foi a fuga da realidade através das drogas.
“Desde os 16 anos que ela entrou nas drogas, ela casou, ficou um tempo casada. Aí, depois, o segundo marido dela morreu, aí, ela ficou com as meninas, que ela tem quatro filhas. Daí para cá ela só veio afundando nas drogas. Não teve mais saída das drogas para ela”,
relatou a mãe.
Sobre as netas, Maria conta que Juliana teve pouco contato com as filhas após os partos. Foram os avós que passaram a cuidar das netas, mas acabaram perdendo a guarda das crianças. O que, segundo ela, chegou um sofrimento que carrega até hoje. “É muito triste para a gente. Eu já sofri demais pela perda das minhas netas, quatro meninas que ela tinha. Hoje a maior está com 14 anos, foi arrancada de mim com 8. A pequena tinha 2 aninhos. Desse tempo para cá, eu vivo de remédio”, disse entre lágrimas.
Apesar das dificuldades, Maria explicou que ela e o marido tentaram muitas vezes ajudar a filha, mas Juliana preferiu vagar pelas ruas à voltar para casa onde não poderia usar drogas. “Ela falou que dentro de casa não dava para ela ficar, que na rua ela tinha mais liberdade, que se fosse para ela ficar em casa, ela preferia ficar em um presidio”, teria dito a jovem aos pais.
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Da UTI para um bueiro
Assim como inúmeros casos de dependentes químicos, a vida da Juliana foi conturbada e repleta de violência nos últimos anos. Ela chegou a ir para uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) depois que um namorado ateou fogo em seu corpo.
Em um desabafo, Maria falou sobre a dor de ver a filha nessas condições, sobre a angústia de acreditar sempre que o pior vai acontecer e que chegou a achar que Juliana estivesse morta no dia em que ela foi localizada dentro do buraco.
“Para mim que sou mãe é muito triste eu ter que dar essa entrevista porque eu estou arrebentada por dentro. Eu cheguei do culto às 9h30, daí meu filho foi lá e falou: ‘Mãe, você não olha o celular?’. Eu falei assim: ‘Por quê?’. Ele falou: ‘Notícia da Juliana’. Eu já achei: ‘Nossa, a Juliana está morta’. Porque mais cedo eu tinha falado para o pai dela; ‘Olha, Evaldo, eu não sei não, a Juliana está numa situação que eu não sei o que vai acontecer com ela. Eu falei para ele: ‘A Juliana não está nada bem e alguma coisa vai acontecer com ela por esses dias”, disse a mãe.
“Eu nunca imaginava que eu iria ver a minha filha saindo de dentro de um poço daquele jeito que saiu. É muito triste”,
completou Maria.
Já Luiz André de Almeida, irmão de Juliana, disse esperar que o susto possa ajudar a irmã a buscar ajuda e encontrar uma forma de vencer o vício. “Terça-feira, ela veio aqui chorando, falando que queria sair das drogas. Até comentei com ela para ela procurar uma casa de recuperação e ela acabou saindo daqui e a última notícia que nós tivemos foi essa [ela ser encontrada no bueiro]. Então, eu creio que com isso, ela possa olhar e pensar; ‘Eu tenho que mudar de vida, senão esse aqui vai ser meu fim’”.
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Mulher é encontrada em presa em buraco
Na madrugada da última quinta-feira (15), Juliana foi brutalmente agredida, jogada de cabeça para baixo dentro do bueiro e presa no local. Ela foi resgatada apenas 12 horas depois, já durante a tarde, quando um homem em situação de rua denunciou o caso à Guarda Municipal. Além de tamparem o buraco com uma tampa de cimento, os agressores disfarçaram a tampa com galhos e entulhos.
Na ocasião, ela relatou que foi surpreendida com uma pancada na cabeça e já acordou dentro do buraco. A Polícia Civil trata o caso como tentativa de homicídio e acredita que ela tenha sido agredida em uma casa abandonada frequentada por usuários de drogas que fica nas proximidades.
“Ela está um pouco confusa, por isso, a informação anda mudando. Ela relatou que foram cinco homens e duas mulheres que a teriam espancado. Então, tomaram R$ 50 dela e também um aparelho de celular e jogaram ela naquele buraco. Ela também tem uma dependência em drogas e acreditamos que possa estar relacionada com o fato”,
explicou o delegado João Batista Reis.