“Minha vida acabou”, diz mãe de menino de 3 anos morto após abuso sexual; padrasto está preso
A mãe do menino de três anos que morreu após ser abusado sexualmente em Cianorte, no noroeste do Paraná, na manhã desta quinta-feira (25), conversou com a equipe da RIC Record TV. Durante a entrevista, Ana Paula Matos afirmou que nunca havia desconfiado do marido, Jhonatan Veloso Cavalcante, de 30 anos, que está preso como principal suspeito do crime.
O casal vivia junto há um ano, no entanto, apesar de não ter suspeitado que o companheiro maltratasse o enteado, ela afirma que o pequeno Cristofer Matos tinha muito medo do padrasto. “Ele reclamava que o padrasto colocava ele de castigo, sabe. Ele morria de medo. Algumas vezes ele era meio agressivo, só que depois ele começou a mudar e não mostrava mais esse tipo de pessoa. Eu não sabia. Eu não imaginava que ele era esse monstro”, disse a mãe abalada.
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Ana ainda contou que em momento algum notou ferimentos no filho e que, inclusive, na noite de quarta-feira (24), a criança não apresentava nenhuma marca. “Ontem não tinha nada, não tinha nenhum arranhão nele. A não ser um roxinho nas costas que ele tinha caído uns dias atrás já. Mas ontem eu dei banho nele e ele estava normal. Ele estava perfeito”, contou.
A avó materna, Neide Matos, confirmou a versão: “Ontem ele estava perfeito, ele só amanheceu roxo hoje de manhã que eu vi ele lá. Eu vi ele lá, estava bem machucado. Quando eu vi, eu nem acreditei.”
“É muito difícil pensar que eu vou chegar todo dia em casa e não vou ver ele mais. Eu não tô acreditando ainda. Minha vida acabou. A médica falou que ele foi abusado. Só que ele [o padrasto] começou a fazer isso depois que eu comecei a trabalhar porque antes o meu filho ficava só comigo. Eu quero justiça só. Justiça pela vida do meu filho porque eu sei que nada vai trazer ele de volta”, desabafou a mãe do menino aos prantos.
Cristofer ficava sozinho com o padrasto entre às 4h30 da madrugada, quando Ana Paula saía para trabalhar, e às 7h, horário em que a avó Neide assumia os cuidados do neto.
O caso
No início da manhã desta quinta-feira, por volta das 6h, Jhonatan levou o enteado até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) alegando que ele estaria passando mal. A criança chegou ao local em parada cardiorrespiratória e a equipe médica tentou reanimá-lo por cerca de 30 minutos, mas não teve sucesso.
A Polícia Militar foi acionada depois que a equipe da UPA percebeu claros sinais de agressão na criança, que tinha hematomas nos pés, na barriga e no tórax, além de laceração no ânus, que confirma que o menino foi violentado sexualmente.
“Na análise da criança durante o atendimento ficou absolutamente constatado a escoriação na glande do menino e também a laceração no anus. O que é comprobatório da violência sexual”,
explicou Elias Ariel de Souza, secretário de Defesa Social do município.
O corpo do menino foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), que deve apurar todas as lesões.
A mãe e o padrasto prestaram esclarecimentos na Delegacia da Polícia Civil de Cianorte ainda durante a manhã. Jhonatan acabou detido em flagrante, mas precisou ser transferido para outra delegacia da região porque os presos se revoltaram com o crime.
De acordo com o delegado Carlos Gabriel Gomes, responsável pela investigação, ele nega que tenha abusado sexualmente do enteado. “Ele relatou que acordou, encontrou a criança já passando mal. Segundo ele, a criança já estava passando mal desde ontem com vômitos e diarreia. Algo que não foi confirmado seja pela avó, pelo tio ou pela mãe. Avó e tio moram na casa em frente, no mesmo terreno, e eles moravam nos fundos. E hoje quando ele acordou percebeu novamente a criança mal, tentou dar um banho nela, piorou e de repente a criança acabou desmaiando e foi então que ele pediu socorro para que fosse transportado até a UPA. O que foi feito pelo tio da criança, cunhado dele.”
O caso segue em investigação.