Testemunhas apontam que pai era violento e reforçam suspeita de maus-tratos de bebê

por Daniela Borsuk
com Nader Khalil | RIC Record TV
Publicado em 23 abr 2021, às 14h08. Atualizado às 14h09.

O Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria) está investigando a morte do bebê João Wesley de Lara, de apenas 10 meses, que faleceu no dia 2 de março. No laudo do Hospital Evangélico, onde a criança estava internada desde o dia 28 de fevereiro, a equipe informou que a criança teve morte encefálica, apresentava sangramento na cabeça, hematomas pelo corpo, uma possível fratura no braço e fissuras anais.

Com a suspeita de maus-tratos, a polícia começou a investigar o caso. Conforme informações da delegada Patrícia Nobre, do Nucria, a criança poderia estar sendo vítima de violência.

“Veio do hospital a informação de que ele possuía fraturas antigas àquelas em que ele de fato veio a óbito, então é uma investigação possivelmente de uma situação muito grave envolvendo um bebê que sequer podia manifestar algum sentimento de dor, que sequer poderia verbalizar estar sendo vítima de algum tipo de crime”. 

Descreveu Patrícia.

Além disso, duas testemunhas que conversaram com a equipe da RIC Record TV Curitiba e não quiseram se identificar, afirmaram conhecer de perto a rotina dos pais do bebê e afirmaram que a convivência era marcada pela violência. As mulheres contaram que João Wesley tinha muito medo do pai e que chorava sempre que o homem se aproximava.

“Ele colocava panos de prato na boca do menino quando o menino tava chorando, ele passava a barba para irritar o menino, batia na orelha do menino”. 

Disse uma das testemunhas.

As testemunhas ainda afirmaram que a mãe do bebê e os avós do homem também eram agredidos quando ele usava drogas. Uma das testemunhas contou que ele fazia uso de cocaína praticamente todos os dias, sempre que tinha condições de comprar a mercadoria. Os avós do homem inclusive já fizeram um Boletim de Ocorrência contra ele por violência doméstica e pediram uma medida protetiva, concedida em novembro de 2020.

A avó materna do bebê contou que a filha tinha contado sobre agressões sofridas por ela e que tentou fazer com que a filha se separasse, mas que ela acabou voltando para o relacionamento.

Bebê é internado

Os bisavós de João Wesley contaram que o casal tinha tido uma briga na noite do dia 27 de fevereiro, quando a mãe do bebê decidiu sair de casa por volta da meia noite. Mais tarde, na madrugada do dia 28, a mulher recebeu uma ligação do marido dizendo que o filho tinha passado mal e precisava de atendimento médico.

O casal levou João até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Tatuquara, onde ele chegou desacordado e deu entrada às 2h28. O relatório de uma enfermeira da unidade fala que o menino estava com um ferimento no rosto, no lábio superior. Ele foi transferido para o Hospital Evangélico por volta das 5h, onde foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Apesar dos esforços da equipe, o bebê não resistiu aos ferimentos e teve morte encefálica no dia 2 de março.