VÍDEO: Cadela é morta a tiro em Curitiba, 'acusada' de comer os ovos das galinhas do vizinho
A Polaca era uma cadelinha vira-lata que estava feliz, amamentando seus quatro filhotes de menos de 20 dias e sendo bem tratada pela dona, a Viviane Calionis, de 32 anos. Mas acabou pagando por um “crime” que, segundo sua dona, ela não cometeu. Ela foi morta a tiro, “acusada” de invadir o terreno vizinho para matar as galinhas e comer os ovos. O crime ocorreu por volta das 16h desta terça-feira (12), Dia das Crianças, na Rua Augusto Beck, bairro CIC, em Curitiba.
Viviane conta que foi ao mercado com o seu filho e, quando voltou, já notou a cadela deitada perto do rio. Desconfiou que ela não estava bem e, ao chegar perto, viu o buraco na barriga do animal. Quando chamou seu marido, ele disse que tinha mesmo escutado um barulho de tiro, mas não notou que tinha atingido um animal da propriedade.
Conforme a tutora, o vizinho há tempos estava acusando Polaca de invadir a propriedade dele para estragar com plantas e comer os ovos das galinhas. Então o marido de Viviane já desconfiou que tinha sido coisa do vizinho e foi lá tirar satisfações. Segundo ela, assim que seu marido perguntou quem fez aquilo, um dos moradores levantou-se da cadeira e prontamente disse “fui eu”.
“Ele partiu pra cima do meu marido, que deu um chute nele e o homem caiu de volta na cadeira. Esse vizinho já matou alguns animais meus, fiquei quieta, deixei passar. Mas agora passou do limite e estamos recebendo ameaça, que ele tá mandando uma pessoa aqui armada para nos matar”,
disse Viviane, com medo.
Ela ainda contou que o vizinho acusou injustamente Polaca do “crime” de matar outros animais e comer ovos das galinhas na propriedade.
“Eu tenho vários bichos aqui no meu sítio, porque gosto dos bichinhos. Cuido bem de todos. Polaca era o meu xodó. Uma vez estes vizinhos pediram que não deixássemos nossos bichos soltos, pra não estragar as plantações deles. Nós entendemos a necessidade deles e desde então deixamos nossos bichos presos dentro do terreno, ou amarrados. Cuidamos, não deixamos escapar. Problema é que ele mesmo é quem pegou dois cães, sei lá de onde, e são esses cachorros dele mesmo que estão comendo os ovos no terreno, não a minha Polaca”,
reclamou Viviane.
Depois da discussão com o vizinho, ela conta que ficou meio perdida, sem saber o que fazer. Deu paracetamol para Polaca, ainda viva, pra amenizar a dor, e começou a telefonar à polícia. Aí ela diz que passou por novo tormento.
Atendimento negado
A tutora da Polaca disse que primeiro ligou para o telefone 190, da Polícia Militar, para pedir uma viatura no local. Mas, na versão dela, os policiais disseram que não podiam fazer nada em relação ao assunto. Viviane ainda insistiu, afirmando que estava com medo porque o vizinho permanecia armado e eles estavam com receio que houvesse mais briga e mais tiros. Mas, segundo ela, os policiais reforçaram que não poderiam fazer nada e foram grosseiros ao telefone.
“Será que estão esperando o vizinho atirar em mim pra virem aqui?”,
esbravejou ela.
Viviane disse que insistiu, ligando para o 181, onde recebeu a mesma orientação e os policiais teriam sido ainda mais grossos. Ela disse que também ligou para o 153, da Guarda Municipal de Curitiba, que a orientou a ir a uma delegacia prestar queixa.
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“Mas hoje é feriado, as delegacias todas fechadas, eu nem sabia pra onde ir. Vi que a Polaca estava piorando e pedi ajuda num grupo de Facebook, para pelo menos pra ver se conseguia ajuda pra custear veterinário, porque estou sem dinheiro algum”,
disse ela.
A tutora até consegui veterinário. Porém a ajuda não chegou em tempo. Polaca morreu em seguida.
“É uma vidinha, que eu tinha muito amor por ela. Eu a resgatei de uma situação de maus tratos, de um terreno onde o homem abandonou ela amarrada passando fome há dias. Eu trouxe, eu cuidei. Tenho outro cão mais velho, de raça, o Thor, que também é meu amorzinho. Como já está velhinho, deixei ele cruzar com a Polaca porque eu queria ter filhotinhos dele quando fosse embora. Estávamos todos felizes aqui. Agora tem quatro filhotinhos que ainda estavam mamando na Polaca e que estão aqui chorando de fome, sem a mãe pra amamentarem”,
relatou Viviane aos prantos.
A mulher conta que já resgatou vários animais de rua, cuidou de todos, deu atenção, carinho. Tem outros animais de criação no sítio e diz que faz porque gosta dos animais. Os cães que ela ainda tem no sítio estão na fila, aguardando por castração.
O delegado Matheus Laiola, da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) de Curitiba, informou que já está ciente do caso e iniciou o atendimento à família na noite desta segunda-feira (12).
O RIC Mais pediu um posicionamento à Polícia Militar, sobre o atendimento grosseiro nos telefones 190 e 181 e a negativa de uma viatura no local. Esta matéria está sendo publicada sem tempo hábil para que a PM responda. Porém o espaço permanece aberto à versão que a PM tem do ocorrido.
Assista o desespero de Viviane, quando viu Polaca ferida a tiro: