Caso Magó: vídeo mostra suspeito deixando local da cachoeira após o crime
O principal suspeito de envolvimento na morte da bailarina Magó, em uma cachoeira na cidade de Mandaguari, foi preso nesta sexta-feira (28). Pouco mais de um mês após o crime, Flávio Campana foi detido em casa, em Apucarana, e levado para a Delegacia de Maringá. Em novo depoimento, o homem apresentou uma versão diferente e alegou que teve relação sexual com a vítima, porém de maneira consentida.
Além disso, o Grupo RIC conseguiu uma imagem de Flávio deixando o local da cachoeira no dia do crime. Por volta das 18h do dia 25 de janeiro, o suspeito foi flagrado trafegando com uma motocicleta, com o pneu furado.
Um amigo do suspeito chegou a relatar que estava com ele na cachoeira, entretanto, Flávio foi embora sozinho pois estava com problema no veículo. Assista ao vídeo abaixo:
Suspeito se contradiz em novo depoimento
O delegado da Delegacia de Homicídio de Maringá, Diogo de Almeida, revelou detalhes sobre o novo depoimento de Flávio Campana. De acordo com a investigação, desta vez o homem confirmou que encontrou com Magó na cachoeira e manteve relações sexuais, mas continua negando o homicídio.
“Ao ser confrontado com o exame de DNA, ele (Flávio), juntamente com o advogado, acabou confirmando que teve relação sexual com a Maria Glória (Magó). Só que ele alega que teria sido uma relação sexual consentida, apesar do laudo ali determinar que houve uma violência sexual […] Mas nega que tenha cometido o homicídio contra ela”, contou Almeida.
Ainda de acordo com o delegado, o suspeito já utilizou desta estratégia no crime que foi acusado em 1998, por estupro, na cidade de Rio Bom. Na ocasião, Flávio também alegou que a vítima tinha consentimento sobre o fato.
Para Almeida, não há dúvidas sobre a participação de Flávio nos crimes. “Juntando o fato dele já ter antecedente criminal por estupro, juntando também o fato dele ter lesões características de serem produzidas por uma luta corporal, e somado a isso, mais a prova cabal do DNA, para nós, não temos dúvidas que ele está sem envolvido nestes crimes”, informou.
O suspeito foi identificado após o resultado dos exames realizados pelo Instituto Médico Legal (IML). Pela condição de Inclusão de Verossimilhança, Flávio Campana, de 40 anos, foi apontado como dono no material genético encontrado nas partes íntimas da vítima.
Após a análise, o perfil genético de Flávio Campana foi incluído no Banco de Perfis Genéticos da Polícia Científica do Estado do Paraná. Em caso de ocorrência de novas coincidências, a autoridade solicitante poderá prontamente ser comunicada por meio de um laudo pericial.
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Prisão do suspeito
O homem foi tratado como um dos principais suspeitos desde o início das investigações, quando apareceu junto com um amigo em fotografias fornecidas por socorristas que estavam na cachoeira em Mandaguari, onde a Magó foi morta. No início de fevereiro, ambos prestaram depoimento e tiveram seus materiais genéticos coletados para comparação com o sêmen encontrado na vítima. Para a polícia, o resultado do laudo que saiu nesta quinta-feira (27) não deixa dúvidas sobre a autoria do feminicídio.
“O laudo foi bastante conclusivo no sentido de apontar que foi verificado material genético tanto na calcinha da vítima como na vagina dela correspondente ao material genético desse suspeito que nós prendemos. Para nós não há dúvida nenhuma de que ele praticou esse crime. Nós representamos pela prisão temporária dele, a Justiça decretou, logo em seguida a gente recebeu esse laudo dando positivo, ou seja, corroborando toda nossa linha de investigação desde o início, que eu e o dr. Neri estávamos levantando apontando ele como principal suspeito desse crime bárbaro cometido contra a Magó. O laudo é conclusivo em 100%”, explica o delegado Diego Elias de Almeida.
Conforme o delegado Zoroastro Neri do Prado, na ocasião em que foram ouvidos na delegacia, Flávio apresentava várias lesões pelo corpo que davam indícios de luta corporal, inclusive, uma delas se assemelhava a uma mordida. “Durante o depoimento dele a gente percebeu essas lesões. Ele falou que eram em decorrência do trabalho dele, mas são lesões que nos chamaram a atenção porque eram compatíveis com unha, com a defesa em forma linear”, diz. Neri do Prado completa ainda que mesmo diante das provas, o suspeito nega o crime: “Sempre negou que até viu essa jovem lá, mas diante da prova, do exame de DNA, não tem como negar, é uma prova inconteste”.
Flávio teve a prisão temporária de 30 dias decretada. Antes do vencimento do prazo, ela poderá ser convertida em temporária, ou seja, sem prazo determinado. Ele está detido na delegacia de Maringá.
O crime
Maria Glória foi levada pela mãe até uma chácara em Mandaguari, no início da tarde de sábado (25), para ficar sozinha, rezar e se conectar com a natureza. Ela fazia parte de um grupo chamado ‘Memória Ancestral Tribo da Lua’ e iria honrar São Sebastião. O combinado era buscá-la na tarde de domingo (26).
No entanto, a jovem foi vista pela última vez por volta das 16h30 de sábado (25), antes mesmo de montar acampamento. Sua barraca e seus pertences foram encontrados jogados perto de um portão por volta das 17h e, na sequência, uma equipe da equipe da Defesa Civil que fazia treinamento na chácara realizou duas buscas para tentar localizá-la, aproximadamente às 18h e às 19h de sábado.
Magó só foi encontrada pela própria irmã, no início da tarde de domingo, a cerca de 10 metros de uma das trilhas principais nas proximidades de uma cachoeira, que fica a cerca de 800 metros da sede chácara. Ela estava com a própria calcinha enrolada no pescoço.
Nesse espaço de tempo, entre o desaparecimento e sua localização, além das buscas feitas no sábado, na manhã de domingo várias pessoas passaram pelo local enquanto faziam um passeio na natureza, contudo, ninguém viu o corpo da bailarina.
Laudos periciais apontaram que a jovem maringaense foi estuprada e morta por asfixia, causada por estrangulamento com a peça íntima, que foi usada como uma espécie de torniquete. Ela também apresentava várias marcas pelo corpo, o que aponta que lutou contra o agressor.
O fato do local onde Magó foi morta ser um lugar aberto, com várias entradas e trilhas que levam até a cachoeira e não somente pela chácara de onde ela desapareceu, foi uma das principais dificuldades encontradas pela polícia para a identificação de possíveis suspeitos.
O caso é investigado por uma força-tarefa das Polícias Civis de Mandaguari e Maringá. Até o momento, mais de 50 pessoas prestaram depoimento.
Após o resultado dos exames do Instituto Médico Legal (IML) foi identificado material genético de Flávio Campana, de 40 anos, no corpo de Magó. No dia 28 de fevereiro, o principal suspeito foi detido em casa, em Apucarana e transferido para a delegacia de Maringá.