Esse deveria ser um final de semana com pessoas nas ruas e muitas cobranças nas redes sociais após a aprovação do aumento do número de cadeiras da Câmara dos Deputados, afinal, segundo dados do levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, 76% dos brasileiros são contrários a essa aprovação – e eu também te desafio a achar alguém que não seja parlamentar e faça parte dos outros 24%.

Só que a descrença da população é tanta que perdemos a capacidade de nos indignar com as notícias que chegam de Brasília, ninguém acredita que seja possível mudar algo para melhor através da politica – e talvez isso seja ainda mais preocupante.
Os parlamentares sabem e se aproveitam disso. Aprovam pautas impopulares sem nenhum pudor. Nestas votações não tentam nem enganar, não há ideologia, muito menos tentativa de justificar votos. Não importa se são de direita ou esquerda… a aprovação no aumento de deputados veio com votos de partidos e parlamentares dos mais diversos grupos políticos.
Lá no congresso nacional, tentou-se atribuir ao STF a responsabilidade “negativa” por uma suposta obrigatoriedade de tomada de decisão. Mas, ao menos dessa vez, a culpa não é dos ministros que apenas definiram uma data limite (30/06) para a atualização da divisão das vagas segundo os dados mais recentes do censo de 2022 do IBGE.
Só que esta atualização poderia muito bem ter sido resolvida com a redistribuição das já muitas 513 vagas. Chegaremos a 531, com a mudança passando a valer na próxima legislatura.
Em meio a semanas de discussões de necessidade de cortes de gastos no país, parece não haver um adulto na sala em Brasília para trazer todos de volta à realidade. E eles logo já pensaram numa forma de, ao menos, dificultar que a redistribuição ou a revisão das cadeiras aconteça em um futuro próximo. O projeto, de autoria da deputada Dani Cunha (União-RJ), incluiu um parágrafo que prevê que nenhum estado pode ter menos deputados do que tinha na eleição anterior daqui pra frente. Afinal, quanto mais vagas, menos votos eles precisam para se eleger nos seus estados.
E assim nós, que já sustentamos o segundo Legislativo mais caro do planeta – cada um dos parlamentares custa mais de US$ 7 milhões por ano – só ficamos imaginando onde essa conta vai parar.
No início, o presidente casa, Hugo Motta (Republicanos-PB) falava que não haveria aumento de gastos já que os “apenas” R$ 64,6 milhões a mais por ano seriam arcados com verba do “próprio orçamento” da casa… mas até parece que alguém esqueceu de avisá-lo que o orçamento do congresso só tem uma fonte: o nosso bolso! Já diria Margaret Thatcher: “Não existe dinheiro público; existe apenas o dinheiro dos pagadores de impostos.”
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Mas também não para por aí, pois segundo um levantamento da Agência Pública, o valor na verdade será muito maior por causa do efeito cascata de novas cadeiras que são automaticamente abertas nas assembleias estaduais e de mais emendas individuais, elevando a despesa para R$ 845 milhões anuais. Isso sem levar em consideração – fazendo um exercício de futurologia- uma provável reforma que depois eles vão solicitar para acomodar os novos parlamentares
Enquanto isso, para os parlamentares a opinião do eleitor que fica apenas como espectador, e é claro financiador disso tudo também já pouco importa. A não ser que estejamos em ano eleitoral… aí eu tenho certeza que todos seremos “lembrados” por eles, afinal o espectador só ganha voz quando vale voto.
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