Acampamento bolsonarista se mantém em Brasília e incomoda equipe de Lula
A menos de cinco dias da posse de Luiz Inácio Lula da Silva, o acampamento bolsonarista montado nas imediações do quartel-general do Exército em Brasília se mantém mobilizado e incômoda a equipe de transição e em ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Uma estrutura com banheiros químicos, geradores de energia e espaços de alimentação e descanso estava em funcionamento ao lado de faixas que pediam a ilegal intervenção dos militares contra o que consideram um resultado fradulento das eleições.
Os sinais de vigor no local contrastavam com as declarações de integrantes do governo de transição e do governo do Distrito Federal, que vem afirmando esperar uma desmobilização, a princípio “voluntária”, dos manifestantes antes de domingo (1°), dia da posse do presidente eleito Lula.
A pressão pelo fim da manifestação cresceu ainda mais nesta semana depois da prisão de um suspeito que afirmou em depoimento ter formulado com frequentadores do local um plano de tentar detonar uma bomba em Brasília com o objetivo de desencadear atos de violência extremista para impedir a posse de Lula –o artefato explosivo foi apreendido pelas autoridades.
Além disso, segundo investigações de forças de segurança pública, foi de lá que partiram frequentadores ou acampados que promoveram vandalismo na cidade em 12 de dezembro, dia da diplomação de Lula pelo Tribunal Superior Eleitoral, com depredação de patrimônio público, queima de carros e ônibus pelas ruas. Ninguém foi preso até o momento por esses atos.
Perímetro militar
No governo de transição, onde os episódios obrigaram à revisão dos protocolos de segurança para a posse no domingo (1°), é o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, quem tenta imprimir um tom mais duro contra a mobilização. Dino disse que, caso não aconteça uma saída voluntária do local até esta quinta-feira (29), pode haver “uma desocupação compulsória”.
No Supremo ao menos dois ministros defendem também uma imediata desmobilização dos acampamentos, além de uma investigação de eventuais financiadores de quem permanece nesses locais, segundo duas fontes ouvidas recentemente.
O futuro ministro da Defesa, José Múcio, escalado por Lula para aplacar a tensão com setores militares, que participaram maciçamente do governo Bolsonaro, afirmou que o movimento é majoritariamente “pacífico” e evitou falar em remoção.