O Procurador da República, e ex-chefe da operação Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, concedeu nesta sexta-feira (19), a primeira entrevista após o fim da força-tarefa. Quase dois meses depois da extinção da operação, Dallagnol avaliou como positivo o resultado das operações, discordou da decisão de Fachin de anular as condenações de Lula e também revelou que não teme ser preso.
“Não tem nada de errado, não existe qualquer fundamento”,
disse Dallagnol, sobre comentários de possíveis investigações contra ele e o ex-ministro Sergio Moro.
Apesar de avaliar como positivo o resultado de quase sete anos de atuação da Lava Jato, que recuperou mais de R$ 5 bilhões de dinheiro da corrupção, Dallagnol deixou claro que o trabalho foi interrompido e que poderia revelar mais crimes de corrupção no país.
“Tivemos uma ação muito consistente, mas não fizemos tudo aquilo que gostaríamos. Não alcançamos tudo aquilo que é necessário para atacar a corrupção nas raízes aqui no Brasil, mas a Lava Jato lançou sua semente. Essas sementes plantadas, como gotas de chuva que se reúnem e fazem rios, podem promover transformação. Rios são difíceis de conter. Hoje, 80% da população brasileira quer o avanço das investigações de combate a corrupção”,
comentou o Procurador da República.
Ao responder sobre pessoas que atacam os trabalhos feitos pela Lava Jato, Dalagnol foi incisivo e reforçou que todas as investigações estavam dentro da lei.
“Todos os crimes identificados, te falo uma série de fatos, detalhamos todos os dados. Mas quando são acusações contra a Lava Jato, são genéricas, infundadas, sem base e provas. Os dados desmentem isso (as acusações)”,
declarou.
Com o fim da força-tarefa, Dallagnol comentou que o futuro agora está nas mãos dos brasileiros, que devem escolher bem os representantes políticos. “O voto tem que ser consciente, em pessoas com passado limpo, que apoiem a democracia e sejam anticorrupção”, disse.